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5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.8 CENÁRIO DAS ATIVIDADES PRÁTICAS X EXPERIMENTOS REMOTOS

Na escola pública de ensino técnico integrado (IFSULDEMINAS - Campus Inconfidentes) onde os questionários foram aplicados, verificamos que há quatro laboratórios específicos de Biologia, são eles: Laboratório de Zoologia, Botânica, Anatomia e Biologia Celular. Estes laboratórios são destinados para atividades do ensino médio e ensino superior.

Além disso, o Campus possui acesso aberto à internet disponível para todos os alunos e servidores.

Dentro deste contexto, primeiramente aplicamos um questionário (APÊNDICE A), para verificar a frequência de atividades práticas de Biologia desenvolvidas nos dois primeiros anos do ensino técnico integrado. Entendemos que estas turmas do 1º e 2º anos, estão mais propensas para o desenvolvimento de atividades práticas, em contrapartida das turmas do 3º Ano, percebe-se como um dos principais focos de estudo - o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e os vestibulares.

Analisando os resultados dos 282 questionários respondidos pelos alunos, é possível verificar uma baixa frequência da utilização dos laboratórios de Biologia (Figura 48), mais de 60% dos alunos disseram ter desenvolvido alguma atividade pelo menos uma vez no ano letivo nestes laboratórios. Mesmo quando consideramos o desenvolvimento de experimentos práticos, sendo que estes podem ocorrer em outros espaços, além dos laboratórios temos ainda uma porcentagem baixa de realizações destes experimentos. Cerca de 50% dos alunos disseram ocorrer estas atividades de cunho mais prático poucas vezes ao ano (Figura 49), como também de atividades práticas de Biologia (Figura 50).

Figura 48 - Gráfico gerado a partir das 282 respostas das 12 turmas dos 1º e 2º anos do ensino técnico integrado do Campus Inconfidentes, para a pergunta 1 do questionário 1.

Fonte - o autor (2018).

98  

174  

10  

Durante as aulas de Biologia, com qual frequência o professor têm trabalhado no laboratório de Biologia?

Pelo menos 1 vez por mês

Pelo menos 1 vez por semestre

Pelo menos 1 vez por ano

Figura 49 - Gráfico gerado a partir das 282 respostas das 12 turmas dos 1º e 2º anos do ensino técnico integrado do Campus Inconfidentes, para a pergunta 3 do questionário 1.

Fonte - o autor (2018).

Figura 50 - Gráfico gerado a partir das 282 respostas das 12 turmas dos 1º e 2º anos do ensino técnico integrado do Campus Inconfidentes, para a pergunta 2 do questionário 1.

Fonte - o autor (2018).

Situação semelhante foi evidenciada nos gráficos anteriores, sendo relatada por 22 acadêmicos do 6º e 8º períodos do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, estes futuros professores mencionaram que há pouca frequência de atividades e experiências práticas em sala de aula ou em laboratórios.

O aspecto da pouca valorização de atividades práticas e da experimentação na Escola, pode ser relacionado a vários aspectos como: quantidade de alunos por turma, tempo gasto no deslocamento das turmas até os laboratórios, tempo de preparação destas atividades diferenciadas, como também a formação inicial destes professores para trabalhar as atividades

22   54  

130   76  

Os professores têm trabalhado com experimentos práticos que envolve os conteúdos de Biologia?

Pelo menos 1 vez por mês

Pelo menos 1 vez por semestre

Pelo menos 1 vez por ano

Nunca

11   54  

195   22  

Os professores de Biologia têm trabalhado atividades práticas em sala de aula?

Pelo menos 1 vez por mês

Pelo menos 1 vez por semestre

Pelo menos 1 vez por ano

práticas de forma contextualizada. Outros trabalhos relatam estas evidências para justificar a baixa utilização dos laboratórios e atividades práticas (BINSFELD; AUTH, 2011; MARANDINO et al., 2009; PEREIRA, 2010), já que a parte estrutural não é um problema para a instituição de ensino, que possui quatro laboratórios específicos para atividades práticas, conforme já descrito.

Resultados semelhantes foram descritos por Maldaner (2000, p.176), ao afirmar que: A existência de um espaço adequado, uma sala preparada ou um laboratório, é condição necessária, mas não suficiente, para uma boa proposta do ensino de química. Este espaço existe geralmente nas escolas e é, muitas vezes, mal aproveitado pelos professores, fruto de sua preparação inicial.

Para entender o cenário de possibilidades existente na realidade investigada, em relação ao desenvolvimento de atividades práticas, foi perguntado aos alunos se algum dispositivo eletrônico com acesso à internet é utilizado para realizar atividades de Biologia. Cerca de 80% de todos os alunos das turmas analisadas, disseram que nunca utilizaram o computador e/ou o celular para desenvolver atividades práticas de Biologia (Figura 51) e 100% dos alunos não tinham trabalhado com experimentos remotos.

