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Classes de risco da madeira em edifícios

4.2 Fungos

4.5.1 Classes de risco da madeira em edifícios

Como referido, as normas NP EN 335-1:2011 e NP EN 335-2:2011 estabelecem as classes de risco e situações de serviço genéricas para elementos de madeira maciça não tratados, em função do risco de ataque de agentes biológicos e das suas consequências. Estabelecem-se então 5 classes de risco (Cruz & Nunes, 2005).

4.5.1.1 Classe de risco 1

Refere-se a madeira em ambientes interiores, permanentemente seca. Consideram-se teores de água inferiores a 20% em todo o elemento e ao longo do seu tempo de serviço, sendo insignificante o risco de instalação de bolores ou fungos. O ataque por caruncho ou térmitas da madeira seca é possível, em função da localização geográfica da construção.

4.5.1.2 Classe de risco 2

Trata de madeiras em ambientes interiores, geralmente seca mas podendo ultrapassar temporariamente 20% de teor em água. Existe assim risco de ataque por fungos de podridão castanha, fungos cromogéneos ou por bolores superficiais. Pode ocorrer ataque por caruncho, térmitas da madeira seca ou ainda térmitas subterrâneas.

4.5.1.3 Classe de risco 3

Refere-se a madeiras exteriores ou expostas a humedecimento, sem contacto com o solo e frequentemente com teores em água superiores a 20%. Esta classe divide-se em duas subclasses, 3.1 e 3.2, para madeiras protegidas ou não protegidas respetivamente, sendo que nesta última, a possibilidade de teores em água superiores a 20% é mais elevada. Existe possibilidade de ataque por bolores superficiais, fungos cromogéneos, fungos de podridão castanha ou branca e ainda um risco de ataque por insetos semelhante ao da classe 2.

4.5.1.4 Classe de risco 4

Para madeiras no exterior, em contacto com o solo ou com água doce. Também nesta classe existem duas subclasses, 4.1 e 4.2, sendo que a última refere-se a um contacto mais severo com o solo e/ou água, em que o teor em água está permanentemente acima dos 20%. Existe risco de ataque por caruncho e térmitas de madeira seca em zonas eventualmente acima do solo, e por fungos cromogéneos ou dos vários tipos de podridão e ainda por térmitas subterrâneas nas zonas permanentemente húmidas.

Degradação por agentes biológicos

4.5.1.5 Classe de risco 5

Trata de madeira em contacto com água salgada. Neste caso, o ataque por xilófagos marinhos é o principal risco, mas pode igualmente estar sujeita ao ataque de qualquer dos agentes referente à classe de risco 4

Como resumo, apresenta-se a tabela seguinte.

Tabela 4.2 - Resumo das classes de risco (Cruz & Nunes, 2005)

As diferentes classes de risco determinam exigências específicas quanto à durabilidade natural das madeiras a utilizar ou quanto ao eventual tratamento preservador a aplicar. Informação sobre este assunto pode ser encontrada nas normas europeias EN335-2:2011, EN460:1995 e EN 599- 1:2009.

É de referir ainda que, se a classe de risco for convenientemente estimada e a madeira devidamente tratada e utilizada, sendo submetida a um tratamento preservador quando necessário, a possibilidade de casos graves de degradação biológica é bastante reduzida (Cruz & Nunes, 2005).

Capítulo 5

5 Técnicas de inspeção e diagnóstico, tratamento e

consolidação

Pretende-se neste capítulo fazer uma apresentação das técnicas de inspeção e diagnóstico, expondo, de forma sintética, as várias etapas deste processo. Tem-se ainda como objetivo distinguir técnicas destrutivas (TD) e não destrutivas (TND), apresentando alguns exemplos destas, ao mesmo tempo que se explica os seus pressupostos. Fornece-se ainda informação quanto aos processos de tratamento e de consolidação de elementos mediamente degradados por fungos, apresentando-se o processo utilizado no presente estudo.

5.1 Introdução

No sentido de conhecer as reais condições de serviço de um edifício com estrutura em madeira, é essencial a realização de campanhas de inspeção periódicas. Estas têm como objetivo avaliar o estado de conservação das madeiras e estabelecer ações de manutenção que permitam suster a progressão dos processos de deterioração em curso, bem como manter ou repor o nível de desempenho dos componentes e dos edifícios em geral (Cruz, et al., 1999). Estas campanhas devem recair sobre todas as peças da estrutura, com o objetivo de interpretar corretamente os sintomas, distinguir as anomalias reversíveis das irreversíveis e conferir a cada uma a sua efetiva importância, no sentido de reduzir os imprevistos e garantir o êxito da própria intervenção (Henriques, 2011).

É de referir que a rigorosa identificação do estado de conservação da estrutura obrigaria à utilização de técnicas destrutivas (TD) com a recolha de carotes para ensaios laboratoriais. Contudo, essa solução apresenta-se inadmissível na maioria dos casos e o recurso a inspeções visuais e a técnicas não destrutivas (TND) é a opção (Valle, et al., 2006; Tannert, et al., 2010). Também a procura de informação como a idade e a história do edifício poderão constituir uma ajuda preciosa na interpretação do funcionamento da estrutura, na caracterização dos materiais e avaliação da sua capacidade resistente (Cruz, 2011; Cruz, et al., 2013).

A inspeção visual toma especial importância, uma vez que permite ter uma noção geral do problema e estabelecer um plano de inspeção detalhado consequente, que seja adequado ao tipo de construção e ao seu estado geral. Em função desta primeira análise, que pode recorrer a instrumentos simples, como a uma faca ou formão para confirmar a existência de degradação, pode concluir-se sobre a necessidade do uso de técnicas complementares de diagnóstico por recurso a equipamentos mais sofisticados (Ramundo, et al., 2011). São exemplo destes equipamentos, o Pilodyn® de Görlacher (1987), o Resistograph® de Rinn (1994), e outros, assentes em tecnologias como a termografia, os ultra-sons, os raios-X, entre outras.

Técnicas de inspeção e diagnóstico, tratamento e consolidação

Contudo, nenhuma destas técnicas, embora bastante úteis, é capaz de substituir uma análise pessoal cuidada, já que cada uma delas se destina a avaliar apenas um determinado aspeto do material. Exigem normalmente uma calibração prévia para as espécies em estudo e para as condições particulares de utilização dos aparelhos (Cruz, 2011). Assim, é importante conhecer as espécies em estudo, através da história do edifício e processos construtivos da época ou, quando indispensável, por análise laboratorial. Pode então afirmar-se que um processo de avaliação eficaz recorre muitas vezes a técnicas que se complementam, e a uma correlação de dados adequada e objetiva (Ramundo, et al., 2011; Jasienko, et al., 2013; Machado, 2013).

É ainda de salientar que um grande número de danos em estruturas antigas de madeira ocorre após ações de restauro impróprias (Henriques, 2001, citando, Bonamini, 1995), muitas vezes por alterações do tipo e intensidade das cargas atuantes ou alterações microclimáticas do ambiente interior, por colocação de isolamentos ou instalações de ar condicionado, entre outros. Chama-se então a atenção para a necessidade de estimar os ambientes pós-intervenção, no sentido de não comprometer a mesma.