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Clínicas de fisioterapia: no contexto do estudo

CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.4 TRAJETÓRIA DO DESENVOLVIMENTO DA FISIOTERAPIA E DO

2.4.2 O Processo de Trabalho do Fisioterapeuta

2.4.2.1 Clínicas de fisioterapia: no contexto do estudo

Neste momento, serão tratados alguns aspectos que caracterizam as clínicas de fisioterapia que como descrito previamente, é um dos locais onde o fisioterapeuta pode exercer atividades concernentes a sua profissão e são também, segundo Pamplona (2005), consideradas empresas prestadoras de serviços em saúde porquanto realizam atividades através de profissionais habilitados atuando de acordo com sua formação e desenvolvendo atividades inerentes à sua profissão.

Muniz e Teixeira (2007) distinguem fatores que devem ser observados na montagem de um serviço de fisioterapia para garantir seu bom funcionamento tais como o tipo de atendimento que será oferecido a respeito das especialidades, o perfil dos clientes, condições de trabalho para os fisioterapeutas e demais funcionários, a qualidade e diversidade de equipamentos e a área destinada à implantação do serviço.

Completando a citação do autor referido, a estrutura física precisa contar com uma recepção para atendimento inicial do paciente, um consultório onde é feita a avaliação fisioterapêutica para a determinação do diagnóstico cinesiológico e a elaboração do tratamento. Outro ambiente necessário é a sala de atendimento aos pacientes que deve apresentar boas condições de temperatura e iluminação, além dos equipamentos necessários para os atendimentos que a clínica oferece.

Acrescenta-se que quaisquer serviços de fisioterapia devem adotar as diretrizes e os padrões de construção regidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2002), do Ministério da Saúde (MS), de acordo com o previsto na Resolução RDC Nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Esta norma descreve os sistemas básicos para instalações elétricas e eletrônicas, áreas físicas e instalações, condições ambientais de controle de infecção e condições de segurança contra incêndio para os estabelecimentos brasileiros de saúde.

Vale lembrar, ainda, que a área física destinada a atender aos pacientes deve levar em conta o fato de que parcela dos usuários pode ser de idosos e de pessoas com dificuldade de locomoção, justificando a instalação de um

serviço adequado para evitar acidentes. A este respeito, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004), por meio da NBR 9050, fixa os padrões e critérios com o intuito de propiciar aos portadores de deficiências condições adequadas e seguras de acessibilidade autônoma a edificações, ao espaço e mobiliário, e aos equipamentos urbanos.

O Conselho Regional de Fisioterapia distingue consultórios e clínicas de fisioterapia o primeiro está relacionado à pessoa física enquanto o segundo a pessoa jurídica. De acordo com dados do CREFITO – 1, na Paraíba, estão registradas e regulamentadas em 2009, 110 clínicas de fisioterapia das quais trinta e sete estão na capital João Pessoa que em termos gerais, prestam atendimento nas diferentes áreas da fisioterapia.

Em razão de não termos em nosso País, um sistema de saúde pública eficiente, grande parte dos brasileiros contratam serviços de Planos de Saúde Privados e, portanto, para uma clínica ter boa aceitação no mercado é importante que ela seja conveniada com o maior número possível de Planos de Assistência Privada.

A respeito disso, Pamplona (2005) acrescenta que, considerando que os planos privados de assistência à saúde credenciam como prestador de serviços, somente pessoas jurídicas, justifica-se a opção dos fisioterapeutas, de constituir uma empresa ao invés de prestar serviços em um consultório, para ser passível de credenciamento de seus serviços, e assim, por meio da parceria, ter a possibilidade de aumentar o fluxo de clientes e consequentemente, a rentabilidade do negócio.

Um dilema enfrentado pelos gestores refere-se aos valores estabelecidos nas tabelas dos planos de saúde para cada atendimento da fisioterapia. Isto porque a remuneração disponibilizada pelo convênio para cada atendimento, não segue o referencial nacional de honorários fisioterapêutico (RNHF) e em geral, não são compatíveis com os custos do tratamento. Esta discrepância induz ao atendimento de vários pacientes ao mesmo tempo por um único profissional, conferindo sobrecarga de trabalho ao fisioterapeuta e atenção precária ao usuários.

Algumas clínicas têm como proprietários médicos que dispõem de um serviço de fisioterapia em sua clínica médica e contratam fisioterapeutas para trabalhar para eles. Grande parte das clínicas de fisioterapia é propriedade de fisioterapeutas que são também gerentes e contratam especialistas para prestar atendimento nas diversas áreas de atuação.

Pamplona (2005) destaca que ao atuar na função gerencial, o fisioterapeuta necessita de conhecimentos muito diferentes daqueles adquiridos na sua formação. Precisa adquirir habilidades que lhe são, se não completamente desconhecidas, absolutamente novas e distintas do seu contexto de trabalho, passando a ter novas tarefas em sua rotina diária.

As ações que competem aos profissionais contratados destas empresas podem ser sintetizadas ao atendimento do paciente mediante encaminhamento de um médico especialista com o diagnóstico clínico da doença, avaliação física, análise de exames complementares quando presentes, elaboração do diagnóstico cinesiológico e da conduta terapêutica, execução da terapia e acompanhamento da evolução deste paciente até sua alta.

Algumas vezes, esta autonomia profissional fica prejudicada pela dinâmica de atendimento das clínicas onde o proprietário fisioterapeuta realiza a avaliação, por ser uma atividade que exige pouco desgaste físico e em geral, é demorada, enquanto os funcionários realizam os procedimentos terapêuticos.

Não obstante, esta dinâmica de atendimentos priorizando a rapidez e eficiência na quantidade de atendimentos pode repercutir no atendimento ao paciente que deixa de ser acompanhado por um único profissional, para ser atendido por aquele que estiver disponível, tornando-se uma rotina conveniente, porém não compatível com as premissas da prática fisioterapêutica.

Assim, encerra-se este referencial que buscou proporcionar uma visão a cerca dos temas deste estudo: a motivação no trabalho e o profissional fisioterapeuta. No capítulo que segue, descreve-se a metodologia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa.

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