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Educação patrimonial e o patrimônio cultural

CHAVES DE RESPOSTAS PERGUNTAS

cultura e identidade. Além disso, possibilita a interpretação dos bens culturais, e a valorização e preservação do patrimônio.

Na execução do projeto os alunos organizaram-se em grupos para confecção de painéis temáticos sobre: O Império Romano; A sociedade e a cultura romana (a religião, a família, os escravos); a sociedade e a cultura romana; o Coliseu; as Mulheres Romanas. Os alunos capricharam, demonstraram que com domínio dos conteúdos, os trabalhos ficaram interes- santes. A coordenadora pedagógica, os professores e a diretora foram convidados para assistirem a apresentação dos grupos e, em seguida, para votarem no grupo que melhor dominava o conteúdo e que possuía o painel mais bem elaborado.

Na hora da premiação os alunos ficaram ansiosos para saber qual era o prêmio. Junto ao prêmio inserimos uma carta parabenizando o grupo pelo esforço e pedindo que dividissem o prêmio (caixa de chocolate) entre os integrantes da equipe. A atividade foi encerrada com a leitura compartilhada do texto “Milho de Pipoca” do autor Rubem Alves.

De acordo com Horta, Grunberg e Monteiro (1999), a Educação Patrimonial consiste em provocar situações de apren- dizagem sobre o processo cultural e seus produtos e mani- festações, que despertem nos alunos o interesse em resolver questões significativas para sua própria vida, pessoal e coletiva. O processo de ensino-aprendizagem que tem como foco ações sobre o patrimônio, pode ser dinamizado e ampliado por meio da educação patrimonial.

Quadro 1 – Etapas de um planejamento de atividades relativas à educação patrimonial

ETAPAS ATIVIDADESRECURSOS/ OBJETIVOS

Exercícios de percepção visual/sensorial, por meio de perguntas, manipulação, experimentação, medição, anotações, comparação, dedução, jogos de detetive.

* Identificação do objeto / função / significado; * Desenvolvimento da percepção visual e simbólica. Desenhos, descrição verbal ou escrita, gráficos, fotografias, maquetes, mapas e plantas baixas. * Fixação do conhecimento percebido, aprofundamento da observação e análise crítica; * Desenvolvimento da memória, pensamento lógico, intuitivo e operacional. Análise do problema, levantamento de hipóteses, discussão, questionamento, avaliação, pesquisa em outras fontes, como bibliotecas, arquivos, cartórios, instituições, jornais, entrevistas. * Desenvolvimento das capacidades de análise e julgamento crítico, interpretação das evidências e significados.

Recriação, releitura, dra- matização, interpretação em diferentes meios de expressão como pintura, escultura, drama, dança, música, poesia, texto, filme e vídeo.

* Envolvimento afetivo, internalização;

* Desenvolvimento da capacidade de auto expres- são, apropriação, partici- pação criativa, valorização do bem cultural.

Fonte: Horta, Grunberg e Monteiro (1999, p.11)

1) Obs er vaç ão 2) R eg ist ro 3) E xp lo raç ão 4) A pr opr ia çã o

A turma do 7º ano também se organizou em grupos, os quais ficaram com os seguintes temas: Escravidão – captura resistência e luta; Trocas e conflitos; Os quilombos ontem e os remanescentes hoje; Senhores e escravos; A herança portuguesa para cultura brasileira (projeto); A influência dos indígenas na cultura brasileira (projeto); A contribuição do escravo para a cultura brasileira (projeto); Jean-Baptiste Debret e Frans Post; e, Rugendas e Albert Eckhout.

A turma organizou-se para a construção dos painéis. Depois desta, começaram as apresentações dos grupos. Todos os componentes participaram da apresentação de alguma forma. Os trabalhos ficaram muito bons. Ao final, houve a votação do grupo que demonstrou o melhor domínio de conteúdo e o painel mais bem elaborado.

Em termos de possibilidades de realização de uma ação educativa por meio do estudo do patrimônio, de acordo com o Guia Básico de Educação Patrimonial (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999, p. 11), tal ação pode ser feita após a definição do objeto e do tema a ser estudado, o planejamento de trabalho precisa conter as seguintes etapas metodológicas: observação, registro, exploração e apropriação. O Quadro 1 explicita com detalhes tais fases.

Trabalhar com aspectos relativos à educação patrimonial nas aulas História requer do professor a seleção e planejamento de ações metodológicas, tendo como fim a aprendizagem relativa aos bens culturais. A preservação do patrimônio é o fim que se espera. Para tanto, buscamos no processo de aprendizagem a aplicação de práticas interativas com os alunos a fim de promo- ver uma leitura eficaz e, portanto, uma compreensão consciente acerca dos bens patrimoniais.

A Educação Patrimonial é um instrumento de “alfabetiza- ção cultural” que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo

sociocultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido. Este processo leva ao reforço da autoestima dos indivíduos e comunidades e à valorização da cultura brasileira, compreendida como múltipla e plural (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999, p. 6).

Ao final do processo, procedemos à sistematização dos dados. Em meio aos desafios da proposta de trabalharmos com patrimônio, foi gratificante percebermos avanços nos alunos. Isso só se tornou perceptível também devido à manutenção da atenção a todas as atividades realizadas. É a “busca pelo aguçar do olhar”, como chama a atenção Azevedo (2011, p. 78). Foi preciso também manter uma postura flexível diante de tudo que ocorria em sala de aula. Flexível no sentido de atenção à necessidade de diversificação de ações e não de simplificação do processo. Como afirma Azevedo (2011, p. 81): “A adoção de uma postura flexível é necessária para que ele [o pesquisa- dor] perceba a possibilidade de abertura a novas direções de pesquisa e mesmo perspectivas de análise”. O trabalho com a temática “patrimônio” necessita muito disso, pois é uma temática que exige muita contextualização e diálogo constante com os discentes.

Considerações finais

A Educação Patrimonial pode ser considerada um ins- trumento voltado para a educação dos alunos e comunidade em geral referente a temas que versem sobre o conhecimento e a conservação do patrimônio cultural. Tendo em vista as informações acerca do acervo cultural da comunidade onde está inserida a escola, podemos contribuir para despertar nos envolvidos com o processo ensino-aprendizagem o senso de preservação da memória histórica.

REFERÊNCIAS

ANDRÉ, Marli. Etnografia da prática escolar. São Paulo: Papirus, 1995. AZEVEDO, Crislane B. Educação patrimonial, ação educativa em museu e ensino-aprendizagem em História. Akrópolis. Umuarama, v. 18, n. 4, p. 299-314, out./dez. 2010.

AZEVEDO, Crislane B. A formação em pesquisa do professor de História.

Revista NUPEM. Campo Mourão, v. 3, n. 5, p. 73-92, ago./dez. 2011.

BITTENCOURT, Circe. Ensino de história: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004.

FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 10. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2003.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

HORTA, Maria de Lourdes P.; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriana Q. Guia básico de educação patrimonial. Brasília: IPHAN, Museu Imperial, 1999

ORIÁ, Ricardo. Memória e História. In: BITTENCOURT, Circe (Org.).