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Classificação de software

No documento Básico Redes de Comp (páginas 63-71)

5.1 Software livre

Desde os primórdios da história da computação, quando do início da criação de software para os computadores gigantescos, para não se dizer

jurássicos, um tema é bastante discutido nas rodas de desenvolvedores, a

classificação do software. Isso se deve a aspectos existentes no processo de criação de um software, que envolve tanto direitos autorais quanto intelectuais que devem ser respeitados. Nos últimos anos, a vertente de software livre tem ganhado considerável força devido ao fato da crescente visão de que, segundo a Free Software Foundation (FSF) (2007), “Software Livre é uma questão de liberdade, não de preço. Para entender o conceito, você deve pensar em liber- dade de expressão, não em cerveja grátis”.

Isso define com clareza a intenção por trás de um software livre, em que a caracterização como livre ou não, não consiste necessariamente em sua gratui- dade. Mas você deve estar se perguntando: “mas não é gratuito? Onde está a liberdade nisso então?” Fique calmo, iremos trabalhar com mais detalhes as subdivisões dessa interessante classificação de software.

Toda essa controvérsia deve-se ao fato de existir muita confusão quanto à utilização do termo livre, uma vez que vem do inglês free, que pode ser tradu- zido tanto como gratuito ou mesmo livre. O ponto central do software livre se baseia na idéia de se dar liberdade para que usuários executem, copiem, distribuam, estudem, aperfeiçoem e modifiquem um software levando em consi- deração suas características, expectativas e necessidades, contribuindo para uma visão construtivista e evolucionária em que diversas pessoas podem traba- lhar para torná-lo melhor (OSI, 2007).

Agora você deve estar se questionando: “mas como trabalhar para torná-lo melhor se foi outra pessoa que o criou, o que posso fazer?” Aí entra uma caracte rística importantíssima de um software livre, que consiste na disponibili- zação de seu código fonte para que outras pessoas possam utilizar, alterar ou mesmo re-distribuir o software com suas alterações. Isso contribui sensivelmente para que diversas pessoas tenham acesso à informação, difundindo conheci- mento e incentivando a pesquisa científica (FSF, 2007).

A (FSF, 2007) menciona que, para que um software seja considerado livre, ele deve necessariamente possuir os quatro princípios da liberdade. São elas:

liberdade n.

• o 0: o usuário deve ter a liberdade de executar o programa, para qualquer propósito;

liberdade n.

• o 1: o usuário deve ter a liberdade de estudar e adaptar o programa para as suas necessidades. O acesso ao código-fonte é um pré-requisito para essa liberdade;

liberdade n.

• o 2: o usuário deve ter a liberdade de redistribuir cópias de modo que possa ajudar ao próximo;

liberdade n.

• o 3: o usuário deve ter a liberdade de aperfeiçoar o programa e disponibilizar seus aperfeiçoamentos, de modo a benefi- ciar toda a comunidade. O acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade.

Quando se trabalha com um tema como a classificação de software, é importante se conhecer em sua essência todos os conceitos que a diferenciam, e assim formar opinião consiste sobre o assunto. Então, sugerimos que sejam realizadas leituras a materiais complementares, como os existentes no site da Free Software Foundation (<http://www. gnu.org>) ou no site da Open Source Iniciative (<http://www.opensource.org>).

Saiba mais

Como pode ser visto, o acesso ao código fonte é um dos pilares para a caracterização de um software livre. Isso não significa que o mesmo não seja comercial, muito pelo contrário. A idéia de se ganhar dinheiro com software livre não está na venda de produtos fechados, mas sim na venda de serviços de qualidade que estão, a todo momento, expostos, sendo colocados à prova e ao julgamento da comunidade (MOLINARI, 2007).

Um software, quando se diz livre, geralmente está regido pela GPL (General Public License), que consiste na designação da licença para software livre criada por Richard Stallman no final da década de 1980, regido pela

Free Software Foundation, sendo utilizado por grandes projetos, como o do

sistema operacional Linux (FSF, 2007). Assim, esta vertente da classificação de

software pode ser divida em duas sub-divisões, que são: Open Source e Livre

Comercial, tratados a seguir.

