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Cláusula 63ª

Causas da cessação do contrato de trabalho O contrato de trabalho pode cessar por:

a) Mútuo acordo das partes; b) Caducidade;

c) Despedimento com justa causa; d) Despedimento colectivo;

e) Rescisão por iniciativa do trabalhador. Cláusula 64ª Cessação por mútuo acordo

1 - Salvo a hipótese de simulação ou fraude às cláusulas desta convenção, é lícito às partes revogar o contrato de trabalho por mútuo acordo.

2 - O acordo constará obrigatoriamente de documento escrito assinado por ambas as partes, em duplicado, ficando cada parte com um exemplar. 3 - Desse documento podem constar outros efeitos acordados entre as partes, desde que não contrariem as leis gerais do trabalho e as normas do presente contrato.

4 - Do acordo de cessação constará a discriminação dos créditos liquidados ao trabalhador, bem como, quando seja caso disso, a compensação pecuniária acordada em virtude da cessação. Constará, também, a eventual compensação pecuniária destinada à liquidação de créditos vencidos à data da cessação do contrato ou exigíveis em virtude dessa cessação.

Cláusula 65ª Caducidade

1 - O contrato de trabalho caduca nos casos previstos nos termos gerais do direito, nomeadamente:

a) Expirando o prazo por que foi estabelecido; b) Com a reforma do trabalhador;

c) Verificando-se impossibilidade superveniente, absoluta e definitiva de o trabalhador prestar o seu trabalho ou de a empresa o receber. 2 - Nos casos previstos na alínea c) do número anterior só se considera verificada a impossibilidade quando ambos os contraentes a conheçam ou devam conhecer.

Cláusula 65ª-A Abandono do trabalho

1 - Considera-se abandono do trabalho a ausência do trabalhador ao serviço acompanhada de factos que com toda a probabilidade revelem a intenção de o não retomar.

2 - Presume-se abandono do trabalho a ausência do trabalhador ao serviço, durante, pelo menos, quinze dias úteis seguidos, sem que a entidade empregadora tenha recebido comunicação do motivo da ausência.

3 - A presunção estabelecida no número anterior pode ser ilidida pelo trabalhador mediante prova de ocorrência de motivo de força maior impeditivo da comunicação de ausência.

4 - O abandono do trabalho vale como rescisão do contrato e constitui o trabalhador na obrigação de indemnizar a entidade empregadora.

5 - A cessação do contrato só é invocável pela entidade empregadora após comunicação registada, com aviso de recepção, para a última morada conhecida do trabalhador.

Cláusula 66ª

Rescisão com justa causa promovida pela entidade patronal 1 - É proibido às entidades patronais efectuar despedimentos sem justa causa. 2 - O exercício, pela entidade patronal, da faculdade de despedir o trabalhador invocando justa causa está condicionado à realização de processo disciplinar nos termos da cláusula 82ª.

3 - Considera-se justa causa o comportamento culposo do trabalhador que pela sua gravidade e consequências, torne imediata e praticamente impossível a subsistência da relação de trabalho.

4 - Constituirão, nomeadamente justa causa de despedimento os seguintes comportamentos do trabalhador:

a) Desobediência ilegítima às ordens dadas por responsáveis hierarquicamente superiores;

b) Violação de direitos e garantias de trabalhadores da empresa; c) Provocação repetida de conflitos com outros trabalhadores da empresa; d) Desinteresse repetido pelo cumprimento, com a diligência devida das obrigações inerentes ao exercício do cargo ou posto de trabalho que lhe seja confiado;

e) Lesão de interesses patrimoniais sérios da empresa;

f) Prática intencional no âmbito da empresa, de actos lesivos da economia nacional;

g) Faltas não justificadas ao trabalho que determinem directamente prejuízos ou riscos graves para a empresa ou, independentemente, de qualquer prejuízo ou risco, quando o número de faltas injustificadas atingir, em cada ano, 5 seguidas ou 10 interpoladas;

h) Falta culposa de observância das normas de higiene e segurança no trabalho; i) Prática, no âmbito da empresa, de violências físicas, de injúrias ou outras ofensas punidas por lei sobre trabalhadores da empresa, elementos dos corpos sociais, seus delegados ou representantes;

3 - 33 j) Sequestro e em geral crimes contra a liberdade das pessoas referidas

na alínea anterior;

l) Reduções anormais e culposas da produtividade do trabalhador; m)Falsas declarações relativas à justificação das faltas.

