• Nenhum resultado encontrado

IV. O Percurso Metodológico

4.2. O cenário

Este estudo foi desenvolvido na cidade de Ribeirão Preto (SP), município sede da Divisão Regional de Saúde – DIR XVIII, da Secretaria de Estado da Saúde, a qual abrange vinte e cinco municípios; caracterizando-se como pólo de referência regional.

O município de Ribeirão Preto situa-se na região nordeste do Estado de São Paulo, a uma distância de 320 km da capital, exercendo uma polarização num raio aproximado de 100 km e o município é o grande abastecedor de uma rica região que apresenta índices de qualidade de vida semelhantes aos de países desenvolvidos. A cidade tem aproximadamente 535.698 habitantes (SÃO PAULO, 2005). Nas últimas décadas, o município apresentou elevadas taxas de crescimento demográfico, devido principalmente aos fluxos migratórios atraídos pelo dinamismo econômico do município e sua elevada qualidade de vida.

Os excelentes indicadores econômicos e sociais do município ancoram-se numa estrutura econômica forte e diversificada tanto no município quanto na região. Em primeiro lugar destaca-se o desempenho da agricultura. A qualidade de seu solo e clima fazem com que esta seja uma das principais regiões agrícolas do Estado e do país. Apresenta uma grande produção, com elevados níveis de rendimento das culturas e destaque para a cana de açúcar (a região é a maior produtora mundial de açúcar e álcool), a laranja, a soja, o amendoim, a fruticultura em geral, entre outras (URBANO, 2003).

A indústria local está muito relacionada ao desempenho do setor primário. Existe um complexo agro-industrial, com 21 usinas sucro-alcooleiras na região e ainda beneficiadoras de café, indústrias de suco de laranja, soja, amendoim, alimentícias, de ração, fertilizantes, etc..., temos também o setor de equipamentos médico-odontológicos e farmacêuticos em Ribeirão Preto e o setor calçadista em Franca, o setor metal-mecânico em Sertãozinho, Matão, Araraquara e São Carlos (RIBEIRÃO PRETO, 2000).

Destacamos que em Ribeirão Preto (SP) encontram-se instaladas duas importantes indústrias de equipamentos médico-odontológicos, sendo uma delas a maior indústria de equipamentos odontológicos da América Latina.

A rede de saúde de Ribeirão Preto desponta como uma das mais importantes e desenvolvidas do país. O município é sede da Diretoria Regional de Saúde, DIR XVIII, abrangendo 25 municípios, caracterizando-se como um importante centro de referência para a região e para outros estados. Possui 16 hospitais, 5 UBDS (Unidades Básicas Distritais de Saúde), 35 Unidades Básicas de Saúde (UBS) (RIBEIRÃO PRETO, 2000).

A rede secundária de atenção em saúde está constituída por algumas unidades distritais de saúde, em parceria com o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto e por unidades específicas como: Núcleo de Gestão Ambiental (NGA-59), Ambulatório Regional de Saúde Mental, Núcleo de Atenção Psico-social (NAPS 1), Núcleo de Atenção Psico Social para Alcoolistas e Farmacodependentes (NAPS 2) e Ambulatório de Especialidades Pediátricas (PAM II). Integram também, a rede de saúde de Ribeirão Preto, as faculdades da Universidade de São Paulo-USP, da Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP, do Centro Universitário Barão de Mauá, da Universidade Paulista – UNIP (RIBEIRAO PRETO, 2000).

