Cenários Energéticos

A análise de projeções e cenários possibilita a compreensão dos diferentes fatores capazes de alterar o comportamento energético futuro. Entre eles temos o desenvolvimento tecnológico, o crescimento econômico, políticas governamentais e uma ampla possibilidade de respostas de consumidores. A soma de todos estes fatores constitui um importante vetor capaz de modificar o perfil e a intensidade do uso de energia.

Desta forma, a parte final do estudo de caso pretende construir diferentes cenários para a região de Araçatuba, com perspectivas de diferentes taxas de crescimento de consumo e inserção de tecnologias eficientes.

A partir de um cenário referencial que não considera a implantação de medidas de gerenciamento de demanda e eficiência energética, são construídos dois cenários adicionais. O primeiro deles, de Consumo Sustentável adota premissas máximas de adoção de recursos de GLD num horizonte de trinta anos. O segundo cenário, mais conservador, contempla uma proporção equilibrada entre recursos eficientes e não eficientes, ao final dos trinta anos de análise.

Para a construção destes cenários foi utilizado o LEAP (Long-range energy alternatives planning system). O LEAP é uma ferramenta de modelagem energética baseada em cenários, desenvolvida pela Stockholm Enviroment Institute, nos Estados Unidos. Conta com o apoio de diversas universidades ao redor do mundo, de onde busca informações para a criação de seu próprio banco de dados, que possibilita a pesquisa de diversas formas de geração e usos da energia elétrica no mundo, além da criação e armazenamento de dados próprios ou mistos para utilização em simulações.

Na elaboração dos cenários podem ser considerados diferentes fatores energéticos como utilização, conversão e produção de energia em uma região específica, além de parâmetros como crescimento populacional, desenvolvimento econômico, preços, entre outros. É possível ainda simular projeções a longo prazo da demanda de energia, permitindo estimar o crescimento de uma região e, desta maneira, fornecer dados mais precisos para o planejamento da expansão da oferta energética. Para maiores detalhes acerca do LEAP, vide a referência [44].

Para este estudo foram elaboradas duas diferentes simulações de cenários. A primeira delas considera apenas a energia elétrica e a segunda contempla a energia total utilizada no setor industrial.

Na elaboração dos cenários deste estudo de caso foram considerados como usos finais de energia elétrica a força motriz (com uma participação de 50% do consumo nas indústrias), a refrigeração (com 30% do consumo de eletricidade), a iluminação (5%) e o condicionamento ambiental (3%). Aos demais usos finais coube o restante, de 12%. Para o cenário de energia total, foram considerados como usos finais o calor utilizado em processos de combustão (65%), refrigeração de processos (15%), força motriz (10%), transporte interno de veículos (2%), iluminação e condicionamento ambiental (1% cada).

7.5.1. Cenário Referencial

Neste cenário referencial, de cunho conservador, foi considerado um crescimento anual de 1,5% no consumo energético e uma baixa penetração de equipamentos eficientes no setor industrial, de apenas 10% ao final de 30 anos de horizonte, enquanto 90% do mercado continuaria com equipamentos padrão.

Estipulou-se uma eficiência média de equipamentos padrão de 50%, contra 60% para equipamentos eficientes, no caso de motores elétricos e sistemas de

combustão, e de 50% contra 70% no caso de refrigeradores, condicionadores e lâmpadas. Neste cenário os índices de eficiência não sofreriam alteração durante o horizonte de análise, ou seja, depois de 30 anos, equipamentos padrão continuariam com uma eficiência de 50% contra 60 ou 70% de eficiência de equipamentos eficientes.

Os resultados deste cenário, num horizonte de 30 anos, podem ser visto nos gráficos (Figura 7.5.1.a e 7.5.1.b) a seguir.

Figura 7.5.1.b: Cenário Referencial –Energia (2000-2035)

7.5.2. Cenário de Consumo Realizável

O cenário de consumo realizável, de parâmetros intermediários aos cenários de referência e sustentável, considerou um crescimento praticável ou real de recursos energéticos eficientes ao longo do horizonte de análise. O crescimento anual do consumo energético ainda é de 1,5%, mas a penetração de equipamentos eficientes no setor industrial é estimada a 50% ao final de 30 anos de horizonte, dividindo o mercado com equipamentos padrão.

Novamente estipulou-se uma eficiência média de equipamentos padrão de 50%, contra 60% para equipamentos eficientes, no caso de motores elétricos e sistemas de combustão, e de 50% contra 70% no caso de refrigeradores, condicionadores e lâmpadas. Neste cenário, os índices de crescimento de eficiência

de equipamentos padrão são estimados em 5% durante o período de análise, e os índices de equipamentos eficientes são estimados em 10% para o mesmo período.

Os resultados dos cenários realizáveis estão nas figura 7.5.2.a e b a seguir.

Figura 7.5.2.b: Cenário de Consumo Realizável - Energia (2000-2035)

7.5.3. Cenário Sustentável ou Eficiência Maximizada

O terceiro cenário, sustentável ou de eficiência maximizada, vislumbra as melhores condições quanto ao consumo racional de energia. É estabelecido um crescimento de consumo de apenas 1% ao ano, e estima-se que, ao final do período de projeção dos cenários, 100% de equipamentos utilizados nos diversos usos finais sejam eficientes.

Novamente estipulou-se uma eficiência média de equipamentos padrão de 50%, contra 60% para equipamentos eficientes, no caso de motores elétricos e sistemas de combustão, e de 50% contra 70% no caso de refrigeradores, condicionadores e lâmpadas. Desta vez, porém, os índices de eficiência de equipamentos padrão são estimados a uma taxa de crescimento de 10% e os

Nas figuras 7.5.3.a e b a seguir, pode-se ver o comportamento do consumo energético na região, para um horizonte de 30 anos a partir do ano atual de referência.

Figura 7.5.3.b: Cenário de Eficiência Maximizada - Energia (2000-2035)