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Cisto mediastinal como causa de grave compressão da via aérea central e disfonia

No documento jbpneu v39n5 completo (páginas 114-119)

Mediastinal cyst as a cause of severe airway compression and dysphonia

Vanessa Costa Menezes, Paulo Francisco Guerreiro Cardoso, Hélio Minamoto, Márcia Jacomelli, Paulo Sampaio Gutierrez, Fabio Biscegli Jatene

Cisto mediastinal como causa de grave compressão da via aérea central e disfonia

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o diagnóstico de cisto paratireoidiano benigno não funcionante (Figura 2).

Cistos paratireoidianos são geralmente assintomáticos e mimetizam lesões da tireoide. Os sintomáticos são extremamente raros, com cerca de 200 casos relatados. Desses, apenas 10 apresentavam paralisia de nervo laríngeo recorrente com disfonia.(1,2) São de crescimento

lento, usualmente visualizados posteriormente ao lobo esquerdo da tireoide, território comum aos bócios tireoidianos intratorácicos. Aproximadamente 80% dessas lesões são não funcionantes e assintomáticas.(3) Os cistos

funcionantes se manifestam usualmente através de hiperparatireoidismo pela produção anômala de paratormônio causando hipercalcemia. Há um

A B

C D

Figura 1 - TCs de tórax. Em A, reconstrução coronal demonstrando a compressão traqueal (seta clara) pela

lesão e o contato com o polo inferior do lobo esquerdo da tireoide (seta escura). Em B, C e D, lesão cística sem calcificações no compartimento visceral do mediastino com compressão severa da traqueia mediastinal (setas claras) nas reconstruções sagital, axial e coronal, respectivamente. Nota-se a ausência de realce após injeção de contraste endovenoso.

relato de cisto paratireoidiano funcionante de grandes dimensões simulando bócio tireoidiano com sintomas compressivos.(4) A compressão

das estruturas vizinhas pode levar a estridor laríngeo, dispneia e disfagia; entretanto, a combinação desses fatores na presença de lesão não funcionante, como no caso que descrevemos, é extremamente incomum. A ausência de disfagia a despeito das grandes dimensões do cisto pode ser explicada pela notória capacidade de acomodação do esôfago no mediastino, mesmo quando comprimido por lesões de grandes dimensões.

Os sintomas e características do cisto do paciente assemelham-se aos descritos por um grupo de autores, que realizaram uma punção

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no intuito de melhorar a condição ventilatória até o tratamento definitivo. Não obstante, nossa opção pela broncoscopia e intubação sob auxílio broncoscópico mostrou-se segura e eficaz. Não foram realizadas cintilografia nem ultrassonografia da tireoide uma vez que ambas não modificariam a conduta terapêutica.

À TC, os cistos não funcionantes apresentam-se como imagens homogêneas transcutânea do cisto para seu esvaziamento que

resultou em recidiva subsequente, necessitando ressecção cirúrgica.(5) Apesar dos relatos de

aspiração e escleroterapia do cisto, a conduta não é a prática recomendada, razão pela qual não a realizamos. Entretanto, em retrospecto, há de se ponderar que, na vigência de severa obstrução ventilatória, como a descrita em nosso paciente, o risco desse tipo de punção seria justificável

Figura 2 - Em A, corte histológico da parede do cisto, constituída por tecido fibroso revestido por epitélio

cuboide (H&E; aumento, 20×). Em B, reação imuno-histoquímica demonstrando a positividade para paratormônio no revestimento epitelial (aumento, 20×).

A

50 µm

B

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de baixa densidade, enquanto, na ressonância magnética nuclear, esses se mostram como áreas isointensas devido ao seu conteúdo fluido seroso. Em nosso caso, a ressonância magnética nuclear não foi realizada, pois as informações da TC foram suficientes para a definição da natureza e limites, sobretudo no que tange à relação do cisto com as estruturas vasculares mediastinais.

Existem relatos isolados de carcinoma cístico funcionante da paratireoide no mediastino.(6) A degeneração cística oriunda

de um adenoma ou de um adenocarcinoma apresenta um comportamento distinto de um cisto paratireoidiano. No primeiro, há predomínio de líquido hemorrágico ou achocolatado em seu conteúdo, sendo que a cápsula não é circundada por uma camada epitelial. No cisto simples, o conteúdo é de líquido claro, perolado, recoberto por uma camada de células epiteliais colunares achatadas a cuboidais que guardam características da histologia típica das paratireoides.(4)

A ressecção cirúrgica é recomendada para os cistos funcionantes e para os não funcionantes associados com sintomas compressivos, nos quais a aspiração isolada leva a recidiva da lesão e dos sintomas. Nossa opção pela ressecção via toracotomia videoassistida baseou-se na topografia do mediastino visceral e na necessidade de visualização detalhada das estruturas para se evitar a lesão do nervo laríngeo recorrente direito.

O presente caso demonstra que os cistos paratireoidianos mediastinais não funcionantes, embora raros, podem ser causa de grave obstrução de via aérea central e disfonia, sobretudo quando atingem grandes dimensões. O tratamento cirúrgico é a forma mais eficaz e segura de resolução completa dos sintomas compressivos, devendo ser precedido de investigação diagnóstica e planejamento criteriosos.

Vanessa Costa Menezes Médica Residente, Disciplina de Cirurgia Torácica, Instituto do Coração, Hospital das

Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo,

São Paulo (SP) Brasil

Paulo Francisco Guerreiro Cardoso Médico Assistente Doutor, Departamento de Cardiopneumologia, Disciplina de Cirurgia Torácica, Instituto

do Coração, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo

(SP) Brasil Hélio Minamoto

Médico Assistente Doutor, Disciplina de Cirurgia Torácica, Instituto do Coração,

Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo,

São Paulo (SP) Brasil Márcia Jacomelli Médica Assistente, Serviço de Endoscopia Respiratória, Instituto do Coração, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de

São Paulo, São Paulo (SP) Brasil Paulo Sampaio Gutierrez Médico Assistente, Laboratório de Anatomia Patológica, Instituto do Coração, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de

São Paulo, São Paulo (SP) Brasil Fabio Biscegli Jatene

Professor Titular, Departamento de Cardiopneumologia, Disciplina de Cirurgia Torácica, Instituto do Coração,

Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo,

São Paulo (SP) Brasil

Referências

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2. Sánchez A, Carretto H. Treatment of a nonfunctioning parathyroid cyst with tetracycline injection. Head Neck. 1993;15(3):263-5. http://dx.doi.org/10.1002/ hed.2880150317

3. Agrawal D, Lahiri TK, Agrawal A, Singh MK. Uncommon parathyroid mediastinal cyst compressing the trachea. Indian J Chest Dis Allied Sci. 2006;48(4):279-81. PMid:16970296

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4. McKay GD, Ng TH, Morgan GJ, Chen RC. Giant functioning parathyroid cyst presenting as a retrosternal goitre. ANZ J Surg. 2007;77(4):297-304. http://dx.doi.org/10.1111/ j.1445-2197.2007.04037.x PMid:17388841

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Cardiovasc Surg. 2002;50(2):85-7. http://dx.doi. org/10.1007/BF02919671 PMid:11905065

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