5.1.1 Open Souce

Esse tipo de software segue todos os preceitos citados até aqui nesta aula, no qual o código fonte é distribuído e é permitido que esse seja modificado e redistribuído, levando em consideração os princípios de liberdade do software original. Isso auxilia na prevenção de sua utilização sem fins comerciais, estando

sujeitos aos termos da licença GPL. Alguns exemplos de softwares open source são o kernel do sistema operacional Linux e o projeto Web Apache TomCat, que podem ser alterados e redistribuídos (FSF, 2007).

5.1.2 Livre comercial

Como já mencionado nesta aula, o software livre não exclui a possibili- dade de sua utilização comercialmente, sendo distribuído mediante o paga- mento. Porém isso, comercialmente, é comprometido, uma vez que está sob as regras impostas pela GPL no qual, apesar do software ser comerciali- zado, pode ser livremente distribuído sem ônus algum (FSF, 2007). Em sua maioria, esse tipo de software trabalha com a idéia de agregação de valores que o tornem diferenciado da versão open source, como o empacotamento e venda com outros softwares integrados, ou como a venda de hadware que se comportem melhor devido à sua compatibilidade com o software. Diversos exemplos podem ser citados, como as distribuições Linux Red Hat e

Mandrake. Nesse tipo de software, ainda é preservada a característica de

código fonte aberto.

Podem ser encontrados diversos softwares gratuitos, porém sem a dispo- nibilização do código fonte, o que compromete a caracterização deste como

software livre, devido aos aspectos de liberdade, alteração e redistribuição,

fazendo com que indiretamente o usuário fique preso, de alguma maneira, a empresas. São eles:

1. versões Freeware: nesse caso, o software é gratuito, podendo ser utili- zado sem limite de tempo e poder ser copiado e distribuído livremente. Exemplo: Java Sun, Microsoft Internet Explorer;

2. versões Adware: são gratuitos, porém utilizam publicidade, no caso

banners ou links de patrocinadores, que custeiam o desenvolvimento

e manutenção em troca de marketing, e podem ser copiados e distri- buídos livremente. Assim como o freeware, não é disponibilizado o código fonte. Exemplo: Adobe Acrobat.

Então, lembre-se: nem sempre um software gratuito é livre e, no caso, quando um determinado software é livre não é o caso de deixar comple- tamente de ser comercial. Conforme apresentado até aqui nesta aula, fica claro que existem diversas possibilidades quanto à exploração das caracte- rísticas do software livre, seja em sua mais forma mais essencial ou mesmo comercialmente. Porém existem pessoas e empresas que pregam a utilização

da vertente mais comercial dos softwares, no qual são considerados direitos autorais e ideológicos envolvendo custo ou, como também são conhecidos, os softwares proprietários.

O software livre é muito utilizado no contexto acadêmico, porém nada impede ou mesmo inviabiliza que um software desenvolvido sobre um ambiente puramente acadê- mico tenha fins comerciais de mercado, um exemplo claro disso consiste no Google, que foi desenvolvido em um ambiente universitário.

Pensando sobre o assunto

5.2 Software proprietário

Depois de conhecida toda a ideologia existente por trás dos softwares livres, chegou a vez de discuti-lo como um bem material que envolve custos e até mesmo segredos de mercado. Opiniões quanto ao software livre como uma grande utopia, ou como uma idéia muito à frente de seu tempo, podem ser encontradas facilmente na Internet e no mercado.

O que é pregado em defesa do software proprietário é melhor analisado quando utilizada uma analogia. Por exemplo: um grande chefe de cozinha, por cozinhar muito bem, tem todo o direito de abrir um restaurante e vender suas deliciosas iguarias. Ninguém pode obrigá-lo a ensinar ou mesmo a distri- buir suas receitas gratuitamente para que os outros a utilizem. Alguns chefes fazem questão de compartilhar seus conhecimentos, já outros não, ficando a critério do cliente o pagamento ou não pela degustação da iguaria.