No quadro de recursos humanos da Secretaria Municipal da Saúde encontramos: 182 enfermeiros, 434 auxiliares de enfermagem, 11 farmacêuticos, 10 farmacêuticos bioquímicos, 28 psicólogos, 233 dentistas e 87 auxiliares de consultório dentário. O quadro de profissionais médicos encontra-se assim distribuído: 367 clínicos, 10 emergencialistas (SAMU e Regulação), 49 ginecologistas, sete oftalmologistas, três otorrinos, 155 pediatras, 18 psiquiatras, 18 sanitaristas, 2 médicos do trabalho e 1 fitoterapeuta, totalizando 630 médicos. Juntas, as Unidades realizam por mês cerca de 750 mil procedimentos e atendem 75% da população da cidade. Até há cinco anos, este percentual era de 50%. Esse aumento do número de atendimentos é creditado ao fato de parte da população ter abandonado os planos de convênio médico (RIBEIRÃO PRETO, 2004a).

O município apresenta um perfil de indicadores de saúde, como o coeficiente de mortalidade infantil de 8,94 por mil nascidos vivos (SÃO PAULO, 2005), bastante semelhante ao de regiões desenvolvidas, coexistindo com bolsões de pobreza onde o perfil de saúde é típico de áreas pouco desenvolvidas.

Quanto às causas de óbito há predomínio das doenças cárdio-vasculares, seguidas pelas causas externas que atingem basicamente a população economicamente ativa, na faixa etária de 20 a 49 anos, e são constituídas principalmente pelos acidentes de trânsito. Destaca- se na morbi-mortalidade a marginalização social e a violência urbana, com o crescente

aumento do uso, abuso e tráfico de drogas, dos acidentes de trânsito, das mortes por homicídio e o crescente número de crianças, adolescentes e idosos em situação de risco e abandono (RIBEIRÃO PRETO, 2000).

Ribeirão Preto é uma cidade privilegiada com relação ao saneamento básico: 99,9% da população é servida de água encanada, sendo que a água consumida e distribuída pelo Departamento de Águas e Esgoto de Ribeirão Preto – DAERP, provém de um imenso reservatório de águas subterrâneas chamado Aqüífero Guarani, que se estende por 7 estados brasileiros, Argentina, Uruguai e Paraguai. Devido à sua origem de poços profundos, a água de Ribeirão Preto requer somente a adição de cloro, que é realizada logo após a sua retirada dos poços e nesta fase também é realizada a adição de flúor. A água clorada e fluoretada é conduzida por tubulações aos reservatórios, de onde é distribuída para as redes de abastecimento até chegar às residências (RIBEIRÃO PRETO, 2004b).

Ribeirão Preto tem o maior percentual de saneamento básico entre as cidades com mais de 500 mil habitantes do Estado de São Paulo. Dados do último Censo do IBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram que o município tem 96,3% dos domicílios com saneamento e no tocante ao manejo de resíduos sólidos urbanos, o município recebeu nota 9,7 no Índice de Qualidade de Resíduos, divulgado em 2003 pela CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (RIBEIRÃO PRETO, 2004b).

O município de Ribeirão Preto está classificado entre os 50 melhores município do país, com o sexto lugar no Estado de São Paulo, de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, sendo que este mede o progresso humano através de indicadores de três áreas: saúde, educação e renda, no entanto encontramos vários bolsões de pobreza em diversos pontos da cidade, revelando significativas desigualdades nas condições de vida da população. A partir da segunda metade da década de 80 houve um crescimento de 324% no número de barracos distribuídos entre os vários núcleos de favelas, segundo uma pesquisa da Secretaria Municipal do Bem-Estar social, realizado para o período 1986 a 1990. (URBANO 2003).

O dinamismo sócio-econômico regional e municipal trouxe consigo vários deslocamentos de populações e outros reflexos relacionados à constituição da força de trabalho, à ocupação do espaço urbano e ao quadro de saúde em geral e no quadro de saúde bucal em particular, tendo sido encontrado referências a este quadro, dentre os depoimentos coletados na realização deste trabalho:

“[...] cáries de quem eu encontrei? de quem chegou anteontem, essas grandes áreas de invasão. Aqui é a Passárgada deles... trazem com eles um incentivo, a esperança e a cárie! que vai entrar no nosso índice E4”

Documentos relacionados