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1. Introdução

4.3 Cenários e respectivos Indicadores e Pressupostos

Neste estudo são considerados dois cenários distintos de previsão de quantidades a recuperar das UTMB em Portugal Continental: o Moderado e o Optimista. Por forma a conseguir apurar a contribuição das novas UTMB, consideraAse um Cenário Base hipotético, no qual nenhuma nova Unidade seria construída.

Os cenários Moderado e Optimista baseiamAse em diversas experiências, nomeadamente das TMB espanholas (Ecoembes, 2009), da análise do Estudo Environmental and Economic Analysis of endAlife of packaging in HHW (RDC, 2009), e também da Valnor, que constitui a mais recente experiência em matéria de TMB nacional, com óptimos resultados de recuperação de RE. Quando nenhum destes valores se adequa à realidade portuguesa, tendo em conta as fracções de resíduos apuradas na alínea anterior para a totalidade de TMB previstas, optaAse por considerar a experiência da SPV com UTMB já existentes, nomeadamente a da Tratolixo. O referido estudo, tem por base um modelo de software denominado Range LCA (Life Cycle Assessment) desenvolvido pela RDC – Environment (2009), o qual considera obter dados muito credíveis que, no entanto, não deixam de depender das características individuais e específicas de cada UTMB, mas que é possível em certa medida aplicar à generalidade das mesmas. Esta metodologia torna possível estimar todas as emissões e impactos ambientais decorrentes do processo, estando autorizado pelas normas ISO 14040:2006 e ISO 14044:2006. A análise da sensibilidade de diversos parâmetros associados ao processo permite apurar estatisticamente resultados relevantes. No que diz respeito às eficiências calculadas no referido estudo para diversos tipos de UTMB, baseiamAse na experiência e dados recolhidos no seguimento de visitas a França, Portugal e Espanha, dados gerais da experiência espanhola e dados obtidos pelos projectistas e produtores de equipamento de separação automática de plásticos, devendo ser consideradas teóricas.

4.3.1

Cenário Moderado

Aplicando estes pressupostos ao exemplo das fracções recuperáveis em quatro SMAUT analisados anteriormente, admiteAse que as fracções apuradas nas caracterizações de 2008 se mantêm semelhantes para o ano de 2010, para todos os SMAUT com TMB.

As taxas de recuperação de RE aplicadas no Cenário Moderado foram as apresentadas no quadro 4.8.

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Quadro 4.8. Taxa de recuperação de RE nas UTMB no ano de 2010 para o Cenário Moderado.

(a) Uma vez que o mercado deste RE é muito negativo para a recolha selectiva, consideraAse que a sua recuperação no TMB a partir dos RSU não é viável.

(b) A recuperação de filme refereAse somente aos que possuem uma dimensão superior ao tamanho A3.

A Sociedade Gestora de RE espanhola A Ecoembes, não possui dados de taxas de recuperação para os RE de vidro e de filme.

No caso do vidro, optouAse por utilizar a referência de recuperação actual da Valnor (Valnor, 2009), tendo em conta que é o único SMAUT que a possui.

No que respeita a recuperação de RE de P/C, utilizaAse como referência a análise do estudo (RDC, 2009)23.

Em relação ao material filme, consideramAse os dados da SPV com base na experiência com o SMAUT Tratolixo.

As taxas de recuperação de PEAD e PET aplicadas baseiamAse nos cálculos da Ecoembes para o potencial de RE (Ecoembes, 2009).

No que respeita os materiais aço, alumínio, consideraAse que as proporções do potencial nos RE calculadas pelas caracterizações não são comparáveis com as proporções admitidas para o universo dos RSU nas UTMB, pelo que se opta pela análise do estudo RDC.

NoteAse que todos os pressupostos admitem que são transponíveis para uma análise global das UTMB existentes e previstas.

Desta forma, mediante os cálculos descritos, a taxa de recuperação global de RE do TMB apurada para o Cenário Moderado é de 7,20% para o ano de 2010, constituindo um pressuposto para apurar as quantidades de RE em causa, bem como o seu contributo para o atingir das metas.

Nas projecções a partir de 2010, as taxas de recuperação de RE consideramAse idênticas para cada um dos materiais, sendo aplicadas aos valores de RSU expectáveis apurados para todas as UTMB, para cada um dos anos até 2016.

