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5. Caso de Estudo: Torre Verde

5.5. Certificação Energética do Edifício

5.5.2. Certificação Energética – SCE

Conforme já foi indicado (Introdução), o Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) encontra-se inserido no Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios (SCE).

O Decreto-Lei 80/2006, de 4 de Abril, Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) estabelece requisitos de qualidade para os novos edifícios de habitação e de pequenos edifícios de serviços sem sistemas de climatização, nomeadamente ao nível das características da envolvente, limitando as perdas térmicas e controlando os ganhos solares excessivos. Este regulamento impõe limites aos consumos energéticos para climatização e produção de águas quentes, num claro incentivo à utilização de sistemas eficientes e de fontes energéticas com menor impacte em termos de energia primária. Esta legislação impõe a instalação de painéis solares térmicos e valoriza a utilização de outras fontes de energia renovável (Adene, 2008).

Apesar de apenas depois de Janeiro de 2009 a certificação energética abranger todos os edifícios, incluindo os existentes, durante o decorrer do presente ano (2008) 2 fracções da Torre Verde procederam à certificação voluntária.

As fracções 12AB e 8A encontram-se certificadas e constam na base de dados dos edifícios certificados, no site da ADENE (Agência para a Energia) com as seguintes referências: Nº CER CE0000001077520 (TV 12AB) (ver anexo II) e Nº CER CE0000001199525 (TV8A) (ver anexo III).

À fracção 8A foi atribuída uma classe energética A, enquanto que a fracção 12AB foi classificada como B. Apesar de ambos os apartamentos pertencerem ao mesmo edifício, poderão existir diferenças ao nível do desempenho térmico, tal como acontece neste exemplo. Esta diferença de comportamento térmico deve-se ao facto do apartamento 12 AB se situar no último piso, havendo desta forma uma maior troca térmica com a envolvente, através da cobertura do edifício. Há que ressalvar o facto de as diferenças de desempenho térmico, entre as fracções em questão, serem reduzidas, no entanto são o suficiente para que as classes energéticas sejam diferentes.

No anexo II encontram-se os certificados energéticos das 2 fracções, nos quais se poderão analisar a descrição do desempenho térmico de cada uma.

Interessa referir que apesar da concepção do edifício ser de 1996, este cumpre os requisitos no âmbito da legislação definida no SCE.

6. Conclusões

Segundo dados apresentados pelo World Business Council for Sustainable

Development (WBCSD), no relatório de Eficiência Energética Em Edifícios, o

consumo de energia ao longo da vida de um edifício apresenta a seguinte proporção (o estudo não considera as operações de desmantelamento):

- Fabrico, Transporte e Construção: 12%;

- Utilização (aquecimento, ventilação, aquecimento de água e electricidade): 84%;

- Manutenção e renovação: 4%.

Analisando o ciclo de vida da utilização de energia, observa-se que mais de 4/5 da utilização energética local ocorre na fase operacional do tempo de vida de um edifício. Partindo desta primeira análise, pode-se concluir que é fundamental fazer um correcto dimensionamento dos edifícios, apostando em materiais e tecnologias que permitam a redução dos custos de exploração do mesmo.

Conforme foi demonstrado no presente trabalho, a aplicação dos conceitos de arquitectura bioclimática é base para que se alcancem os resultados de sustentabilidade que se pretendem obter. Para além disto, é de grande importância considerar a aplicação de sistemas inteligentes. Estes permitem a produção de energia no local (a partir de energias renováveis), bem como a correcta gestão do uso desta. Deste modo, poderão reduzir-se os impactos ambientais negativos, bem como obter reduções económicas bastante relevantes.

Torna-se imperativo mudar a actual lógica vigente de concepção de projectos, devendo-se implementar uma visão holística que passe a envolver todos os agentes de mercado. Os projectistas (arquitectos e engenheiros), entidades estatais, investidores, indústria, sector financeiro, proprietários, entre outros, deverão estar sintonizados no objectivo da eficiência energética, quebrando com a fragmentação existente entre as secções da cadeia de valor.

Em Portugal, a situação ao nível dos edifícios não é muito favorável, pelos motivos apresentados ao longo do trabalho. No entanto, já começam a surgir bons exemplos que poderão servir como alavanca de dinamização deste processo. Para além do caso de estudo apresentado (Torre Verde), é importante destacar o projecto desenvolvido pelo INETI, denominado Edifício Solar XXI. O referido edifício é um bom modelo de aplicação de processos de construção e de produção de energia renovável. É o exemplo de como uma entidade estatal pode desenvolver um bom projecto, que tem como finalidade servir de mostruário de boas práticas, a toda a comunidade.

Neste trabalho explorou-se o conceito da casa/edifício sustentável, como sendo a base do urbanismo, estando incluída numa rede, na qual tem um papel activo e crucial. Se extrapolarmos a lógica aplicada nas unidades base (edifícios), para um conceito mais global de urbanização, poderemos contribuir para a criação de uma cidade mais compacta, multifuncional e criativa.

Apesar de se focar mais a questão energética no sector dos edifícios, esta não se deve separar das questões relacionadas como os outros sectores, caso da indústria e transportes. Trata-se de um assunto comum e que deve ser abordado integradamente, principalmente o caso específico dos transportes. O sector industrial deparou-se com o problema dos crescentes custos energéticos e correspondente poluição associada, há já alguns anos, tendo encontrado algumas soluções de adaptação. Este sector tem apresentado melhorias de desempenho nos últimos anos.

Já o sector dos transportes tem tido um agravamento, facto que não pode ser dissociado do caos urbanístico que se vive nas maiores cidades. Se adicionarmos a este facto a questão do sector dos edifícios, poderemos concluir que toda a concepção de ordenamento do território tem que ter em consideração todos estes factores. Para que se obtenha um melhor desempenho energético-ambiental terá que se repensar a forma de organização das cidades.

Conforme ficou demonstrado ao longo da presente dissertação, a resolução dos problemas energéticos passa, prioritariamente, pela promoção da poupança energética. Posteriormente deverão ser reorganizados os sistemas energéticos, havendo a necessidade de considerar cada vez mais soluções descentralizadas.

Já ao nível da produção de energia, dever-se-á pensar em toda a energia como um todo, integrando a produção térmica e eléctrica. Sempre que hajam condições técnicas, deverão ser utilizados sistemas de produção combinada de calor e electricidade.

Actualmente existem diversas tecnologias que permitem a produção de energia a partir de fontes renováveis. Sendo Portugal um país rico nestes recursos, torna-se imperativo dotar o país de capital humano capaz de aproveitar e dinamizar esta oportunidade que se encontra ao alcance de todos nós. Somente através deste caminho poderemos melhorar a grave situação ambiental gerada pela produção de energia.

É importante enaltecer o esforço que está a ser feito, no país, no sentido de desenvolver mais projectos de produção de energia a partir de fontes renováveis. É prioritário reduzir do consumo de energia final, caso contrário o efeito das energias renováveis não será sentido. O peso destas no “mix” de produção energética, ficará “diluído” e não se atingirão os benefícios pretendidos.

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