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1.2 MATERIAL E MÉTODOS

1.2.3 Construção de mapas e cenários

1.2.3.2 Construção de cenários de expectativa para a conservação florestal

1.2.3.2.1 Cenário legal

Foram pesquisados todos os atos legais federais, estaduais e municipais que possuem medidas de proteção das coberturas florestais da Serra do Japi. Essas medidas foram transcritas na forma de critérios de ordenamento do território (Quadro 1.4) e, a medida do possível, foram espacializadas em mapas. Ao final, o cenário legal foi construído a partir da sobreposição dos diferentes mapas legais, utilizando como plano de fundo os usos e as ocupações atuais (mapa de 2005) nas áreas permitidas ou destituídas de proteção ambiental.

Quadro 1.4. Medidas de proteção da cobertura florestal da Serra do Japi e seus atos legais correspondentes.

ANO ATO LEGAL CRITÉRIOS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA SERRA DO JAPI

1965 CÓDIGO FLORESTAL Lei 4.771/65 e suas atualizações Resolução CONAMA 302/02 Resolução CONAMA 303/02

- 30 m ao longo dos corpos de água (largura < 10m);

- 30 m ao redor de lagoas, lagos ou reservatórios naturais ou

artificiais em área urbana consolidada;

- 100 m ao redor de lagos ou reservatórios naturais ou artificiais: área

rural, > 20ha ou abastecimento público;

- 15 m ao redor de reservatórios artificiais: área rural até 20 ha;

- 50 m ao redor das nascentes;

- 1/3 maior de morros e montanhas (altura > 50 m e declividade >

30%);

- encostas com declividade superior a 100%;

- brejos e suas margens de 50 m;

- linha de cumeada (1/3 maior do morro mais baixo em 1000 m de

cumeada);

- 20% da propriedade rural como reserva legal*.

1983

TOMBAMENTO Resolução 11 CONDEPHAAT

- manutenção das reservas de cobertura vegetal existentes em 1983; - áreas de clareiras para ocupação entre 12 e 20% em propriedades

entre 0,5 e 1,9 ha ou de até 1.200 m2 em propriedades maiores que 2

(Cont.)

1984

CRIAÇÃO DA APA Leis Est. 4.023 e 4.095/84

- preservação da Zona de Vida Silvestre (APP e remanescentes da flora original existente na APA).

1993

PROTEÇÃO DA MATA ATLÂNTICA Decreto 750/93 Lei 11.428/06

- proibições de corte, exploração e supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica.

1998

REGULAMENTAÇÃO DA APA*

Decreto Estadual 43.284/98

- Zona de Vida Silvestre: preservação de APP e remanescentes da vegetação nativa;

- Zona de conservação da vida silvestre: manutenção ou reposição da vegetação nativa em área correspondente a 50% do imóvel;

- Zona de restrição moderada: permissão de bosqueamento de remanescentes de vegetação da Mata Atlântica nos estágios médio e avançado de regeneração, com exceção da algumas áreas.

2000 SNUC Lei 9.985/00

- APA: definição dos critérios de zoneamento;

- Reserva Biológica Municipal da Serra do Japi: proteção integral.

2004 SISTEMA DE PROTEÇÃO DA SERRA DO JAPI* Lei Municipal Complementar 417/04 - RBMJ: Proteção integral;

- Zona de Preservação, Restauração e Recuperação ambiental (entorno da RBMJ): vegetação nativa em 70% com módulo mínimo de 20 ha de utilização sustentável;

- Zona de Conservação Ambiental da Ermida (amortecimento da RBMJ): vegetação nativa em 50% com módulo mínimo de 2 ha.

* informações não incorporadas ao mapa final devido à carência de dados sobre os limites fundiários.

Código Florestal

As Áreas de Preservação Permanente (APP) ao longo dos cursos de água e ao redor de nascentes, lagos, lagoas e reservatórios foram delimitadas a partir da função “buffer wizard”

do ArcGis® considerando a largura definida por lei para cada uma das faixas de proteção (Código Florestal 1965; CONAMA 302/303 2002).