Adicionalmente ao TM, as estações de TMB, permitem ainda a valorização orgânica de RE de P/C que, quando têm dimensões inferiores a todos os crivos seguem para o composto e acabam por ser valorizados. Na maioria das vezes, esta fracção não é contabilizada pelos SMAUT, no entanto, através de balanços de massas é possível chegar a esse valor, que pode ser contabilizado para o alcance das metas, desde que seja reportado sem custo adicional à SPV. O único SMAUT que o faz anualmente é a Tratolixo, através de uma metodologia de

23 Table IVA6: MBT sorting plant efficiency (source: RDC modelling) – MBT sorting plant 3ª – Manual. Taxa de Recuperação de RE – 2010 – Cenário Moderado

Vidro P/C ECAL(a) Filme(b) PEAD PET Aço Alumínio Total

Taxa recuperação recicláveis do potencial (%) 0,50 2,68 A 2,30 0,34 0,33 0,96 0,08 7,20 Taxa recuperação recicláveis do indiferenciado (%) 18,2 50,0 A 25,0 54,0 37,0 96,0 36,0 A

contabilização própria. Esta metodologia será utilizada neste estudo a título complementar, mas somente no Cenário Optimista, uma vez que constitui uma quantidade altamente hipotética, mas que se torna relevante apurar a título de curiosidade (Tratolixo, 2008).

Para o Cenário Moderado optaAse por considerar as quantidades de 2010 e 2011 iguais às expectáveis para 2009, no que respeita ao reporte de informação do P/C valorizado organicamente, aplicando um aumento de 5% a partir de 2011 até 2016, tal como previsto no ENRRUBDA para a totalidade de RE a ser encaminhados para reciclagem pelos SMAUT.

4.3.2

Cenário Optimista

No Cenário Optimista aplicouAse igualmente o exemplo das fracções recuperáveis em quatro SMAUT analisados anteriormente, admitindo que as fracções apuradas nas caracterizações de 2008 se mantêm semelhantes para o ano de 2010, para todos os SMAUT com TMB.

As taxas de recuperação de RE aplicadas no Cenário Optimista foram as que se apresentam no quadro 4.9.

Quadro 4.9. Taxa de recuperação de RE nas UTMB em 2010 no Cenário Optimista.

Neste cenário, consideraAse a taxa de recuperação de RE actual da Valnor para os materiais vidro e P/C (Valnor, 2009).

Para o ano de 2010, se a inclusão do 2º separador balístico e de um separador óptico de filme plástico, no final da linha do TM da Valnor estiver já em funcionamento, permitirá recuperações deste material na ordem dos 12% em relação ao potencial. Tendo em conta que as outras UTMB poderão não sofrer essa melhoria, e as projectadas não a incluírem, optouAse considerar a taxa de recuperação prevista no estudo para este material (RDC, 2009).

Para os restantes materiais, tendo em conta as elevadas taxas de recuperação, não é possível aplicáAlas à dimensão de todas as UTMB conjuntamente, pelo que se consideraram as taxas apuradas no estudo (RDC, 2009).24

A taxa de recuperação de RE resultante do Cenário Optimista é de 12,87%. Esta taxa é aproximada à descrita para a UTMB de Saragoça no Capítulo 3.

Tal como no Cenário Moderado, nas projecções a partir de 2010, as taxas de recuperação de RE consideramAse idênticas para cada um dos materiais, sendo aplicadas aos valores de RSU expectáveis apurados para todas as UTMB, para cada um dos anos até 2016.

As tabelas de cálculo apresentamAse no ANEXO IV.

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Taxa de Recuperação de RE – 2010 – Cenário Optimista

Vidro P/C ECAL Filme PEAD PET Aço Alumínio Total

Taxa recuperação recicláveis do potencial (%) 0,5 3,0 A 7,1 0,5 0,7 1,0 0,1 12,87 Taxa recuperação recicláveis do indiferenciado (%) 18,2 55,9 A 77,1 80,0 81,0 96,0 36,0 A

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No que diz respeito à fracção de RE de cartão valorizados, admitindo que a quantidade de resíduos encaminhados para TB constitui 43,24% dos RSU que entram na UTMB e que, através de uma caracterização efectuada pela Tratolixo a essa fracção, se depreende que a percentagem de resíduos de cartão de embalagem encaminhado para TB é de 11%, calculaAse essa quantidade através da fórmula matemática descrita na equação 6 (Tratolixo, 2008).

Equação 6

Q P/C embalagem encaminhado para TB (t/ano) = Q TB (t/ano) x 11%

Considerando a percentagem de massa seca do cartão de 38%, calculaAse a fracção de cartão de embalagem realmente valorizado, como demonstra a equação 7.

Equação 7

Q P/C embalagem valorizado (t/ano) = Q P/C embalagem encaminhado para TB (t/ano) x 38%

Esta quantidade é considerada num cenário altamente hipotético e optimista, tendo em conta que depende do reporte voluntário dos SMAUT desta informação.

Também é possível chegar a estes valores através da fórmula matemática descrita na equação 8.

Equação 8

Q P/C embalagem valorizado (t/ano) = Q P/C embalagem que entra no TMB (t/ano) A (Q P/C triado no TM (t/ano) + Q embalagem P/C refugo (t/ano))

No entanto, tendo em conta que não se possui a informação das quantidades de P/C existentes no refugo de cada uma das UTMB, consideraAse válida a primeira metodologia.