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Classificação das águas do rio Corumbataí segundo a legislação Conama 357/05

Ao comparar os resultados das variáveis físicas, químicas e microbiológicas, mencionadas na Tabela 15, em set/2005, dez/2005, mar/2006, jun/2006 e set/2006, com os valores máximos permitidos (V.M.P.) da legislação brasileira, Conama 357 (BRASIL, 2005), que estabele os

limites para classificação das águas doce em I, II, III e IV, observou-se que as variáveis fósforo total, turbidez, pH, OD, clorofila a, coliformes termotolerantes (E. coli), DBO, classificaram alguns pontos, como classe 3 ou 4, em pelos menos uma das coletas, em contraste a classificação do rio Corumbataí como classe 2, com base no relatório anual da qualidade das águas interiores do estado de São Paulo, realizado em 2005 (CETESB, 2008c).

Na sub-bacia do rio Corumbataí, a região mais comprometida, localiza-se a jusante de Rio Claro, ponto RJ (6), após receber os efluentes da cidade e do afluente Ribeirão Claro; e em Piracicaba, ponto PI (7). Apenas 30 a 35% do efluente doméstico desta região é tratado atualmente, o que pode ser comprovado pela quantidade de Escherichia coli encontrada e a baixa concentração de OD (CETESB 2008c; CETESB, 2008e). No Alto Corumbataí, números elevados de E. coli também foram encontrados, o que demonstra o descarte de efluentes domésticos sem tratamento prévio no rio.

O fósforo total e a DBO encontrada no rio Corumbataí, no período de estudo classificou o rio como classe 4, principalmente na região da cidade de Rio Claro e Piracicaba, o que pode ter relação com a lixiviação de fertilizantes do solo, e devido ao uso nas plantações de cana-de-açúcar desta região (VALENTE, 2001). Além disso, a potencial carga de DBO, ocasionada pelo uso da vinhaça na agricultura, para o rio Corumbataí, pode ser outro fator importante, ainda não apresentado em nenhum relatório da CETESB.

Estudos realizados por Salati (1996) no rio Corumbataí apresentaram teores de Mn, OD, turbidez, nitrogênio amoniacal que classificaram o rio como classe 3. Neste mesmo trabalho, foi observado que a taxa de depuração do rio foi alta em torno de 89,1% principalmente no inverno, enquanto que Palma-Silva (1999) observou uma taxa de autodepuração que chegava a 70% nesta estação.

Em 2003 e 2004, Jardim (2004) analisou os mesmos sete pontos de coleta, ao longo do rio Corumbataí (Analândia montante e jusante, Corumbataí montante e jusante, Rio Claro montante e jusante, e Piracicaba). A turbidez, DBO, coliformes termotolerantes (E. coli) e teores de fósforo, também apresentaram valores acima dos limites estabelecidos na Resolução Conama 20/86, para rios classe 3, atual legislação na época.

Tabela 15 – Classificação da água do rio Corumbataí em classe I, II, III e IV, comparando-se os valores das variáveis obtidas no período de estudo e a legislação Conama 357 (BRASIL, 2005)

Ponto de

coleta OD DBO E. coli P total NH3

Sólidos

Totais Turbidez Clorofila-a Fluoretos

set/05 AM (1)* I I III I II II I II II AJ (2)* I I I II II II I I II CM (3)* I I II II II II I I II CJ (4)* I I IV II II II I II II RM (5)* I I IV II II II I II II RJ (6)* II III IV IV II II I I II PI (7)* II III IV III II II I II II dez/05 AM (1)* I * IV II II II I I II AJ (2)* I * IV II II II I I II CM (3)* I * IV I II II I I II CJ (4)* I * IV III II II II I II RM (5)* I * IV III II II II I II RJ (6)* II * IV IV II II IV I II PI (7)* II * IV IV II II IV I II mar/06 AM (1)* I III III I II II I I II AJ (2)* I III IV I II II I I II CM (3)* I III IV II II II I I II CJ (4)* I III IV III II II I I II RM (5)* I III IV III II II I I II RJ (6)* I III IV IV II II I I II PI (7)* I III IV IV II II I I II jun/06 AM (1)* I II I III II II I I II AJ (2)* I II IV III II II I I II CM (3)* I II IV III II II I I II CJ (4)* I II II III II II I I II RM (5)* I II IV IV II II I I II RJ (6)* I III IV IV II II I I II PI (7)* I III IV IV II II I I II set/06 AM (1)* I II II I II II I I II AJ (2)* I II IV I II II I I II CM (3)* I III IV I II II I I II CJ (4)* I II IV I II II I I II RM (5)* I II IV IV II II I I II RJ (6)* IV IV IV IV II II IV III II PI (7)* IV IV IV IV II II I I II

* AM (1) – Analândia Montante, AJ (2) – Analândia Jusante, CM (3) – Corumbataí Montante, CJ (4) – Corumbataí Jusante, RM (5)– Rio Claro Montante, RJ (6) – Rio Claro Jusante, PI (7) – Piracicaba

Em relação aos metais, ao analisarmos os valores mínimos e máximos (Tabela 16), somente alguns pontos de coleta estão acima do estabelecido pela legislação Conama 357 (BRASIL, 2005) para rios classe 2.

