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O cenário feminino brasileiro

No documento monicacristinamarzullodefreitas (páginas 39-43)

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.2. DOENÇAS NEOPLÁSICAS ASSOCIADAS À TRANSIÇÃO ETÁRIA

2.2.2 O cenário feminino brasileiro

Em nosso país, cuja herança paternalista ainda persiste, as mulheres, especialmente as idosas, oriundas de gerações anteriores, apresentam características particulares que determinam seu processo saúde-doença e que merecem atenção (BASÍLIO; MATTOS, 2008).

Em relação à mortalidade proporcional entre as mulheres brasileiras de todas as idades, de acordo com localização primária do tumor (exceto tumor de tireóide), o Instituto Nacional de Câncer (c2011) sugere, entre os anos de 1999 a 2003 e 2004 a 2008, o câncer de mama em primeiro lugar durante todo o período analisado. Em segundo lugar, os tumores de traqueia, brônquios e pulmões, que vêm aumentando seus índices de mortalidade progressivamente, assim como nos países desenvolvidos. Em terceiro, também aumentando sua participação na mortalidade por câncer entre as mulheres, os tumores de cólon e reto. O câncer de colo de útero, apesar de ocupar o quarto lugar, é o único que vem apresentando declínio na mortalidade proporcional ao longo dos períodos estudados. A Figura 12 ilustra as estatísticas.

Figura 12 – Distribuição proporcional do total de mortes por câncer, segundo

localização primária do tumor, em mulheres, Brasil, para os períodos entre 1999- 2003 e 2004-2008

Fonte: Instituto Nacional de Câncer (c2011)10

Em relação às regiões do país, tem-se que somente o Sul do país repete o mesmo ranking nacional de mortalidade para os períodos compreendidos entre 1999-2003 e 2004-2008.

Na região Centro-Oeste, durante todos os períodos analisados, o câncer de mama manteve-se em primeiro lugar, ao passo que os tumores de traqueia, brônquios e pulmões passaram da terceira para a segunda classificação, ultrapassando o de colo do útero.

No Nordeste, durante todo o período compreendido entre 1999 e 2008, o câncer de mama foi o maior desencadeador de mortes entre todos os tipos de câncer entre as mulheres. Em segundo lugar, o câncer de colo de útero e, em terceiro, traqueia, brônquios e pulmões.

Na região Sudeste, tem-se a seguinte classificação: mama em primeiro lugar, seguido do câncer de cólon e reto e, em terceiro, traqueia, brônquios e pulmão.

Finalmente, ao contrário das outras regiões brasileiras, o Norte apresentou, durante todo o período compreendido entre 1999-2008, o câncer de colo de útero como o maior causador de mortes entre as mulheres, em segundo lugar o de mama e, em terceiro, tumores de traqueia, brônquios e pulmões (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, c2011).

Classificando-se as regiões do país de acordo com a taxa padronizada de mortalidade por câncer (dentre os principais) entre as mulheres de todas as idades, entre 1999 e 2008, tem-se o Sul em primeiro lugar; em segundo, a região Sudeste, seguido do Centro-Oeste, do Nordeste e, em último lugar, o Norte brasileiro. A mortalidade em algumas regiões do Brasil vem reforçar que o câncer, de forma geral, trata-se de uma doença característica de regiões mais economicamente desenvolvidas (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, c2011).

Em relação às idosas, segundo o INCA (c2011), a maior taxa de mortalidade pertence às de 80 anos de idade ou mais, para todas as regiões. Agostara, Carruba e Usset (2008) observam, no entanto, um declínio na incidência e na mortalidade a partir dos 90 anos de idade, talvez como resultado da eficácia dos programas de rastreamento ou da capacidade diagnóstica. Assim, sugere-se estarem o câncer e a idade intimamente relacionados até por volta dos 85 anos de idade, quando, a partir de então, esses indicadores começam a divergir.

Região Taxas Específicas Taxa Bruta Classificação Taxas Padronizadas 0 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 80 e mais Pop. Mundial (1) Pop. Brasil (2) Região Centro Oeste 4,96 3,65 3,42 4,01 7,59 22,88 70,22 160,88 310,68 572,70 881,46 57,18 3 76,24 65,91 Região Nordeste 3,95 3,01 2,77 3,53 6,55 20,80 59,12 123,43 206,95 333,67 512,09 46,75 4 52,71 45,71 Região Norte 3,67 2,48 2,81 3,88 6,31 21,76 62,71 128,45 215,06 361,17 514,45 34,81 5 55,03 47,76 Região Sudeste 4,19 3,52 3,44 4,15 7,29 22,76 73,02 170,41 318,12 585,65 997,95 82,36 2 79,35 68,75 Região Sul 4,19 3,93 3,72 4,68 7,95 26,41 80,17 192,45 369,38 671,66 1.122,30 92,32 1 90,26 78,07

A Tabela 2 demonstra os resultados segundo a taxa de mortalidade entre as mulheres no período de 1999 a 2008.

Tabela 2 – Taxas de mortalidade por câncer de todas as neoplasias malignas,

brutas e ajustadas por idade pelas populações mundial e brasileira, por 100.000 mulheres, entre 1999 e 2008

Fonte: Instituto Nacional de Câncer (c2011)11

Legenda: (1) População Padrão Mundial, modificada por Doll et al. (1966) (2) População Padrão Brasileira – Censo demográfico de 2000 – IBGE

O INCA (c2011) fornece, ainda, a taxa de anos potenciais de vida perdidos por todas as neoplasias para o sexo feminino no Brasil, entre 1999 e 2008, cujo maior percentual pertence às mulheres entre 60 e 69 anos de idade (taxa de 40,86). A estimativa foi calculada partindo-se do pressuposto de que o limite de idade seja 80 anos, uma vez que a expectativa de vida no Brasil, atualmente, segundo a World

Health Organization (c2010a), é de 73 anos de idade. A Tabela 3 ilustra a

classificação descrita.

Tabela 3 – Número médio de anos potenciais de vida perdidos por câncer de todas

as neoplasias malignas, por 1.000 mulheres, Brasil, entre 1999 e 2008, partindo da premissa que o limite superior é 80 anos

Faixa etária APVP TAPVP

01-04 anos 210.064 3,16 05-09 anos 201.559 2,38 10-14 anos 188.062 2,13 15-19 anos 223.737 2,46 20-29 anos 617.922 3,84 30-39 anos 1.367.740 10,02 40-49 anos 2.532.286 23,82 50-59 anos 2.709.384 38,25 60-69 anos 1.913.604 40,86 70-79 anos 561.084 20,88 Total 10.525.442 11,98

Fonte: Instituto Nacional de Câncer (c2011)12

Legenda: APVD = anos potenciais de vida perdidos; TAPVP = taxa de Anos Potenciais de Vida Perdidos

O que se deve levar em conta principalmente ao analisar a prevalência de neoplasias femininas, no Brasil, é que em um país extenso, com suas heterogeneidades culturais, demográficas, socioeconômicas e políticas, os indivíduos que aqui vivem estão expostos a “cenários” extremamente diversos. Ainda para acentuar as divergências, a variação da qualidade do acesso ao diagnóstico do câncer e ao seu tratamento, somado à qualidade da assistência ao indivíduo, contribuem para acirrar as disparidades encontradas nos coeficientes de mortalidade da população idosa feminina no Brasil (CERVI; HERMSDORF; RIBEIRO, 2005).

2.3 A PREVALÊNCIA DO CÂNCER DE COLO DO ÚTERO COMO REFLEXO DAS

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