Os cursos de água e suas nascentes foram extraídos da rede de drenagem das cartas digitais da CPLA/SMA. Os lagos e reservatórios foram obtidos do mapeamento de 2005 e posteriormente classificados em rural e urbano de acordo com os limites urbanos municipais. As ortofotos de 2005 serviram de material de apoio, principalmente na classificação em lagos naturais e reservatórios artificiais e na observação da largura dos cursos de água. Essas ortofotos também serviram para a delimitação das veredas, tendo como referência sua definição legal como “espaço brejoso ou encharcado, que contem nascentes ou cabeceiras de cursos d’ água...” (CONAMA 303 2002).

Para a definição das APP de encostas, foi utilizado o MDT para a criação do mapa de declividade a partir do comando de análise espacial “Slope” do ArcGis® que selecionou as áreas de declividade superior a 100%. O mapa de declividade criado também serviu de apoio à delimitação dos topos de morro a partir da seleção de áreas com declividade > 30%. Segundo a resolução CONAMA 303 (2002), os morros são definidos como a “elevação do terreno com cota do topo em relação a base entre cinqüenta e trezentos metros e encostas com declividade superior a trinta por cento (aproximadamente dezessete graus) na linha de maior declividade”.

Ao final, os topos de morro foram delimitados a partir da identificação do terço maior de cada morro, montanha ou agrupamento, obtida pela anotação das altitudes de cume e base, tendo como plano de informação as curvas de nível, as redes de drenagem e o mapa de declividade. A identificação de agrupamentos de morros e montanhas (cumes com distâncias inferiores a 500 m) e a delimitação das áreas de APP dos topos e das linhas de cumeada seguiram a proposta do CONAMA 303 (2002), tendo como critério de definição da base do morro a menor distância perpendicular entre o cume e a rede de drenagem, sendo excluídas as nascentes.

Após alguns ensaios de distribuição das áreas previstas pelo Código Florestal como reserva legal, optou-se por não incorporar essa medida de proteção ao mapa final. Como os limites de propriedade não foram conhecidos seriam muitas as possibilidades de configuração dessas áreas e a realidade estaria mal representada.

Tombamento da Serra do Japi

O cenário de proteção do tombamento da Serra do Japi foi desenhado com base na proteção de todas as áreas de mata que existiam em 1983 e utilizando como referência os resultado do mapeamento de 1994, ano mais próximo à data de tombamento. O mapa final não

representa as áreas de clareiras permitidas por essa Resolução, em virtude da dificuldade encontrada na delimitação dos limites de propriedade que, na maior parte não tem dados disponíveis, principalmente nas áreas pertencentes ao município de Cabreúva.

Área de Proteção Ambiental Jundiaí-Cabreúva – APA

O mapa de proteção de áreas de APA da Serra do Japi desenhado representa apenas a primeira fase desse tipo de proteção (Leis Estaduais de criação de 1984), que define como Zona de Vida Silvestre todas as áreas de APP do artigo 2o do Código Florestal e os remanescentes da flora original existentes no ano de criação. Neste caso, mais uma vez, as matas de 1994 foram utilizadas como referência.

O mapa final não representa a segunda fase (Decreto de 1998 de regulamentação das Leis de criação) de proteção pela APA, que prevê a delimitação de critérios em novas zonas, com destaque para a Zona de Conservação da Vida Silvestre, em que novas atividades estão condicionadas à manutenção ou reposição da vegetação nativa em área correspondente a 50% do imóvel. Essa limitação também ocorreu em função da dificuldade na delimitação dos limites de propriedade, principalmente em Cabreúva.

Proteção do Bioma Mata Atlântica

Esse mapa teve como base o mapeamento de mata nativa de 1994, ano mais próximo à primeira medida de proteção da Mata Atlântica, o Decreto 750, de 1993, com a manutenção apenas dos remanescentes em estádios sucessionais médio e avançado.

Reserva Biológica Municipal da Serra do Japi - RBMSJ

A representação dessa área de proteção integral também foi feita com base na manutenção dos remanescentes de mata nativa registrados no mapeamento de 1994, data mais próxima à sua criação (Lei municipal 3.672 de 1991), regulamentação (Decreto Municipal 13.196 de 1992) e categorização como Unidade de Conservação (Lei Federal 9.985 de 2000).

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