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Centros Rurais Agroecológicos/Sítios Ecológicos

Trata-se de um grupo constituído por iniciativas localizadas em áreas rurais, via de regra em pequenas propriedades de vertente agroecológica, e com funções bastante amplas.

Podem ser considerados como sendo pólos de difusão de informações, de formação, de sensibilização e reflexão, de pesquisa e de realização de atividades de caráter lúdico.

Classe 8 – Museus, Zoológicos, Jardins Botânicos, Parques Urbanos

Sem dúvida, um grupo bastante heterogêneo, mas que guardam entre si algumas características comuns. Sua principal missão centra-se na difusão de informações, na sensibilização e reflexão crítica relacionada ao seu próprio acervo/coleção/patrimônio. Prefeituras, universidades, empresas, fundações e outras instituições implementam iniciativas que vão desde visitas monitoradas até a elaboração/execução de projetos específicos, voltados à educação se seus públicos preferenciais. Cabe ressaltar que estamos nos referindo àquelas iniciativas que mantêm algum tipo de programa educativo.

Londres, Silva Deboni e Sorrentino (2002) pesquisadores e educadores que se dedicam ao estudo dessa temática concluíram que são bastante precárias as situações em que se encontram a maior parte dos CEAs que existem em funcionamento hoje no Brasil. Constataram que na maioria das instituições praticamente inexistem estruturas básicas e fundamentais para o desenvolvimento de práticas ecológicas, mas sobretudo falta convergência com os pressupostos da Educação Ambiental numa vertente contemporânea.

Os CEAs das Unidades de Conservação pertencem a uma realidade particular. Normalmente restringem seu público a grupos escolares e excursionistas que visitam suas áreas, que são, porém, em grande número. Seus CEAs contam com poucos recursos, e demonstram desconhecer elementos fundamentais como tecnologias apropriadas ou materiais alternativos nas construções. Possuem estrutura limitada, normalmente apenas com sala de atividades e biblioteca, e com pouquíssimas pessoas trabalhando (66% dos CEAs estudados não possuem pessoas remuneradas atuando).

Como produto de mapeamentos de iniciativas de CEAs, realizados pela Esalq/USP e constatação de ações isoladas, falta de comunicação entre os muitos CEAs espalhados pelo Brasil, pesquisadores da Esalq envolvidos com a temática criam a Rede CEAs. Trata-se de uma ação que surge no campo acadêmico, como uma espécie de contribuição da universidade para a sociedade, como um retorno a sociedade de levantamentos realizados com e para ela. Sabemos que há diversas formas de retorno – publicações, sites, seminários, etc., mas que o propósito inicial não era este. A disponibilização das diversas informações levantadas por estas pesquisas e mapeamentos realizados pela Esalq/USP poderia ser realizada através de um fomento à implantação de uma rede que organizasse inicialmente as diversas iniciativas de CEAs mapeadas e estudadas desde então. Trata-se de um processo bastante diferenciado de

formação e de constituição de redes do que se tem verificado nos campos social e ambiental do país. No caso desta rede o processo foi estimulado pela universidade, e daí decorre uma serie de especificidades que merecem ser apontadas e discutidas.

Silva Deboni e Araújo (2004) expondo sobre a trajetória e os desafios da Rede CEAs dão ciência que a mesma foi criada a partir de 2002 por meio de alguns levantamentos de iniciativas de CEAs realizados pela OCA (Laboratório de Educação e Política Ambiental), da Esalq/Usp. A Rede Brasileira de CEAs - Rede CEA, a caçula das redes de EA, vai pouco a pouco se consolidando. Os autores comentam as dificuldades existentes no âmbito da EA brasileira na atualidade (institucionais, financeiras, técnicas, de pessoal, cultural, e etc.), mas entendemos que o campo da EA vivencia um momento bastante rico e intenso. Apontar e debater os desafios da Rede CEAs, são uma forma de contribuir para processos de formação de redes temáticas no campo da EA, socializando angustias e inquietações.

A Rede CEAs objetiva iniciar uma articulação entre os CEAs, através da intercomunicação, troca de experiências e de olhares entre as distintas educações ambientais pensadas e praticadas nas propostas de CEAs. Se há pluralidade nesse movimento, há também consideráveis singularidades, inerentes a esse conjunto de iniciativas que estamos denominando como CEA. Essas características nos concedem subsídios para debruçarmos sobre esta temática com respeito, cautela e com uma boa dose de ousadia. Ser ousado no sentido de um espírito permanente pelo descobrimento e pela incessante busca pelo dialogo e pela construção de novos saberes, novos conhecimentos e novas experiências sobre a temática.

Alguns elementos contribuíram para a organização da Rede CEAs, alguns dos quais merecem ser destacados:

- envolvimento da OCA em pesquisas diagnosticas no campo dos CEAs no país, a partir de 1999;

-contato com publicações espanholas relativas a temática, o que possibilitou beber em um determinado campo de referenciais teóricos e práticos, ate então pouco diagnosticado e pouco conhecido no Brasil;

-intercambio de experiências e de pesquisa na Espanha, realizada em 2001, o que permitiu conhecer com mais profundidade iniciativas de CEAs e estabelecer contatos com especialistas e instituições referenciais neste campo.

