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2.2 BILINGUISMO E BILINGUALIDADE: DEFINIÇÃO DE CONCEITOS

2.2.2 CLASSIFICAÇÃO DE UM INDIVÍDUO BILÍNGUE DE ACORDO COM A IDADE DE AQUISIÇÃO

De acordo com a sua competência, um indivíduo bilíngue pode ser um bilíngue balanceado18, ou seja, possui uma competência equivalente nas duas línguas. Essa competência não precisa, necessariamente, ser alta, o importante para esse conceito é que o nível de competência nas diferentes línguas seja o mesmo; ou, pode ser um bilíngue dominante, o qual possui uma competência maior em uma das línguas, sendo ela, geralmente, a sua LM. Os autores apontam que um indivíduo que adquire em casa dois idiomas, ainda durante a infância, foi educado nos dois idiomas e usa ambos de maneira regular tanto em casa quanto no trabalho

17 Bilinguality, de acordo com Hamers e Blanc (2000). 18 Balanced bilingual.

é, muito provavelmente, um bilíngue balanceado; já o indivíduo que cresceu em um país no qual sua L1 é considerada uma L2 pela maioria de seus habitantes, foi educado na língua do país ( que é diferente da sua LM), utiliza sua língua materna apenas em âmbitos familiares e, muitas vezes, não é capaz nem de escrever e nem de ler na sua LM, etc. Esse indivíduo pode ser considerado como fazendo parte do grupo de bilíngues dominantes, podendo, nesse caso, ser dominante na L2 quando adquirida na infância ou na LM. De uma forma similar, as crianças envolvidas nesse estudo também fazem parte dessa última categoria, pois, aprendem a L2 apenas em um dos âmbitos de suas vidas. Essas crianças aprendem a L2 (Inglês) na escola em contexto de educação bilíngue, muito provavelmente não a utilizam em casa com seus pais e a L2 é diferente da sua L1 (Português Brasileiro) e é pouco utilizada em seu dia a dia fora do ambiente escolar. Essa seria uma situação quase que “ideal” para a aquisição de uma L2, em um contexto bilíngue. Em contexto escolar bilíngue, a instituição procura oferecer um ambiente o mais natural possível para que a criança adquira a L2 de forma comparada à sua L1. Quanto a idade de aquisição, pode ser dividida em três categorias básicas:

1. Bilinguismo infantil 1.1 Simultâneo 1.2 Consecutivo

2. Bilinguismo adolescente 3. Bilinguismo adulto

O Bilinguismo infantil é considerado aquele no qual se adquire uma outra língua ainda na infância, geralmente até os 11 anos de idade e pode ser subdividido em duas categorias: o bilinguismo infantil simultâneo e o bilinguismo infantil consecutivo. No primeiro, as crianças adquirem as duas línguas ao mesmo tempo, quase sempre em contexto familiar na qual a família é bilíngue e isso acarretará em uma criança falante de duas línguas maternas, possuindo assim, uma competência equivalente nas duas línguas; no segundo, a criança aprende as línguas na infância, antes dos 11 anos, mas de forma não simultânea (de maneira consecutiva). A segunda língua é, geralmente, adquirida em contexto escolar e, dessa maneira, já não é classificada como uma LM e sim como uma L2. Nesse trabalho, analisaremos as crianças pertencentes ao segundo grupo, crianças brasileiras bilíngues que começaram a aprender a língua inglesa em contexto escolar antes dos 11 anos de idade, que fazem parte de uma escola que possui um programa bilíngue. Consideraremos, inicialmente, que um programa bilíngue pode ser classificado como um meio/tentativa de introduzir uma segunda língua de forma natural, ou seja, o indivíduo

participa de aulas de diversas disciplinas, ministradas na língua estrangeira, no nosso caso em inglês. Essas aulas ocorrem em turno oposto ao que os alunos estudam, mas contêm as mesmas (ou parte das) disciplinas e, apenas, as disciplinas relacionadas diretamente à LM da criança são ministradas na L1, no nosso caso o Português. A diferença básica entre um programa bilíngue e uma educação bilíngue é que no último a língua estrangeira é utilizada em todas as instâncias da escola: corredores, portaria, secretaria, etc.

O bilinguismo adolescente é o adquirido por indivíduos com idade entre 11 e 17 anos, adquirido ou não em contexto escolar. A questão é que ao adquirir um idioma estrangeiro após os 11 anos, o indivíduo já conta com os princípios e parâmetros da sua LM fixados e, acredita- se que para acessar a GU, pelo menos inicialmente, seja necessário o fazer por meio da sua L1. Esse acesso através da sua LM pode acarretar em confusões linguísticas, confusões gramaticais e semântica e diversos outros problemas, principalmente, quando se trata de línguas de parâmetros muito diferentes. No bilinguismo adulto, a aquisição da L2 ocorre sempre depois dos 17 anos, mas quanto aos problemas enfrentados pelos adquirentes da língua são similares aos do bilinguismo adolescente. Vale ressaltar que para os fins desse estudo trabalharemos com a hipótese de que adquirir uma língua é algo comum e inato a todos os indivíduos, mas que quanto mais cedo essa língua é adquirida, mais natural será seu processo de aquisição e execução.

Em conformidade com Hamers & Blanc (2000), no que diz respeito à comunidade na qual os indivíduos estão inseridos podem ser considerados como parte do bilinguismo endógeno ou do bilinguismo exógeno. Um idioma endógeno é aquele utilizado como uma LM pela comunidade e pode ou não ser utilizado de maneira oficial; o bilinguismo exógeno é o utilizado de maneira não institucional, ou seja, o falante pode ser bilíngue em português e inglês no Brasil, mas não encontrará a L2 presente no caminho para a escola ou trabalho, não utilizará a língua para se comunicar com um outro indivíduo qualquer na rua (embora, ocasionalmente, isso possa acontecer), a L2 não possui comunidade que a possui como L1 no país em que está sendo adquirida como L2, essa é a situação vivenciada pelas crianças brasileiras que são parte desse estudo.