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Capítulo 2: O papel das zonas de arrebentação de praias tropicais como áreas de

3.1. Ciclo sazonal

3.1.1. Condições ambientais

O nível de chuvas registrado no período de coleta foi similar ao padrão da

série histórica, exceto para os meses de setembro, março e abril que

apresentaram um padrão atípico (Figura 2a). Os maiores valores de temperatura

da água foram registrados em abril e novembro tanto na praia de Miramar (31,2

e 30,5°C, respectivamente), quanto na praia de Costinha (31,9 e 31,2 °C,

respectivamente), meses em que houve uma queda na pluviosidade (Figuras 2a

e 2b). A praia de Miramar apresentou maiores salinidades em abril (34,7), agosto

(35,0) e outubro (34,3), períodos onde houve uma diminuição das chuvas. Já a

salinidade em Costinha não teve grandes variações com maior valor em agosto

(35,0), período de baixa pluviosidade (Figuras 2a e 2c). A turbidez na praia de

Costinha foi alta durante praticamente todos os meses, mostrando uma queda

em abril (38,9), agosto (35,0), setembro (27,3) e novembro (30,2), períodos de

baixa pluviosidade. Na praia de Miramar a turbidez em geral foi baixa (médias

<30), com maiores valores nos meses de maior pluviosidade, março (56,7), maio

(70,8), setembro (121,2), bem como, em outubro (75,33) (Figura 2a e 2d).

A análise de classificação por similaridade baseada nos dados abióticos

definiu dois grupos principais, que separou os meses em estação seca e chuvosa

(Figura 3a). O grupo I foi formado em sua maioria por habitats no período

considerado seco para região de estudo (13,3 a 54,8 mm). Neste grupo foi

incluído também o mês de abril, que geralmente é um mês chuvoso, mas

apresentou um padrão atípico no ano de coleta (Figura. 2a). O grupo I foi

subdividido em Ia e Ib, e separou basicamente as duas praias. O grupo Ia foi

formado por habitats, em sua maioria da praia de Costinha, no período seco com

valores de turbidez predominantemente altos (23,3-116,2), enquanto o Ib foi

formado por habitats da praia de Miramar, no período seco com baixos valores

de turbidez (8,2-32,0) (Figura 3a). O grupo II foi formado por habitats no período

considerado chuvoso para a região de estudo (79,0 a 406,6 mm) e incluiu

setembro, mês geralmente de baixa pluviosidade, mas que apresentou média de

pluviosidade maior do que o esperado no ano de coleta (Figura 2a).

Figura 2:Variações espaciais e sazonais nas variáveis abióticas. Na figura (a) as

barras representam a precipitação média histórica mensal registrada entre 2005

e 2015 e a linha tracejada, o acumulado de chuvas durante o período de coleta.

As demais figuras (b-d) mostram a média±EP das variáveis ambientais

(temperatura da água, salinidade e turbidez) entre maio de 2014 e abril de 2015

nas praias de Miramar e Costinha. IC- início da chuva; FC – final da chuva; IS –

início da seca; FS – final da seca.

Figura 3: Análise de agrupamento das variáveis ambientais (pluviosidade,

temperatura da água, turbidez e salinidade): a – ciclo sazonal nas praias de

Miramar e Costinha; b - ciclo lunar na praia de Miramar. C = Costinha; M =

Miramar (na figura a); M = Maio; J = Junho (na figura b).

3.1.2. Variação espaço-temporal na abundância de S. brasiliensis

A ANOVA sugeriu interação significativa (p<0,01) entre praias e meses

para densidade e biomassa total de S. brasiliensis (Figura 4a e 4b; Tabela 1),

Interações significativas (p<0,01) também foram observadas para abundância de

cada fase ontogenética separadamente. Todas as fases apresentaram maiores

valores médios na praia de Miramar, no entanto, juvenis e subadultos foram mais

abundantes no mês de julho, enquanto adultos no mês de junho (Figura 5;

Tabela 1).

Figura 4:Distribuição temporal de S. brasiliensis: a e b – Média+EP da densidade

e biomassa entre maio de 2014 e abril de 2015 nas praias de Miramar e Costinha;

c e d – Média+EP da densidade e biomassa durante o ciclo lunar na praia de

Miramar. IC- início da chuva; FC – final da chuva; IS – início da seca; FS – final

da seca.

