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Projeto 3 – Dispositivos inalatórios para doenças respiratórias

2) Classes de dispositivos inalatórios

São diversos os tipos e formatos de dispositivos inalatórios disponíveis no mercado, sendo que a seleção de um deles é dependente não só do dispositivo em si, como também das características do doente. Assim é necessário promover uma avaliação, por exemplo da idade e da capacidade respiratória do utente, bem como a forma de utilização e custo do inalador.

Esta seleção baseada nas características (tabela 5) surge devido à vasta oferta destes dispositivos

que os tornam tão distintos e específicos. [42] Atualmente existem os inaladores pMDI - Pressurized Metered Dose Inhaler, DPI - Dry Powder Inhaler e os nebulizadores (Respimat ®). [39]

Tabela 5 – Seleção de dispositivo inalatório [42]

O utente consegue fazer uma inalação: Dispositivo recomendado:

Rápida e vigorosa DPI

Lenta e profunda pMDI ou Respimat ®

Ambas DPI; pMDI ou Respimat ®

2.1) pMDI

Este tipo de inaladores apresenta uma dose efetiva, e uma percentagem de depósito com variação entre os 8 e os 60%. Como o próprio nome indica, a matéria-prima é pressurizada havendo por isso a necessidade de realizar a inalação de forma simultânea à administração. Para além deste passo crítico, é ainda necessário advertir para a necessidade de uma agitação prévia. Ambas as situações constituem erros muito comuns no manuseamento do dispositivo.

Importante ainda referir que se por um lado é possível utilizar uma câmara expansora para os utentes que revelem dificuldade na coordenação dos movimentos; por outro, esta é de caráter obrigatório para crianças até aos 6 anos de idade. [42,43]

2.1.1) Câmaras expansoras

Tal como mencionando anteriormente, o objetivo principal das câmaras expansoras é promover

uma maior capacidade de coordenação entre a ativação do inalador e a inspiração. As mesmas, para além desta atividade facilitadora, são ainda importantes para uma redução da velocidade das partículas e redução da deposição orofaríngea. [44]

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2.2) DPI

Os DPI são dispositivos de pó seco e como tal, são necessários cuidados adicionais em relação

à conservação dos mesmos, devido a problemas externos, como por exemplo, a humidade. Não exige a necessidade de coordenação ativação-inalação como nos anteriores, contudo apesar deste possível erro ser eliminado, outros surgem, como é o caso de inexistência de expiração prévia, inspiração não vigorosa e incapacidade de realizar apneia no final da inalação.

Importante ainda referir que o inalador não pode ser agitado ou inclinado após o carregamento da dose. Esta dose pode ser única - Aerolizer®, Breezhaler®, Handihaler® – ou de dose múltipla - Diskus®, Easyhaler®, Ellipta®, Genuair®, Noevolizer®, Spiromax®, Turbohaler®, Twisthaler®. [42]

2.3) Nebulizadores

O Respimat® surge como representante desta classe, também denominada externamente por Soft Mist Inhaler. Este dipositivo apresenta um aspeto físico muito semelhante a alguns dos dispositivos anteriores, contudo o fármaco é libertado na forma de nuvem, tendo o doente de ser chamado à atenção para que não haja contacto com os olhos sobre o risco de efeitos secundários moderados a graves. [45,46]

Tratam-se de inaladores de dose múltipla uma vez que duas inalações correspondem a apenas uma dose (ou seja, é sempre necessária mais do que uma libertação). [42]

3) Projeto desenvolvido

Durante o período despendido no balcão de atendimento, foi-me possível contactar com inúmeros utentes que, por um lado iriam iniciar a terapêutica com um inalador, ou por outro, já se encontravam a realizar a terapia, mas tinham inúmeras dúvidas. É um facto que estes dispositivos inalatórios suscitam múltiplas questões, dificuldades de manuseamento e de realização correta do método, principalmente quando se tratam de crianças e idosos (grande percentagem de utentes utilizadores dos mesmos na FM).

Embora o estabelecimento possua alguns exemplares para demonstrações, as explicações tornam- se difíceis quando os utentes percebem que há uma ligeira diferença no aspeto ou então quando não conseguem ver as mudanças físicas que abordamos– como por exemplo, alteração do número de dose; alteração de cor verde para vermelha (aquando da inalação), entre outras.

Além disso, na FM alguns dos inaladores apresentavam mais rotação que outros e aqueles menos utilizados e menos comuns, suscitavam algumas dúvidas até para os profissionais de saúde.

Surgiu assim a oportunidade de realização de uma brochura “Dispositivos Inalatórios” (anexo XIII) , com ilustrações de todos os funcionamentos dos dispositivos presentes ou não na FM, bem

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como acompanhamento com notas importantes a referir e erros comuns a reportar ao utente para se evitarem erros na terapêutica.