Cláusula 67ª Ilicitude de despedimento 1 - O despedimento é ilícito:

a) Se não tiver sido precedido do processo respectivo ou este for nulo; b) Se se fundar em motivos políticos, ideológicos ou religiosos, ainda

que com invocação de motivo diverso;

c) Se for declarada improcedente a justa causa invocada.

2 - A ilicitude do despedimento só pode ser declarada pelo tribunal em acção intentada pelo trabalhador.

3 - O processo só pode ser declarado nulo se:

a) Faltar a comunicação referida no nº 2 da cláusula 82ª.

b) Não tiverem sido respeitados os direitos que ao trabalhador são reconhecidos nos nºs 5 e 6 da cláusula 82ª e no nº 2 da cláusula 82ª-A;

c) A decisão de despedimento e os seus fundamentos, não constarem de documento escrito, nos termos dos nºs 9 a 11 da cláusula 82ª e do nº 3 da cláusula 82ª-A.

4 - Na acção de impugnação judicial do despedimento, a entidade empregadora apenas pode invocar factos constantes da decisão referida nos nºs 9 a 11 da cláusula 82ª, competindo-lhe a prova dos mesmos.

5 - Para apreciação da justa causa deve o tribunal atender, no quadro da gestão da empresa, ao grau de lesão dos interesses da entidade empregadora, ao carácter das relações entre as partes ou entre o trabalhador e os seus companheiros e às demais circunstâncias que no caso se mostrem relevantes.

Cláusula 68ª Efeitos da ilicitude

1 - Sendo o despedimento declarado ilícito, a entidade empregadora será condenada:

a) No pagamento da importância correspondente ao valor das retribuições que o trabalhador deixou de auferir desde a data do despedimento até à data da sentença;

b) Na reintegração do trabalhador, sem prejuízo da sua categoria e antiguidade, salvo se até à sentença este tiver exercido o direito de opção previsto no nº 3, por sua iniciativa ou a pedido do empregador. 2 - Da importância calculada nos termos da alínea a) do número anterior são deduzidos os seguintes valores:

a) Montante das retribuições respeitantes ao período decorrido desde a data do despedimento até 30 dias antes da data da propositura da acção, se esta não for proposta nos 30 dias subsequentes ao despedimento; b) Montante das importâncias relativas a rendimentos de trabalho auferidos

3 - Em substituição da reintegração pode o trabalhador optar por uma indemnização, nos termos previstos na cláusula 72ª, contando-se para o efeito todo o tempo decorrido até à data da sentença.

Cláusula 69ª Ausência de justa causa

Embora os factos alegados correspondam objectivamente a algumas das situações configuradas nas cláusulas anteriores, a empresa não poderá invocá-los como justa causa:

a) Quando houver praticado actos, posteriormente à verificação do comportamento do trabalhador ou ao seu conhecimento, que revelem não o considerar perturbador das relações de trabalho;

b) Quando houver, expressa e inequivocamente, perdoado ao trabalhador. Cláusula 70ª

Rescisão do contrato por iniciativa do trabalhador

1 - O trabalhador tem direito a rescindir o contrato individual de trabalho por decisão unilateral, devendo comunicá-lo por escrito, com aviso prévio de 2 meses. 2 - No caso de o trabalhador ter menos de 2 anos completos de serviço, o aviso prévio será de 1 mês.