Figura 5: Média+EP da densidade e biomassa das fases ontogenéticas de S.

brasiliensis nas praias adjacentes ao estuário do Rio Paraíba entre maio de 2014

e junho de 2015. IC- início da chuva; FC – final da chuva; IS – início da seca; FS

– final da seca.

Tabela 1: Resultado do teste ANOVA para densidade (ind.ha

-1

) e biomassa (g.ha

-1

) das fases ontogenéticas de S. brasiliensis durante os ciclos sazonal e lunar.

Diferenças significativas foram consideradas quando p<0,05 (em negrito). GL =

graus de liberdade.

GL Total Juvenil Subadulto Adulto

Ciclo sazonal p F p F p F p F

Densidade

Mês (1) 11 0,98 0,34 0,59 0,85 0,97 0,37 <0,01 4,21

Praia (2) 1 <0,01 16,67 0,02 6,00 <0,01 18,25 <0,01 22,44

Interação (1x2) 11 <0,01 3,91 <0,01 4,54 <0,01 3,12 <0,01 3,42

Erro 120

Biomassa

Mês (1) 11 0,62 0,82 0,42 1,03 0,81 0,62 <0,01 4,78

Praia (2) 1 <0,01 13,67 0,03 4,89 <0,01 9,85 <0,01 21,44

Interação (1x2) 11 <0,01 3,18 <0,01 3,61 <0,01 2,54 <0,01 3,80

Erro 120

Ciclo lunar

Densidade

Fase da lua (1) 3 0,18 1,71 0,36 1,10 0,07 2,58 0,28 1,32

Mês (2) 1 <0,01 13,74 <0,01 14,06 <0,01 14,99 0,09 2,95

Interação (1x2) 3 0,08 2,41 0,01 4,69 0,23 1,50 0,48 0,85

Erro 40

Biomassa

Fase da lua (1) 3 0,19 1,66 0,38 1,04 0,06 2,66 0,36 1,09

Mês (2) 1 0,01 8,00 <0,01 16,49 <0,01 10,66 0,09 3,10

Interação (1x2) 3 0,14 1,93 0,01 4,21 0,14 1,94 0,44 0,91

Erro 40

3.1.3. Relação de S. brasiliensis com as variáveis ambientais

A RDA explicou em seu primeiro eixo 28,3% da variação na relação entre

as fases ontogenéticas de S. brasiliensis e as variáveis explicativas e foi

correlacionado positivamente com a turbidez (p<0,05). O segundo eixo explicou

1,4% da variação e foi positivamente correlacionado com a pluviosidade (Figura

6a, Tabela 2). Todas as fases ontogenéticas foram relacionadas positivamente

com os meses de junho e julho na praia de Miramar e de setembro em Costinha

e negativamente relacionadas com o primeiro eixo e, portanto, com a turbidez

(Figura 6a).

Figura 6: Análise Redundância (RDA) entre as variáveis ambientais (vetores

pretos) e a abundância (ind.ha

-1

) das diferentes fases ontogenéticas de S.

brasiliensis (vetores cinzas) durante os ciclos sazonal (a) e lunar (b). Os números

entre parênteses indicam a porcentagem da variação explicada por cada eixo.

Juv – juvenil; Sub – subadulto; Adu – adulto; Sal – salinidade; Pluv –

pluviosidade; Temp – temperatura; Turb - turbidez.

Tabela 2: Resultado da Análise de Redundância (RDA) entre as variáveis

ambientais e a densidade das fases ontogenéticas de S. brasiliensis ao longo

dos ciclos sazonal e lunar nas praias de Costinha e Miramar.

Eixo 1 Eixo2 Eixo 3 Eixo 4 P valor

Ciclo sazonal

Autovalores 0,283 0,014 0,006 0,414

Correlação espécie-ambiente 0,638 0,306 0,191 0,000

Variância percentual cumulativa dos dados

de espécie

28,3 29,7 30,3 71,7

Variância percentual cumulativa da relação

espécie-ambiente

93,6 98,1 100,0 0,0

Pluviosidade (mm) -0,0623 0,2808 -0,0536 0,0000 >0,05

Temperatura (° C) 0,1613 0,0426 0,1001 0,0000 >0,05

Salinidade -0,0988 -0,1407 0,1412 0,0000 >0,05

Turbidez 0,5314 0,0562 -0,0637 0,0000 <0,05

Ciclo lunar

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