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O pensamento a cerca de cidade criativa foi associado inicialmente ao de um lugar onde intérpretes com seus talentos desempenhavam o papel principal e onde a imaginação guiava os traços e espírito da cidade. Outra concepção associa as indústrias criativas das artes do espetáculo às visuais, do design à música, aos centros econômicos, como fator de criação de identidade urbana ou fator de geração de turismo e imagem. Outra acepção de cidade criativa é a de uma enorme “classe criativa” que abrange os segmentos citados, somado à presença da comunidade de pesquisa e demais estudiosos. (LANDRY, 2011, p. 10).

O conhecimento e a criatividade são a base para a dinâmica que impulsionam as transformações nas formas de produção, consumo e convivência social nas

sociedades modernas. Assim, a obtenção de conhecimento e criatividade constituem fator de extrema relevância no desenvolvimento social, econômico e político de um país. Diferente do que ocorre em outros países, como é o caso da Austrália, da Turquia, da China, a criatividade tem sido apoiada por políticas públicas e tratada como um bem por excelência da inovação. No Brasil, tais tecnologias ainda carecem de apoio do Estado brasileiro para vicejarem (BRASIL, 2011).

Inicialmente a criatividade foi percebida como “um elemento essencial do que se tornou a trajetória de cidade criativa, a partir do início dos anos 1980, foi o esforço da comunidade artística para justificar seu valor econômico". (LANDRY, 2011, p. 7). Entretanto não ficou apenas para a justificação artística. Nos últimos anos, a criatividade vem promovendo a inserção de novos conceitos, ideias dentro da sociedade, assim como gerando retornos favoráveis e positivos. É preciso recordar que a mudança no cenário social ocorre por mudanças aceitas pela própria sociedade. À luz desse prisma, nas palavras de Lerner (2011, p. 40), “toda cidade deveria desenvolver/aprimorar seu desenho próprio, um desenho que pode ser escondido sob camadas de ambientes naturais e construídos”. A cidade deve ter vida. A criatividade faz a ascensão da vida no espaço urbano, ou seja, na cidade. A dinâmica urbana gera um movimento de rotação que faz a cidade não parar, dando vida e efeito a tudo que se cria e renova. Parafraseando Kageyama (2011, p. 55), a cidade criativa é um sentimento, indicando que algo está acontecendo, ou poderia acontecer, de movimento, de momento, de energia. A cidade seja grande ou pequena pode ter um ambiente em ação que motiva seus cidadãos.

De acordo com Landry (2008; 2011), entende-se que ao longo do tempo, as indústrias criativas, do design à música, das artes do espetáculo às visuais, estiveram no centro dos debates, por seu papel dentro do eixo econômico, gerador de identidade urbana ou fator de geração de turismo e imagem. Com isso, um indicador básico de cidade criativa é a presença de uma grande “classe criativa”. Isso desperta para a necessidade de repensar o papel das cidades, de seus recursos e como o planejamento da cidade pode acontecer ou funcionar. Como refere o mesmo autor, “A cidade criativa é, portanto, uma mensagem clara para estimular a abertura mental, a imaginação e a participação pública. Isso tem um impacto enorme na cultura organizacional”. (LANDRY, 2011, p.13).

A ideia de cidade deve ser repensada com clareza e cautela para escapar da rejeição que suscita. Para Elsa Vivant (2012), a ideia inicial de cidade como entidade

emancipadora deve ser revisada. A expressão "cidade criativa" pode ser entendida como um projeto político liberal no sentido norte-americano do termo, assim sendo, evidencia tolerância aos costumes e escolhas de vida. Entende-se então que a força da cidade conecta-se à sua dimensão criativa, apresentada por seu dinamismo cultural e artístico, o qual é capaz de fazer frente aos efeitos de desinvestimento provocados pelo declínio industrial. Nessa perspectiva a autora conclui, “as grandes cidades sempre foram espaços de manifestação da singularidade e da criatividade”. (VIVANT, 2012, p. 10).

Mas a ideia de criatividade não é restrita a determinadas classes. Segundo Charles Landry (2011, p.10) os chamados “criativos” não se limitam a artistas, profissionais das novas mídias ou design ou pesquisadores das universidades. A criatividade influencia a sociedade e os setores econômicos. De acordo com Eagleton (2005, p. 55), a cultura apresenta-se como um conhecimento implícito incorporada no mundo, a qual se tornou um meio de negociação, entre as pessoas, de formas adequadas de agir em determinados contextos. A cidade criativa favorece o ambiente criativo. Este agrega características como visão estratégica para desenvolver setores da economia criativa; novos equipamentos icônicos; poder de atrair; reutilização de antigos edifícios para as atividades da nova economia normalmente para criar uma atmosfera viva, e misturar o novo com o antigo; mudança do olhar sobre o ambiente físico das cidades, para criar espaços para a socialização e o convívio. (LANDRY, 2011, p. 11).

A criatividade tem sido bastante valorizada favorecendo o fortalecimento econômico da cidade. É multidimensional, e age como uma potencia em diversas esferas e formas. Não se pode limitar a potencialidade da criatividade humana para não limitar o desenvolvimento da cidade. Com isso, observa-se a ligação do trabalho e do lugar com a perspectiva e ideário de “cidade criativa”. Apesar de não ser um centro político independente, a Praia da Pipa dialoga com a criatividade e com o convívio da inovação através dos empreendimentos que favorecem entendimentos entre os poderes políticos, as entidades culturais e os agentes econômicos.

3 OS SETORES CRIATIVOS

No presente capitulo, abordamos as indústrias criativas, seu conceito, sua ascensão e difusão no Brasil e os setores abrangidos. Contextualizamos ainda as indústrias criativas no cenário internacional e sua institucionalização no Brasil, com a criação da Secretaria de Economia Criativa. No segundo subcapítulo, caracterizamos os setores criativos no Brasil, relacionando com os do estado do Rio Grande do Norte e do município de Tibau do Sul, fazendo um recorte local para as atividades desenvolvidas na Praia da Pipa.