Tabela 16 – Resultados mínimos e máximos dos teores de metais obtidos na água do rio Corumbataí e comparação com os VMPs(1) para rios Classe 2

rio Corumbataí Metal

Mínimo

(µg L-1) Ponto e Coleta Máximo (µg L-1) Ponto e Coleta

VMPs(1) para rio

classe 2 (µg L-1)*

Be N.D.** CM, em set/2005 0,18 RJ, em set/2006 40

Na (3) 0,55 PI, em jun/2006 20 RJ, em jun/2006 -(2)

Mg (3) 0,57 AM, em jun/2006 5,4 RJ, em dez/2005 -(2)

Aldissolvido N.D.** Muitos pontos 199 (4) AJ, em set/2006 100

K (3) 0,93 PI, em jun/2006 3,8 PI, em set/2005 -(2)

Ca (3) 0,99 AM, em jun/2006 9,0 RJ, em set/2006 -(2)

Mn 31 CM,CJ, em jun/2006 198 (4) RJ, em dez/2005 100

Fedissolvido 40 CJ, em jun/2006 683 (4) CM, em set/2005 300

V 0,74 AJ, em set/2005 13 RJ, em set/2006 100

Cr N.D.** AJ, em jun/2006 5,1 RJ, em set/2006 50

Co 0,33 CJ, em jun/2006 2,1 RJ, em set/2006 50

Ni N.D.** CM, em jun/2006 3,7 RJ, em set/2006 25

Cudissolvido 0,04 Muitos pontos 8,1 AJ, em set/2006 9

Zn N.D.** AM,RJ,PI, dez/2005 em 56 RJ, em set/2006 180

As

N.D.** AJ,CM,CJ, em

dez/2005 4,5 RJ, em set/2005 10

Se N.D.** AM, em jun/2006 AJ, em set/2006 0,53 PI, em jun/2006 10

Mo N.D.** AM,CM, em jun/2006 0,56 AM, em set/2005 -(2)

Ag N.D.** AM-RM, em jun/2006 0,30 RM, jun/2006 10

Cd N.D.** AM, em jun/2006 1,0 (4) AJ, em jun/2006 1

Sb N.D.** CM, em jun/2006 0,22 RJ, em set/2006 5

Ba 38 AJ, em jun/2006 94 CJ, em set/2005 700

Hg 0,07 AM, em jun/2006 0,70 (4) PI, em set/2006 0,2

Tl 0,01 CM, em jun/2006 0,06 RJ, em set/2006 -(2)

Pb N.D.** AM, em jun/2006 6,6 RJ, em set/2006 10

Th 0,02 AJ, em jun/2006 0,91 RJ, em set/2006 -(2)

U 0,01 CM, em jun/2006 0,39 RJ, em set/2006 20

(1)

VMP: Valor máximo permitido

(2)

Não há limites máximos estabelecidos

(3)

Teores em mg L-1

(4)

Acima do VMP para águas classe 2

* Legislação apresenta valores em mg L-1, no entanto, neste trabalho VMPs estão em µg L-1 **N.D. = Não detectável, concentrações abaixo do limite de detecção do método (L.D.M.)

Verifica-se que, a concentração de Al dissolvido, de 199 µg L-1, no ponto AJ (2), em set/2006, classifica este ponto como classe 3. Esta concentração pode ser explicada por este ponto estar localizado a jusante da cidade de Analândia, e logo após o ponto de captação de água. No tratamento da água, a ser consumida na cidade, é usado sulfato de alumínio, o que explica a maior concentração de Al no ponto AJ (2).

Outro ponto com teores acima do valor máximo permitido - VMP, para rios classe 2 (BRASIL, 2005), foi o ponto RJ (6), em set/2006, com concentração de Mn total na água, de 198 µg L-1. Isto pode estar relacionado, ao uso deste metal na produção de esmalte porcelanizado, cerâmicas, fungicidas, rações, produtos farmacêuticos, como aditivo anti-detonante em combustíveis e/ou com o uso de adubos fertilizantes na região. Além disso, a lixiviação natural de Mn proveniente da erosão solo, pode ser responsável por estes teores na água. Os pontos PI (7), em set/2005, dez/2005 e set/2006; e o ponto CJ (4), em dez/2005, também apresentaram VMPs, acima dos estabelecidos para rios classe 2. A ocorrência de chuva, o aumento de sólidos totais nestes pontos, e a correlação dos valores de sólidos totais com os teores de Mn (r = 0,32), pode comprovar fontes de Mn, devido a erosão do solo.