Estas últimas duas perguntas foram feitas também aos docentes, sendo que dois disseram que nunca trabalharam com dispositivos eletrônicos para práticas de Biologia, e um docente relatou utilizar os dispositivos para: "pesquisas em bases de dados, visualização de estruturas celulares, relações ecológicas e aspectos anatômicos e fisiológicos" (relato do docente do IFSULDEMINAS-Campus Inconfidentes).

Figura 51 - Gráfico gerado a partir das 282 respostas das 12 turmas dos 1º e 2º anos do ensino técnico integrado do Campus Inconfidentes, para a pergunta 4 do questionário 1.

Fonte - o autor (2018).

22   43  

217  

O computador e/ou celular é utilizado para realizar atividades práticas de Biologia?

Pelo menos 1 vez por mês

Pelo menos 1 vez por semestre

Os dados apresentados sobre a disponibilidade de laboratórios de Biologia da instituição de ensino (IFSULDEMINAS) em que se realizou o projeto, se apresenta em situação privilegiada e tem grande potencial pedagógico, comparado ao cenário nacional de Escolas divulgado pelo INEP (2017) que possuem laboratórios de Ciências ou Biologia. Contudo, essa disponibilidade não se efetiva na frequência de atividades práticas laboratoriais. Fica evidenciado, ao se analisar as respostas ao Questionário 1 (APÊNDICE A), que pouco se realiza este tipo de aula na instituição. Desse modo, verificamos que há necessidade dos professores refletirem mais sobre as atividades experimentais em sua prática de ensino. Resultados semelhantes ao encontrado foram relatados por Moreira e Diniz (2003) avaliando a estrutura do laboratório de Ciências e a relação dos professores com as atividades práticas da Escola Estadual Cardoso de Almeida, na cidade de Botucatu/SP.

Sabemos e pudemos notar que a organização do laboratório de Ciências ou Biologia das instituições de ensino, assim como o preparo de experimentos, demanda muito tempo. No entanto, cabe lembrar da importância e necessidade do desenvolvimento de atividades que proporcionem condições de educar para a Ciência, isto posto, contribuirá para a formação de alunos críticos, dotados de instrumentos para compreender, intervir e se posicionar perante as modificações e transformações que ocorrem na Ciência. Um possível caminho seria uma maior utilização dos recursos tecnológicos disponíveis, levando em conta o trabalho proposto nesta tese e que poderiam auxiliar o docente nestas atividades, amenizando assim, possíveis adversidades recorrentes do trabalho diário do docente, como também sobre possível falta de infraestrutura física, quando for o caso.

Ainda sobre as reflexões produzidas por Moreira e Diniz (2003) na Escola Estadual Cardoso de Almeida, os autores expõe o fato de que um importante instrumento pedagógico pode estar sendo subutilizado nas escolas, por diversas dificuldades como as já relatadas neste trabalho na seção 2.2. Todavia a diversidade de ferramentas tecnológicas para assistir o docente nas atividades experimentais, como os experimentos remotos desenvolvidos neste trabalho podem favorecer para viabilizar a implantação da concepção de educação científica, expressa em alguns documentos norteadores (DCNEM e nos PCNEM ) para o ensino médio, ao afirmarem que:

Uma concepção assim ambiciosa do aprendizado científico-tecnológico no Ensino Médio, diferente daquela hoje praticada na maioria de nossas escolas, não é uma utopia e pode ser efetivamente posta em prática no ensino da Biologia, da Física, da Química e da Matemática, e das tecnologias

correlatas a essas ciências. Contudo, toda a escola e sua comunidade, não só o professor e o sistema escolar, precisam se mobilizar e se envolver para produzir as novas condições de trabalho, de modo a promover a transformação educacional pretendida (BRASIL, 1999, p. 208).

É válido ressaltar, então, que mesmo onde não existem todos os recursos estruturais necessários, também é possível realizar atividades experimentais adequadas a tal realidade. Desde que haja mudanças, tanto nas abordagens e práticas pedagógicas, como nos recursos tecnológicos utilizados e disponibilizados no ambiente escolar. Como também no preparo de professores para o uso de tecnologias da informação e comunicação (TICs).

Este estudo se alinha com esta percepção, bem como com o trabalho de revisão bibliográfica de Santos, Fernandes e Silva (2017), que apontam um ganho com a utilização de laboratórios virtuais e remotos em quase todos os estudos analisados. Chama a atenção ainda o fato da melhora indicada nestes trabalhos estarem associadas principalmente ao aprendizado conceitual do aluno, bem como ao aumento na motivação em aprender e no interesse pela disciplina.