A brochura teve desde o início um objetivo duplo: por um lado auxiliar os membros da equipa a explicar ao utente o funcionamento, levando-a consigo e tendo sempre as imagens como referência; por outro, permitir que a equipa se mantenha mais informada e com um acesso fácil à informação.

3.1) Resultados

Este projeto foi apenas realizado em abril e aquando do término do meu estágio, não surgiu

nenhum utente com dúvidas ou a atravessar a sua iniciação terapêutica. Assim sendo, não posso indicar resultados face a um dos objetivos da criação da brochura.

Contudo, em relação aos membros da equipa, todos ficaram agradados com a ideia e quando mostrado o produto final, numa espécie de formação/ explicação, indicaram ser de grande utilidade acima de tudo para, em caso de desconhecimento do produto, poderem rapidamente ter acesso à informação longe dos olhos do utente e, assim, nunca deixar que o mesmo se sinta inseguro.

3.2) Conclusões

Por todo o feedback recebido pela equipa e pelo potencial que acredito que a brochura criada tenha

como auxiliador, posso concluir que o projeto foi um sucesso. Além disso, o facto da mesma não ser apenas momentânea (como foi o caso de cada um dos rastreios), fez com que a atenção e dedicação ao mesmo fosse elevada porque, provavelmente será utilizado a médio-longo prazo e será sempre uma marca deixada por uma estagiária da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, algo não muito comum na FM.

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Referências

[1] Ordem dos farmacêuticos: “Boas Práticas Farmacêuticas em Farmácia Comunitária”. Acessível em: www.ordemfarmaceuticos.pt [Acedido em 07 de julho de 2019]

[2] Glintt: Sifarma. Acessível em: http://www.glintt.com. [Acedido em 7 de julho de 2019]

[3] Jornal de notícias “Há mais farmácias, mas 675 estão em insolvência” Acessível em : www.jn.pt [Acedido em 8 de julho de 2019]

[4] Rede regional “19 farmácias do distrito em insolvência e 26 em alvo de penhora”. Acessível em: www.rederegional.com [Acedido em 8 de julho de 2019]

[5] Ordem dos farmacêuticos: Boas Práticas Farmacêuticas em Farmácia Comunitária. Acessível em https://ordemfarmaceuticos.pt/ [Acedido em 10 de julho de 2018].

[6] “ValorMed – Processo” Acessível em: www.valormed.pt/paginas/8/processo [Acedido em 10 de julho de 2019].

[7]Ordem dos Farmacêuticos “A Farmácia Comunitária”. Acessível em: www.ordemfarmaceuticos.pt [Acedido em 11 de julho de 2018].

[8] Portaria nº 224/2015, de 27 de julho - Estabelece o regime jurídico a que obedecem as regras de prescrição e dispensa de medicamentos e produtos de saúde e define as obrigações de

informação a prestar aos utentes. [Acedido em 10 de julho de 2019].

[9] INFARMED: Decreto-Lei n.º 20/2013, de 14 de fevereiro - Procede à sétima alteração ao Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto, que estabelece o regime jurídico dos medicamentos de uso humano. Acessível em: www.infarmed.pt. [Acedido em 10 de julho de 2019].

[10] Del Ciampo, L A, Ricco, R G, Daneluzzi, J C, Ciampo, D, Lopes, I R, Ferraz, I S, Almeida, C A N D (2006). Family Health Care Program and child health care. Ciência & Saúde Coletiva, 11(3):739- 743.

[11 INFARMED: Decreto-Lei n.º 145/2009, de 17 de junho - Estabelece as regras a que devem obedecer a investigação, o fabrico, a comercialização, a entrada em serviço, a vigilância e a publicidade dos dispositivos médicos e respectivos acessórios. Acessível em:

http://www.infarmed.pt. [acedido em 12 de julho de 2019].

[12] Freitas, A. (2014). Dispositivos Médicos: Enquadramento Regulamentar e Documentação Técnica. Ordem Dos Farmacêuticos, 60.

[13] INFARMED: Boletim de Farmacovigilância “Suplementos Alimentares: o que são e como notificar reações adversas”. Acessível em: www.infarmed.pt. [Acedido em 12 de julho de 2019]. [14] INFARMED: Decreto-Lei n.º 296/98, de 25 de Setembro - Regras que disciplinam o mercado de produtos cosméticos e de higiene corporal. Acessível em:

http://www.infarmed.pt. [acedido em 12 de julho de 2019].

[15] INFARMED: Decreto-Lei nº 184/97 de 26 de julho - Regime jurídico dos medicamentos de uso veterinário farmacológicos. Acessível em: http://www.infarmed.pt. [Acedido em 14 de julho de 2019].