O Fe dissolvido também apresentou concentração acima do recomendado (VMP) para rios classe 2, nos pontos: AM (1), em set/2005 e dez/2005, com 420 e 390 µg L-1; AJ (2), em set/2005, com 620 µg L-1; CM (3), em set/2005, com 680 µg L-1; CJ (4), em set/2005 e dez/2005, com 494 e 328, µg L-1; RM (5), em dez/2005, com 430 µg L-1, RJ (6), em dez/2005, com 600 µg L-1 e o ponto PI (7), em set/2005 com 460 µg L-1. Estes pontos portanto, foram classificados como classe 3.

A contaminação pelo Fe dissolvido pode ter relacão à diversas fontes antropogênicas. Erosão de solos com fertilizantes, mineração, efluentes de indústrias metalúrgicas, siderúrgicas, esgotos domésticos e até mesmo encanamentos antigos existentes. O Fe é um elemento essencial a vida aquática, no entanto, os teores de Fe dissolvido encontrados no rio Corumbataí, pode disponibilizar o Fe e bioacumular-se na cadeia trófica. Os organismos que freqüentemente acumulam Fe são algas e moluscos. Assim, o uso destes organismos, poderia ser um bioindicadores na monitorização das águas (LIMA, 2003; SHARMA et al., 2000).

O Hg apresentou concentrações de 0,7 µg L-1 no ponto PI (7), em set/2006, acima do VMP de 0,2 µg L-1 da classe 2. O Hg é utilizado na fabricação de baterias, lâmpadas elétricas, laboratórios químicos, produção de cloro, podendo ser também utilizados como fungicidas,

inseticidas e herbicidas. Além disso, é um poluente ambiental tóxico que está entre os metais que mais se bioconcentram na cadeia alimentar.

O Cd apresentou, valores iguais ao do VMP para classe 2, no ponto AJ (2), em jun/2006, indicando um aumento considerável, e um fato importante, visto que este metal pode se bioacumular em plantas aquáticas, invertebrados, peixes e mamíferos e ser um dos metais mais tóxicos para os organismos aquáticos.

4.4 Índice de Qualidade da Água (IQA)

O Índice de qualidade da água (IQA) foi calculado utilizando as variáveis: OD, Temperatura, Coliformes Termotolerantes (E. coli), pH, DBO, nitrogênio total (N total), fósforo total (P total), turbidez e sólidos totais, presentes na água do rio Corumbataí no período de estudo. De acordo com o IQA calculado, os pontos de coleta foram classificados nas categorias: Ótima, 79-100; Boa, 51-79; Regular, 36-51; Ruim, 19-36; Péssima, ≤ 19 (Tabela 17). Comparando-se os IQAs calculados por Zambetta (2006), durante os anos de 2004 e ínicio de 2005, com os IQAs obtidos para os mesmos pontos de coleta, observou-se que, o rio Corumbataí continua apresentando pontos com qualidade entre boa e regular. Notou-se uma queda da qualidade nos pontos RJ (6) e PI (7), destacando-se a coleta de set/2006. O IQA calculado do ponto RJ (6), passou de 47, em set/2005, classificado como “regular”, para 24, “ruim”, em set/2006. E o ponto PI (7), passou de 47, em set/2005, para 36 em set/2006, alterando-o de “regular” para “ruim”.

Tabela 17 - Índice de Qualidade da Água (IQA) calculados na água do rio Corumbataí entre set/2005 e set/2006

Pontos de

Coleta set/05 dez/05 mar/06 jun/06 set/06

AM (1)* 66 (Boa) ** 75 (Boa) 77 (Boa) 69 (Boa)

AJ (2)* 59 (Boa) ** 64 (Boa) 70 (Boa) 62 (Boa)

CM (3)* 64 (Boa) ** 66 (Boa) 68 (Boa) 57 (Boa)

CJ (4)* 59 (Boa) ** 63 (Boa) 72 (Boa) 60 (Boa)

RM (5)* 59 (Boa) ** 64 (Boa) 66 (Boa) 63 (Boa)

RJ (6)* 47 (Regular) ** 40 (Regular) 56 (Boa) 24 (Ruim)

PI (7)* 47(Regular) ** 44 (Regular) 53 (Boa) 36 (Ruim)

* AM (1) – Analândia Montante, AJ (2) – Analândia Jusante, CM (3) – Corumbataí Montante, CJ (4) – Corumbataí Jusante, RM (5)– Rio Claro Montante, RJ (6) – Rio Claro Jusante, PI (7) – Piracicaba ** IQA não calculado devido a falta dos resultados da variável DBO em dez/2005