A proposta da Rede de CEAs emergia a partir de alguns objetivos:

-contribuir para a intercomunicação entre os CEAs; trocas de informação e de experiências, potencializando suas respectivas ações.

-contribuir para reflexões sobre a temática dos CEAs, por meio de discussões, produção, sistematização e socialização de conhecimento;

-contribuir para a divulgação de ações junto ao meio de educadores ambientais.

-estimular a discussão, o delineamento e a implementação de políticas publicas no campo de educação ambiental, especialmente o dos CEAs.

Para a constituição dessa rede muito se aprendeu com os dez anos de trajetória da Rede Brasileira de Educação Ambiental - a Rebea. Diversas redes têm se constituído, ao longo da última década, no campo da Educação Ambiental. Após a Conferência RIO-92 iniciou-se o processo de formação das Redes Brasileira e Paulista de EA, respectivamente REBEA e REPEA. Diversas outras redes foram se estabelecendo em diversos estados e regiões do país, como por exemplo: Minas Gerais (Rede Mineira de EA - REMEA); Acre (Rede Acreana de EA); Paraíba (Rede Paraibana de EA); Mato Grosso (Rede Matogrossense de EA - REMTEA); Rede Sul Brasileira de EA - REASul, dentre outras.

Para uma rede que inicia sua caminhada – a caçula das redes de EA mesmo antes dos seus primeiros passos já se vislumbrava alguns desafios, os quais merecem ser destacados e comentados. Por se tratar de uma rede cuja proposta de atuação estava desenhada em nível nacional, diversos desafios emergiram a partir daí:

-iniciava-se uma Rede (supostamente nacional) que se propunha a articular e dialogar com iniciativas de CEAs poucos conhecidas, sem qualquer mapeamento e diagnostico prévio, bastantes distintas entre si (em termos de concepções de CEA em si, com distintas correntes do campo de educação ambiental, em vários níveis de institucionalização e de disponibilização de recursos (humanos, materiais, etc.), aliada à inexistência de discussões e reflexões sobre a questão do conceitual do que entendia-se ser um CEA, tendo o grande desafio de encontrar objetivos e metas comuns para desenvolver um trabalho conjunto dentro de tamanha diversidade de iniciativas. A partir deste item é possível visualizar algumas questões centrais que precisam ser discutidas e superadas: ausência de informações básicas quanto ao numero de CEAs em atividade no Brasil e distribuição por região; considerável diversidade de tipos, concepções e ate mesmo de denominações de CEAs; conhecimento insuficiente relativo a temática dos CEAs; limitação de recursos materiais e pessoais que os CEA enfrentam na atualidade, boa parte dos CEAs não dispõem de computador com acesso a internet, o que dificulta a troca de informações e conseqüentemente a participação cotidiana na rede. São comuns os casos de euquipes, ou seja, de CEAs que dispõem de uma única pessoa na equipe técnica de trabalho.

Em pesquisa realizada por Londres, Silva Deboni e Sorrentino (2002) foram enviados 500 questionários a diversas instituições relacionadas com educação ambiental e/ou ecoturismo, com o objetivo de construir uma visão geral dos CEAs no Brasil. O trabalho citado analisou os CEAs de Ongs, Universidades, UCs e de Empresas, no entanto, serão apresentados apenas os dados para os CEAs nas UCs, por se tratar se tratar do nosso objeto de estudo.

Os resultados referentes a estrutura são descritos a seguir:

• Em aproximadamente 65% das Instituições analisadas, o prédio do Centro foi adaptado de uma construção já existente e apenas 35% foi construído para esta finalidade;

• Em nenhuma Instituição localizada em UCs foram utilizados matérias alternativos (bambu, cipós, solo-cimento, etc.) na construção da sede;

• Nenhuma Instituição estudada apresentou algum tipo de uso de tecnologias adaptadas para o melhor aproveitamento de recursos naturais (reaproveitamento de água, energia solar, cisterna, reciclagem de papel, compostagem, etc.).

Em relação ao corpo funcional:

• Aproximadamente 30% dos funcionários dos CEAs trabalham mais de 30h semanais;

• Em cerca de 65% dos Centros encontraram-se seis ou mais pessoas trabalhando como voluntários ou similar (não-remunerado).

Dados referentes ao publico atendido:

• O público mais atendido são alunos da pré-escola a 8ª serie; • Os Centros atendem em média 12 mil pessoas anualmente.

Sobre as atividades realizadas:

• As oficinas corresponderam a aproximadamente 15% das atividades sendo 33% delas sobre lixo;

• Os cursos corresponderam a 35% das atividades sendo 66,6% deles referentes ao manejo de Recurso Produtivos e do Ambiente;

• Aproximadamente 50% ficaram na categoria outros, sendo 66,6% referentes excursões e palestras.

CAPÍTULO II