Assim, voltando ao software, o que é fornecido tem um preço que é defi- nido de acordo com a utilidade que este software tem para uma determinada pessoa que pague o valor sugerido, mesmo que outros discordem completa- mente desse ponto de vista (MOLINARI, 2007).

Um software comercial ou proprietário é distribuído sem a disponibi- lização de seu código fonte, sendo normalmente comercializado sob os termos de licença de uso, e não de propriedade. O que acontece nesse caso é que, ao adquirir um software, uma pessoa está se comprometendo somente a utilizá-lo, sem direito algum sob aspectos de comercialização ou mesmo de sua redistribuição, sob penas e multas severas. Exemplos desse tipo de software é o sistema operacional Microsoft Windows e o assistente gráfico Corel Draw.

Alguns softwares se utilizam de licenças um tanto quanto diferentes, como a

Postcardware e a StampwareCardware, no qual o desenvolvedor exige o feedback

por parte dos usuários da ferramenta por meio de postais ou cartas para só então liberar o registro do software.

Saiba mais

Uma grande quantidade de softwares proprietários disponibiliza versões gratuitas para testes e pode ser classificada como:

shareware

: software que, após certo tempo de utilização, ou mesmo número de utilizações, indisponibiliza suas funcionalidades, sendo necessário o registro, no caso o pagamento de uma taxa ao proprie- tário do software, ou sua exclusão do computador. Muitas empresas proprietárias que desenvolvem software optam pela agregação de serviços aos usuários registrados, a fim de fidelizar o cliente;

demo

: serve como um demonstrativo para análise da viabilidade da aquisição do produto. É muito comum a utilização dessa modalidade de distribuição em jogos, que disponibilizam fases, possibilitam a cons- trução de opinião (se vale ou não a pena adquirir o produto), e são uma versão que não expira e nem pode ser registrada, sendo neces- sária a substituição de todo o software, caso opte por adquiri-lo;

trial

: é semelhante à distribuição demo, porém se aplica geralmente a softwares funcionais, como editores de texto e planilhas eletrônicas, limitando-os de maneira a não permitir, por exemplo, a edição de trabalhos ou mesmo não possibilitando que sejam realizadas a persis- tência deles na máquina, ou seja, salvar os documentos. Geralmente são liberados todos os recursos do software, limitando somente alguns pontos chaves. Assim, pode ser utilizado todo o potencial da ferra- menta para aprendizado por tempo indeterminado, porém sempre se lembrando das limitações já citadas.

Em sua maioria, os softwares proprietários são conhecidos como Software Box, ou melhor, softwares de caixinha. Compra-se um produto finalizado e o usuário tem pouco ou senão nenhum poder de alteração, de manipulação sobre o que está sendo adquirido ou mesmo poder para sua customização.

Finalizando esta aula, é interessante considerarmos que as divisões de

softwares apresentadas não são as únicas disponíveis, mas as principais

e mais utilizadas para a classificação de software. Essas classificações refletem a idéia e a vontade de como os programas de computadores devem ser utilizados, segundo a visão do desenvolvedor e proprietário dos direitos.

Existem ainda diversos métodos que podem ser utilizados na classificação de software como, por exemplo, a permissão de utilização de software gratui- tamente, em que é possível que haja um processo de reciprocidade por meio de uma doação voluntária por parte dos usuários.

Outro exemplo de classificação das distribuições de software consiste na iniciativa da Microsoft em lançar seus produtos sob licença Shared Source, isso devido a apelos principalmente da comunidade européia quanto à dispo- nibilização do código fonte. Sob esse tipo de licença, a Microsoft permite que parceiros, empresas e governo tenham acesso ao código fonte de seus produtos, minimizando incidentes que, segundo muitos, caracterizam um mono- pólio do mercado de software, porém sem que seja permitida a alteração e redistribuição dos produtos da empresa (OSI, 2007).