3 - Se o trabalhador, sem o acordo da entidade patronal, não cumprir, total ou parcialmente, o prazo de aviso, pagará à outra parte, a título de indemnização, o valor da retribuição correspondente ao período de aviso prévio em falta.

Cláusula 71ª

Justa causa de rescisão por iniciativa do trabalhador

1 - Constituem justa causa de rescisão do contrato pelo trabalhador os seguintes comportamentos da entidade empregadora:

a) Falta culposa de pagamento pontual da retribuição na forma devida; b) Violação culposa das garantias legais ou convencionais do trabalhador; c) Aplicação de sanção abusiva;

d) Falta culposa de condições de higiene e segurança no trabalho; e) Lesão culposa de interesses patrimoniais sérios do trabalhador; f) Ofensas à integridade física, liberdade, honra ou dignidade do

trabalhador, puníveis por lei, praticadas pela entidade empregadora ou seus representantes legítimos.

2 - Constitui ainda justa causa de rescisão do contrato pelo trabalhador: a) A necessidade de cumprimento de obrigações legais incompatíveis

com a continuação ao serviço;

b) A alteração substancial e duradoura das condições de trabalho no exercício legítimo de poderes da entidade empregadora;

c) A falta não culposa de pagamento pontual da retribuição ao trabalhador. 3 - Se o fundamento da rescisão for o da alínea a) do nº 2, o trabalhador deve notificar a entidade empregadora com a máxima antecedência possível. 4 - A rescisão deve ser feita por escrito, com indicação sucinta dos factos que justificam, dentro dos 15 dias subsequentes ao conhecimento desses factos.

3 - 35 Cláusula 72ª

Indemnizações

1 - A rescisão do contrato com justa causa por iniciativa do trabalhador, quando efectuada ao abrigo do nº 1 da cláusula 71ª, obriga a entidade patronal ao pagamento de uma indemnização ao trabalhador, de 1 mês e meio de remuneração por cada ano de antiguidade ou fracção.

2 - A indemnização a que se refere o número anterior não poderá ser inferior a quatro meses e meio de remuneração.

3 - Para efeitos do disposto nos números anteriores, atender-se-á sempre à retribuição efectiva do trabalhador no momento da rescisão do contrato, contando-se como completos os anos de admissão e rescisão.

Cláusula 73ª

Cessação do contrato de trabalho

1 - Salvo as hipóteses previstas nas cláusulas 66ª e 70ª, a cessação do contrato de trabalho não dispensa a entidade patronal do pagamento integral da retribuição do mês em curso.

2 - Em nenhuma hipótese de cessação do contrato de trabalho a entidade patronal deixará de pagar as retribuições já vencidas na proporção do trabalho prestado.

3 - As indemnizações devidas, quer pela entidade patronal, quer pelo trabalhador, pela rescisão do contrato de trabalho entendem-se sem prejuízo das devidas em acção penal, se for caso disso.

Cláusula 74ª

Despedimento colectivo e despedimento por extinção do posto de trabalho Só serão permitidos despedimentos colectivos e despedimentos por extinção de postos de trabalho desde que observados, pela entidade patronal, todos os requisitos, limites e condicionalismos impostos pela lei em vigor.

Cláusula 75ª

Falência da entidade patronal

1 - A declaração judicial de falência da entidade patronal não faz caducar o contrato de trabalho.

2 - O administrador de falência satisfará integralmente as retribuições que se forem vencendo, se a empresa não for encerrada e enquanto o não for.

3 - A cessação do contrato de trabalho fica sujeita, consoante as circunstâncias do caso, à disciplina de encerramento definitivo, previsto na cláusula 77ª.

Cláusula 76ª Encerramento temporário

1 - No caso de encerramento temporário da empresa e/ou dependência ou redução da actividade, por iniciativa da entidade patronal, por facto a ela imputável ou por razões do seu interesse, os trabalhadores afectados mantêm todos os direitos consignados nesta convenção.