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[16] INFARMED: Medicamentos Manipulados. Acessível em: http://www.infarmed.pt. [Acedido em 12 de julho de 2019].

[17] Fernandes W S, Cembranelli J C (2015). Automedicação e o uso irracional de medicamentos: o papel do profissional farmacêutico no combate a essas práticas. Revista Univap, 21(37): 5-12 [18]AdvanceCare: Automedicação: um mal dos nossos dias. Acessível em: www.advancecare.pt. [ Acedido a 13 de julho de 2019]

[19] Casanova, M. (2011). Requisitos regulamentares e análise da evolução do Mercado. Colégio da especialidade de assuntos regulamentares, Ordem dos Farmacêuticos.

[20] INFARMED: Psicotrópicos e estupefacientes. Acessível em:www.infarmed.pt [Acedido em 13 de julho de 2019]

[21] INFARMED: Decreto-Lei n.º 19/2014, de 5 de fevereiro - Procede à quarta alteração ao Decreto- Lei n.º 48-A/2010, de 13 de maio, que aprova o regime geral das comparticipações do Estado no preço dos medicamentos, e à terceira alteração ao Decreto-Lei n.º 112/2011, de 29 de novembro, que aprova o regime da formação do preço dos medicamentos sujeitos a receita médica e dos medicamentos não sujeitos a receita médica comparticipado. Acessível em: www.infarmed.pt. [Acedido em 15 de julho de 2019].

[22] Serviço Nacional De Saúde: Comparticipação de medicamentos. Acessível em: www.sns.gov.pt [Acedido em 15 de julho de 2019].

[23] INFARMED: Despacho n.º 15700/2012, de 30 de novembro - Aprova os modelos de receita médica, no âmbito da regulamentação da Portaria n.º 137-A/2012, de 11 de maio. Acessível em: www.infarmed.pt [Acedido em 15 de julho de 2019]

[24] INFARMED: Normas relativas à prescrição de medicamentos e produtos de saúde. Acessível em: www.infarmed.pt [Acedido em 15 de julho de 2019]

[25] Serviço Nacional De Saúde: Normas relativas à prescrição de medicamentos e produtos de saúde. Acessível em: www.sns.gov.pt. [Acedido em 17 de julho de 2019]

[26] World Heatlh Organization: Cardiovascular diseases. Acessível em: www.who.int. [Acedido em 16 de julho de 2019]

[27] Serviço Nacional De Saúde: Retrato da Saúde 2018. Acessível em: www.sns.gov.pt. [Acedido em 16 de julho de 2019]

[28] Fundação Portuguesa de Cardiologia: Hipertensão. Acessível em: www.fpcardiologia.pt. [Acedido em 1 de agosto de 2019]

[29] Direção Geral de Saúde: Hipertensão Arterial – Definição e classificação. Acessível em: www.dgs.pt. [Acedido em 1 de agosto de 2019]

[30] Sociedade Portuguesa de Hipertensão: Monotorização da Hipertensão Arterial. Acessível em: www.sphta.pt. [Acedido em 1 de agosto de 2019]

[31] World Health Organization: Diabetes. Acessível em: www.who.int. [Acedido em 04 de agosto de 2019]

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[32]Bial: Doenças Cardiovasculares – Diabetes Mellitus. Acessível em: www.bial.com.pt. [Acedido a 2 de agosto de 2019]

[33] Gonçalves C.P., (2007) Imunogenética da Diabetes tipo I. Revista Portuguesa da Diabetes 2(4): 14-21

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[40] Direção Geral de Saúde: Estatísticas da saúde- Portugal, Doenças Respiratórias em Números (2015). Acessível em: www.dgs.pt. [Acedido a 6 de agosto de 2019]

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[42] Direção Geral de Saúde: Ensino e Avaliação da Técnica Inalatória na Asma. Acessível em: www.dgs.pt [Acedido a 7 de agosto de 2019]

[43] Roche, N, Dekhuijzen, P R (2016). The evolution of pressurized metered-dose inhalers from early to modern devices. Journal of aerosol medicine and pulmonary drug delivery, 29(4): 311-327. [44] Farmácias Portuguesas: O que é uma câmara expansora? Acessível em: www.farmaciasportuguesas.pt. [Acedido a 5 de agosto de 2019]

[45] INFARMED. Resumo das Características do Medicamento – Spiriva Respimat. Acessível em: www.infarmed.pt. [Acedido a 8 de agosto de 2019]

[46] Respimat: How to prepare your disposable inhaler for first use. Acessível em: www.respimat.com. [Acedido a 8 de agosto de 2019]

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ANEXOS

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