• Nenhum resultado encontrado

Classificação das brincadeiras desenvolvidas

5. TEORIA BIOECOLÓGICA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

7.11 Classificação das brincadeiras desenvolvidas

Após apresentação dos critérios para análise dos dados, um procedimento importante foi o da classificação das brincadeiras porque cada uma delas causa influências diferentes na formação das relações interpessoais e nas manifestações das características pessoais (recursos, disposições e demandas) das crianças.

• (D) Brincadeiras "em dupla" são aquelas que orientavam as crianças a formarem duplas para vivenciar os movimentos. O professor/pesquisador foi o responsável por possibilitar a formação de díades de participação conjunta em ambas as turmas. Após as explicações da brincadeira ele dizia: "- pega um amigo", dirigindo para formações de relações interpessoais. Neste momento, as crianças ficavam eufóricas e gritavam ao mesmo tempo em que procuravam sua dupla e se engajavam nesta tarefa, porque a brincadeira propiciava equilíbrio de poder e troca de papéis.

• (G) Brincadeiras "em grupo" são aquelas que orientavam todas as crianças a participarem conjuntamente da vivência. O professor/pesquisador também foi responsável pela organização inicial das crianças em roda, a diferença é que como todas tinham a oportunidade de participação conjuntamente não havia necessidade de escolha da colega para formação de relações interpessoais de ante mão. A participação delas fora estabelecida durante o desenvolvimento da atividade e as crianças apresentaram

69

comportamentos mais tranquilos. Neste caso, a criança não possuía poder ou poderia trocar de papel por vontade própria, mas somente quando a regra lhe permitia. Esta condição orientou as crianças para esperar o momento certo de expressar seus movimentos por vontade própria.

Ainda se mostrou necessário outro tipo de classificação que não exclui a anterior e que foi denominada de brincadeiras de "Imitação" (I) e de "Manifestação" (M):

• (I) Caracteriza-se pelas brincadeiras que exigiram da criança a compreensão e vivencia de um novo movimento corporal trazido pelo professor. Parte da premissa que ao exercitar movimentos novos as crianças se apropriam de seus aspectos mais relevantes, ampliando seus conhecimentos sobre o próprio corpo e suas possíveis expressões. (Piaget, data). Estas brincadeiras demandaram das crianças um padrão do movimento e de seus recursos motores.

• (M) Reúne as brincadeiras que permitem as crianças expressar movimentos corporais a partir de seu conhecimento e capacidade. Presume processos de criação, memória e imaginação num momento de aperfeiçoamento dos conhecimentos que a criança já possui sobre o próprio corpo. Estas brincadeiras foram responsáveis por maior diversificação de movimentos manifestados pelas crianças em comparação as outras brincadeiras.

A partir das classificações das brincadeiras, foram designadas da seguinte forma: 1ª Sessão: Início da roda (Id), Exploração da ginga (Id) e Jogo espontâneo (Md); 2ª Sessão: Siga ao Mestre (Mg) e Montagem do berimbau (Ig); 3ª Sessão: Jogo espontâneo (Id) e Salto por cima da aranha (Id); 4ª Sessão: Siga ao Mestre (Mg) e Espelho (Md).

Quadro 4

Panorama classificatório das brincadeiras desenvolvidas

Classificação Em Dupla (D) Em Grupo (G)

Imitação (I) Início da roda, Exploração da ginga e Salto por cima da aranha

Montagem do Berimbau Manifestação (M) Jogo Espontâneo e Espelho Siga ao Mestre

71

8 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Toda a psicologia do coletivo no desenvolvimento infantil está sob nova luz: geralmente perguntam, como esta ou aquela criança se comporta no coletivo. Nós perguntamos: como o coletivo cria nesta ou naquela criança as funções psicológica superiores? Antes era pressuposto: a função existe no indivíduo em forma pronta, semi-pronta, ou embrionária – no coletivo ela exercita-se, desenvolve-se, torna-se mais complexa, eleva- se, enriquece-se, freia-se, oprime-se, etc. Agora: função primeiro constrói-se no coletivo em forma de relação entre as crianças – depois constitui-se como função psicológica da personalidade. Antes: cada criança tem raciocínio, do conflito deles nasce a discussão. Agora: da discussão nasce a reflexão. O mesmo sobre todas as funções. (VYGOTSKY, 1929, p.9)

A fim de orientar a leitura e análise dos resultados, apresentamos a sequencia pela qual os dados foram organizados. Lembramos que as atividades foram realizadas com crianças de duas salas, sendo a Turma "dos Gatinhos" e a Turma "dos Dragões" e desenvolvidas32 29 sessões de atividades. Para preservação da identidade das crianças, foi atribuído um número para cada uma delas, sendo de 01 a 28 referentes à turma "dos Gatinhos" e, de 29 a 56 para a turma "dos Dragões", conforme se verifica nos quadros 51 e 52.

Iniciaremos as descrições com a Turma "dos Gatinhos", a qual contava com um total de 27 alunos no início da pesquisa, porém ao longo do período ocorreram o desligamento de 3 alunos e a inclusão de 1, desta maneira esta turma finalizou o estudo com 25 alunos.

Posteriormente, elucidaremos os dados referentes a Turma "dos Dragões" a qual contava com um total de 26 alunos no início da pesquisa e que ao longo do período ocorreram o desligamento de 2 alunos e a inclusão de 1, desta maneira esta turma finalizou o estudo com 25.

Lembramos a seguir os instrumentos e procedimentos adotados para a obtenção dos dados, os quais se referiram ao microssistemas, sala de aula que foi o ambiente imediato avaliado. Foram observadas as a) relações interpessoais estabelecidas e b) as características biopsicológicas manifestadas durante as atividades e c) os registros obtidos pelo diário de campo, elaborado de maneira resumida com os dados de cada uma das quatro sessões de atividades com as crianças. Foi aplicado um questionário averiguando se as crianças manifestaram algum conhecimento de Capoeira em outros microssistemas, em conjunto com a família.

32

Devemos mencionar que ambas as turmas tiveram três sessões de inserção ecológica antes da coleta de dados. Por isso, não retiramos da frequência dos alunos tais sessões porque acreditamos que a presença das crianças nestas vivencias causam influencias no aprendizado.

72