2 - O disposto no número anterior é extensivo a quaisquer outros casos em que o trabalhador não possa executar o serviço por facto que não lhe diga respeito.

3 - Se o encerramento se tornar definitivo, e a partir da respectiva data, aplica-se o disposto na cláusula seguinte.

Cláusula 77ª Encerramento definitivo

Em caso de encerramento definitivo da empresa e/ou dependência quer seja da exclusiva iniciativa da entidade patronal, quer seja ordenada pelas entidades competentes, devendo ser comprovado por peritagem do Ministério do Trabalho, os contratos de trabalho caducam, recebendo os trabalhadores, para além da indemnização legal a que tiverem direito, 5 meses de vencimento, excepto se a entidade patronal puder conservar ao seu serviço os trabalhadores noutra ou noutras empresas ou dependências.

Cláusula 78ª Transmissão de exploração

1 - Em caso de transmissão de exploração, os contratos de trabalho continuarão com a entidade patronal adquirente, salvo quanto aos trabalhadores que não pretendem a manutenção dos respectivos vínculos contratuais, por motivo atendível e devidamente justificado, nomeadamente pela diminuição significativa do património da empresa.

2 - Os contratos de trabalho deverão manter-se com a entidade transmitente se esta prosseguir a actividade noutro ramo de exploração ou estabelecimento e se o trabalhador a isso anuir.

3 - Os trabalhadores que optarem pela cessação do contrato têm direito à indemnização prevista na cláusula 72ª, por cujo pagamento serão solidariamente responsáveis o transmitente e o adquirente.

4 - A entidade patronal adquirente é solidariamente responsável pelo cumprimento de todas as obrigações emergentes do contrato de trabalho vencidas nos 6 meses anteriores à transmissão, desde que reclamadas até ao momento em que ela tenha lugar e ainda que respeitem a trabalhadores cujos contratos hajam cessado.

5 - Não prevalecem sobre as normas anteriores os acordos firmados entre o transmitente e o adquirente, ainda que constem de documento autêntico ou autenticado.

6 - As disposições previstas nesta cláusula aplicam-se igualmente em caso de alteração do pacto social que conduza a diminuição da capacidade da empresa para dar cobertura aos direitos adquiridos pelos trabalhadores ao seu serviço, nomeadamente quanto ao pagamento de eventuais indemnizações. 7 - Para efeito de o trabalhador exercer os direitos de opção que lhe são garantidos por esta cláusula, a entidade ou entidades patronais interessadas poderão notificar os trabalhadores, expondo circunstanciadamente todas as condições de transmissão ou alteração em vista, para que, em 30 dias, os mesmos declarem, por escrito, e por forma irreversível, qual a opção que farão no caso de se concretizar a referida transmissão ou alteração. Se o

3 - 37 trabalhador deixar de se pronunciar, entende-se que aceita continuar ao serviço da entidade patronal interessada, no caso de alteração do pacto, ou de qualquer das entidades patronais interessadas e conforme estas acordarem, mas sem prejuízo do disposto na cláusula 25ª, no caso de transmissão de exploração.

Cláusula 79ª

Créditos resultantes do contrato

1 - Todos os créditos emergentes do contrato de trabalho e da sua violação ou cessação, quer pertencentes à entidade patronal, quer pertencentes ao trabalhador, extinguem-se por prescrição decorrido um ano a partir do dia seguinte àquele em que cessou o contrato de trabalho.

2 - Os créditos resultantes da indemnização por falta de férias, pela aplicação de sanções abusivas ou pela realização de trabalho suplementar vencidos há mais de 5 anos só podem, todavia, ser provados por documento idóneo.

Cláusula 80ª Privilégios creditórios

Os créditos emergentes do contrato de trabalho ou da violação das suas cláusulas gozam do privilégio consignado na lei civil.

CAPÍTULO X