Isso provoca discussões que mostram como é difícil definir qual a melhor forma de distribuição de software. As classificações apresentadas nesta aula apontam para diversos pontos que devem ser considerados e que influen- ciam diretamente na contextualização e, por conseqüência, classificação dos

softwares, como valores culturais e contribuições sociais. São vertentes comple-

tamente diferentes que apresentam prós e contras, mas que, com certeza, contribuem para um melhor modelo de produção de conhecimento e dissemi- nação da informação, cada uma à sua maneira.

Síntese da aula

Nesta aula, apresentamos as características e conceitos relacionados a classificação de software. Esses podem ser divididos em duas vertentes: a livre e a considerada proprietário. Além disso, conhecemos nomenclaturas comuns a classificação dos softwares como: freeware, adware, shareware,

demo e trial. Cada uma destas distribuições caracteriza o software quanto às

suas limitações e tempo de utilização. Finalizando, são apresentadas algumas classificações menos conhecidas, como a Shared Source.

Atividades

1. Diversos aspectos e características podem ser utilizados para que um

software seja considerado livre. Porém, com certeza, os quatro princípios

de liberdades exigidos pela GPL (General Public Lincense) são os mais conceituados. Quais são eles e em que consistem? Justifique sua resposta. 2. Quanto aos softwares proprietários, podem ser distribuídos como versões

de teste. Dessa forma, qual a diferença entre as versões shareware e trial?

Comentário das atividades

Na atividade 1, os quatro princípios da liberdade consistem em aspectos que interferem diretamente na classificação de um software livre, assim o primeiro princípio consiste na liberdade que os usuários devem possuir para a execução do software para qualquer que seja o seu propósito. O segundo princípio consiste na liberdade que o usuário deve possuir para estudar, analisar e adaptar o programa as necessidades. Para tanto, é necessário que o código fonte esteja disponível ao usuário. O terceiro princípio consiste na liberdade que o usuário deve possuir para a distribuição de cópias alteradas ou não por ele. Finalizando os princípios, o usuário deve possuir a liberdade de aperfeiçoar o software e, além disso, disponibilizar de modo a proporcionar o bem de outros.

Já na questão 2, a diferença existente entre as distribuições de teste proprie- tárias shareware e trial consiste no fato de que a primeira limita a utilização de recursos por meio do tempo ou mesmo quantidade de vezes que o software é utilizado; já o segundo tipo, o Trial, limita a utilização do software por meio da indisponibilização e limitação dos recursos do programa, por exemplo, a funcionalidade para salvar documentos.

Referências

FSF, Free Software Foundation. Free Software. Disponível em: <http://www. gnu.org>. Acesso em: 20 dez. 2007.

MOLINARI, Leonardo. Gerência de configuração: técnicas e práticas no desen- volvimento do software. Florianópolis: Visual Books, 2007.

OSI, Open Source Iniciative. Open Source. Disponível em: <http://www.open- source.org>. Acesso em: 20 dez. 2007.

Na próxima aula

Veremos os conceitos relacionados a noções básicas tanto de redes de computadores quanto de banco de dados.

Objetivos

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:

compreender quais são os tipos de redes existentes e como elas são •

interligadas entre si;

entender o funcionamento de um banco de dados e como ele é útil •

para manipular informações.

Pré-requisitos

Para o aprendizado desta aula, não há necessidade de conhecimentos anteriores, apenas que você tenha força de vontade para conhecer novas tecnologias e procure saber mais sobre o que será falado aqui em sites e livros relacionados com essas duas áreas.

Introdução

A interligação de computadores ou uma rede de computadores se faz necessário pelo fato de que há uma grande facilidade em trocar informações sem a necessidade de mídias como disquete, CD ou DVD, como também compartilhar informações e aplicativos. Os bancos de dados têm como finali- dade gerar uma determinada informação por meio de um agrupamento logi- camente coerente de dados.

Organizações com centenas de escritórios dispersos por uma extensa área geográfica podem, com um simples apertar de um botão, examinar o

status atual de suas filiais mais remotas. À medida que cresce nossa capa-

cidade de colher, processar e distribuir informações torna-se ainda maior a demanda por formas de processamento de informações ainda mais sofisti- cadas (TANENBAUM, 2004).

Aula 6

No documento Básico Redes de Comp (páginas 63-71)

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