4 CUIDADO FAMILIAR E ALTERNATIVAS DE MORADIA PARA PESSOAS
4.1 A Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais e as modalidades de
4.1.1 Centro de cuidados diurnos ou centro dia para idosos
Uma alternativa apresentada pela tipificação é o Centro-Dia, modalidade não
asilar de atendimento à pessoa com deficiência e à pessoa idosa com deficiência
temporária que necessita de assistência médica ou de assistência multiprofissional
(Enfermagem, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia, Serviço Social,
entre outros). Nesse caso, a pessoa idosa deve apresentar grau de dependência I ou
II, necessitar do auxílio de terceiros para realização das atividades da vida diária
(alimentação, higiene pessoal, vestuário, mobilidade, entre outras) e não contar com
o apoio da família por motivos de estudo ou trabalho.
Entre as diversas modalidades de atendimento previstas na Política Nacional de Assistência Social e na Política Nacional do Idoso, o Centro-Dia caracteriza-se como um espaço destinado a proporcionar acolhimento, proteção e convivência a idosos semidependentes, cujas famílias não tenham condições de prover estes cuidados durante todo o dia ou parte dele (SÃO PAULO, 2014, p. 11).
No que se refere ao Serviço de Proteção Social Especial para Pessoa com
Deficiência (PcD) e pessoas idosas e suas Famílias, a tipificação prevê o acolhimento
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em Centro-Dia como forma de garantir o atendimento especializado a famílias que
possuem pessoas com deficiência ou pessoas idosas com dependência, que sofrem
ou sofreram situações de violação de direitos, entre as quais ausência de cuidados
adequados e alto grau de estresse do cuidador, situações que agravam a
dependência e comprometem o desenvolvimento da autonomia.
Para isso, a pessoa passa o dia em local preparado para receber os cuidados
que necessita e, ao final do dia, retorna ao convívio dos seus familiares. Ocorre o
desligamento do serviço quando os motivos que levaram à inclusão cessam ou
quando o quadro de saúde evolui para o grau de dependência III, devendo a pessoa,
neste caso, permanecer sob os cuidados dos familiares ou ser encaminhado a uma
instituição de longa permanência.
Essa modalidade permite que a pessoa idosa tenha garantido o atendimento das
suas necessidades sem que ocorra o rompimento dos laços familiares, além de evitar
o isolamento e adoecimento emocional.
Acerca dos objetivos dos Centros-Dia, Maio (2016), com base em autores como
Cabrero (2005), Rodriguez (2010), Madrid (2011) e Louvison e Rosa (2012), elenca
como objetivos: a) melhorar a qualidade de vida dos idosos e de sua família; b)
recuperar ou manter o maior grau de independência possível e de autonomia pessoal;
c) manter o idoso junto a seu entorno social e evitar a sua institucionalização definitiva;
d) oferecer atendimento interdisciplinar nas áreas de assistência, saúde, fisioterapia,
psicologia, atividades ocupacionais e de lazer; e) oferecer apoio ao cuidador do idoso,
de acordo com as necessidades dos usuários, visando à melhoria de sua qualidade
de vida, descanso e integração comunitária; f) prevenir os conflitos familiares oriundos
do possível estresse decorrente da relação de cuidado.
Assinalo que, embora a PNI preveja a competência dos órgãos e entidades
públicos de “estimular a criação de incentivos e de alternativas de atendimento ao
idoso, como centros de convivência, centros de cuidados diurnos, casas-lares,
oficinas abrigadas de trabalho, atendimentos domiciliares e outros” (art. 10, alínea b
da Política Nacional do Idoso), na prática, o que constatamos é que os governos, nas
diversas instâncias, não têm viabilizado a implantação dessa modalidade de
atendimento. Se, por um lado, as prefeituras não implantam, por outro os governos
federal e estadual não têm destinado verbas para que as prefeituras possam
implementar essa política, não deixando alternativa para as famílias além do
atendimento asilar.
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Não identifiquei no estado da Bahia nenhum município que tenha essa
modalidade de atendimento. Mesmo com uma população idosa de cerca de 439 mil
pessoas idosas, Salvador não conta com o serviço. Segundo o jornal BNews (2018),
Salvador é a capital brasileira em que a população idosa mais cresce.
O número de pessoas idosas aumentou 20,0% na cidade de Salvador em apenas um ano. Segundo dados da edição sobre Características Gerais da População, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número passou de 366 mil para 439 mil, o que representou mais 73 mil idosos na população da capital baiana.
Entre as capitais brasileiras, o aumento em números absolutos foi maior em Salvador e um crescimento bem acima da média nacional, que é de 3,7% e baiana, que é 6,8%. Foi também um crescimento bastante superior ao da população da capital como um todo, que praticamente não se alterou entre 2015 e 2016 (+0,59% ou mais 17,14 mil pessoas).
Em 2016, quase 15% da população soteropolitana tinham 60 anos ou mais de idade, nona maior participação de idosos na população em geral entre as 27 capitais. O Rio de Janeiro, com 20,4% de idosos, lidera nesse ranking. Mulheres
Ainda de acordo com a pesquisa, as mulheres são mais numerosas entre os idosos do que na população geral da cidade. Das 439 mil pessoas de 60 anos ou mais de idade, em Salvador, 60% são mulheres (266 mil), enquanto que, quando se considera toda a população, elas são 53%. Apesar desses dados, o crescimento na população de idosos em Salvador, entre 2015 e 2016, foi puxado pelos homens. O número de homens de 60 anos ou mais de idade na capital baiana cresceu 18,0% entre 2015 e 2016 (SALVADOR, 2018).
A seguir, apresento as modalidades de moradia para pessoas idosas previstas
na Tipificação Nacional.
1. Atendimento residencial – com no máximo 10 residentes, acompanhados por
equipe técnica preparada para auxiliá-los nas atividades da vida diária;
2. Acolhimento em república – destinado a pessoas idosas que possuem
capacidade de gestão coletiva da residência, ainda que necessitem de
equipamentos de autoajuda, e realizem de forma independente as atividades
da vida diária;
3. Atendimento em unidade institucional – atendimento em instituição de longa
permanência. Pela tipificação são objetivos deste modelo de atendimento:
- Incentivar o desenvolvimento do protagonismo e de capacidades para a realização de atividades da vida diária;
- Desenvolver condições para a independência e o autocuidado; - Promover o acesso à renda;
- Promover a convivência mista entre os residentes de diversos graus de dependência (BRASIL, 2009, p. 43).
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