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4 MATERIAL E MÉTODOS

5.1 CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE USO E COBERTURA

As áreas da bacia hidrográfica e da zona ripária do rio Caripi foram respectivamente, 47.849,45 ha e 27.386,12 ha (Figura 13); onde a zona ripária delimitada representa 57,23% da área da bacia hidrográfica, o que lhe confere um importante papel nos processos hidrológicos que ocorrem nesta bacia.

Figura 13 - Delimitação da Bacia Hidrográfica e de sua Zona Ripária.

As Figuras 14 a 17 representam as classes de uso e cobertura da terra da área de estudo obtidas pela classificação das imagens e verificação de campo.

Observa-se que a configuração espacial das classes mapeadas, teve maior concentração de infraestrutura urbana e atividades agropecuárias (mosaico de ocupações, agricultura e pastagem) na parte sul da bacia (alto curso do rio Caripi). Os ambientes naturais (campo natural e mangue) estão localizados na parte norte da bacia (baixo curso do rio); a classe de vegetação secundária permeia toda a área da bacia e a de floresta secundária tem maior abrangência do médio ao baixo curso do rio Caripi, estando, de modo geral, restrita principalmente às margens do referido rio e de alguns de seus afluentes (floresta aluvial).

Com base nos valores e percentuais de área das classes mapeadas, pode-se inferir que houve uma estabilidade de área ocupada em todo o período analisado (1984-2013) para as classes de campo natural, mangue, massa d’água e mosaico de ocupações. Já para o intervalo de 1984 à 1994, houve aumento das áreas de agricultura e floresta secundária e retração das classes de pastagem e vegetação secundária, além de uma discreta diminuição das áreas de mosaico de ocupações, ou seja, houve transição de classes de pastagem e vegetação secundária para agricultura e floresta secundária. Já para o período de 1994-2004, ocorreu o fenômeno inverso, as classes de agricultura e floresta secundária diminuíram em favor das classes de pastagem e vegetação secundária e, por fim, no período seguinte (2004-2013), constatou-se retração nas áreas de agricultura e vegetação secundária, manutenção das áreas de floresta secundária e um aumento da área de pastagem (Figura 18).

Figura 18 - Classes de Cobertura e Uso da Terra - Anos de 1984, 1994, 2004 e 2013.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Agricultura Pastagem Mosaico de Ocupações Campo Natural Floresta Secundária Vegetação Secundária Mangue Massa D'água 1984 (%) 1994 (%) 2004 (%) 2013 (%)

A transição de áreas de vegetação secundária para a classe de floresta secundária ocorreu devido algumas áreas de vegetação secundária estarem em estágio médio de regeneração e atingiram em 1994 um estágio avançado de regeneração, sendo feições identificadas na imagem de 1994 que apresentam características de floresta secundária (cor verde escuro, textura rugosa, etc.). Além disso, destaca-se que as informações de classes de uso e cobertura para o ano de 2013 foram prejudicadas em virtude da excessiva presença de nuvens e suas respectivas sombras na imagem do referido ano, as quais juntas representam 10,63% da área da bacia.

Em relação às classes existentes na zona ripária, observa-se em todo o período (1984- 2013) que ocorreram poucas mudanças significativas nas áreas das classes de campo natural, mangue e massa d´água. Para as classes de agricultura e mosaico de ocupações houve redução de suas áreas ao longo do referido período e, em contrapartida, a classe de pastagem teve significativo aumento de sua área, passou de 776,81 hectares em 1984 para 1966,17 hectares em 2013.

A classe de vegetação secundária que em 1984 abrangeu 19.047,87 (72,09% da zona ripária) hectares reduziu para 15.298,2 (57,85%), uma redução de 3.749,67 hectares, equivalente a 14,24%, denotando que boa parte dessa área pode ter sido convertida para pastagens, que teve um grande aumento durante o período analisado, visto que não foi identificado um incremento na classe floresta secundária, que aumentou em área apenas em 1994, mas logo retraiu em 2004 e basicamente se manteve em 2013 (Tabela 5).

Tabela 7 - Valores de Área e Percentuais das Classes de Uso e Cobertura da Terra na Zona Ripária.

Classes de Uso e Cobertura da Terra

1984 1994 2004 2013

área (ha) / % área (ha) / % área (ha) / % área (ha) / %

Agricultura 333,21 / 1,26 1200,99 / 4,54 314,47 / 1,18 200,79 / 0,75 Campo Natural 560,00 / 2,11 564,57 / 2,13 545,19/ 2,06 528,45 / 1,99 Floresta Secundária 2536,91 / 9,59 5420,25 / 20,5 3381,00 / 12,79 3030,16 / 11,46 Mangue 1879,47 / 7,11 1630,42 / 6,16 1711,81 / 6,47 1599,36 / 6,05 Mosaico de Ocupações 1299,24 / 4,91 988,80 / 3,74 1048,27 / 3,96 990,84 / 3,74 Pastagem 776,81 / 2,93 172,80 / 0,65 963,13 / 3,64 1966,17 / 7,43 Vegetação Secundária 19047,87 / 72,09 16362,78 / 61,9 17854,1 / 67,39 15298,2 / 57,85

O aumento da área de pastagem ficou concentrado na porção do alto curso do rio Caripi, local que corresponde ao município de Igarapé-Açú, o que tem relação com o número

elevado de bovinos no referido município (16509 cabeças), ao passo que em Maracanã esta concentração é, em comparação, relativamente menor (3280 cabeças) (IBGE, 2004; 2013).

A cobertura florestal da zona ripária diminuiu com a redução tanto da floresta secundária como da vegetação secundária, as quais juntas representam, em 2013, 69,31% de sua área da abrangência. Porém, apesar de ser um percentual médio a alto, é preciso esclarecer que esse valor diz respeito à soma dos percentuais que as classes vegetação secundária e floresta secundária representam na zona ripária e que ao analisar separadamente as mesmas, verifica-se que a floresta secundária, que é a classe onde localiza-se efetivamente a zona ripária, representa apenas 11,46% do total.

Essa relação suscita imediatas medidas de conservação, visto a importância que a mesma possui no contexto da bacia como um todo, a exemplo das contribuições na geração do escoamento direto, para o aumento da capacidade de armazenamento de água dentro do sistema e para a filtragem superficial de sedimentos, atuando diretamente sobre a qualidade da água produzida, entre tantos outros benefícios supracitados (VOGEL et al., 2009; TUNDISI; MATSUMURA-TUNDISI, 2010; ATTANASIO et al., 2012).

A remoção da floresta secundária pode ocasionar, portanto, alterações no escoamento, o que terá como consequência direta a diminuição da quantidade de recarga do sistema, bem como da qualidade do recurso hídrico da bacia hidrográfica do Rio Caripi (TUCCI; MENDES, 2006; CARVALHO, 2012).

A redução da área da vegetação secundária também representa um grande risco para a manutenção da zona ripária, pois considera-se nesse trabalho que sendo respeitado todos os estágios de regeneração, futuramente a mesma seria convertida para floresta secundária, o que de acordo com a Tabela 5 não está ocorrendo.

Pelo exposto, percebe-se que tanto a bacia hidrográfica como a zona ripária do rio Caripi passaram por diversas mudanças em sua cobertura florestal, sendo que tais mudanças estão relacionadas tanto à uma dinâmica espacial da alteração como à uma variação quantitativa significativa para as classes de floresta secundária e vegetação secundária, principalmente no baixo curso da bacia, indicando que a bacia do Rio Caripi está tendo impactos negativos em função do uso da terra inapropriado e indiscriminado, não sendo respeitado assim o que o Código Florestal preconiza.

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