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3 Revisão Bibliográfica 1 O café

3.6. Classificação do café

A avaliação da qualidade do café compreende dois tipos de classificação: a classificação por tipos e a classificação pela bebida.

A classificação do café por tipo obedece à Tabela Oficial Brasileira para Classificação (Tabela 4), de acordo com a qual cada tipo de café corresponde um maior ou menor número de defeitos (grãos imperfeitos ou impurezas) contidos numa amostra de 300g de café beneficiado. Admite-se 7 tipos de café que variam de 2 (menor quantidade de defeitos) a 8 (maior quantidade de defeitos).

Tabela 4. Tabela oficial para classificação de café

Defeitos Tipos Pontos Defeitos Tipos Pontos Defeitos Tipos Pontos

4 2 - + 100 26 4 BASE 93 6 - 5 - 105 4 2 - 05 + 95 28 4 - 5 - 5 100 6 - 10 - 110 5 2 - 10 + 90 30 4 - 10 - 10 108 6 - 15 - 115 6 2 - 15 + 85 32 4 - 15 - 15 115 6 - 20 - 120 7 2 - 20 + 80 34 4 - 20 - 20 123 6 - 25 - 125 8 2 - 25 + 75 36 4 - 25 - 25 130 6 - 30 - 130 9 2 - 30 + 70 38 4 - 30 - 30 138 6 - 35 - 135 10 2 - 35 + 65 40 4 - 35 - 35 145 6 - 40 - 140 11 2 - 40 + 60 42 4 - 40 - 40 153 6 - 45 - 145 11 2 - 45 + 55 44 4 - 45 - 45 160 7 - 150 12 3 + 50 46 5 - 50 180 7 - 5 - 155 13 3 - 5 + 45 49 5 - 5 - 55 200 7- 10 - 160 15 3 - 10 + 40 53 5 - 10 - 60 220 7 - 15 - 165 17 3 - 15 + 35 57 5 - 15 - 65 240 7 - 20 - 170 18 3 - 20 + 30 61 5 - 20 - 70 260 7 - 25 - 175 19 3 - 25 + 25 64 5 - 25 - 75 280 7 - 30 - 180 20 3 - 30 + 20 68 5 - 30 - 80 300 7 - 35 - 185 22 3 - 35 + 15 71 5 - 35 - 85 320 7 -40 - 190 23 3 - 40 + 10 75 5 - 40 -90 340 7 - 45 - 195 25 3 - 45 + 5 79 5 - 45 - 95 360 8 - 200 26 4 + 5 86 8 - 100 Fonte: http://www.megaagro.com.br/cafe/art_class_cafe.asp

São considerados defeitos os grãos imperfeitos (chamados defeitos intrínsecos) – grãos pretos, ardidos, verdes, chochos, mal granados, quebrados e brocados – e as impurezas (defeitos extrínsecos) – tais como cascas, paus, pedras, cafés em coco ou marinheiros encontrados na amostra (Figura 12).

Figura 12. Defeitos de natureza intrínseca e extrínseca do café. Fonte: BAHIA,2011

A cada um desses grãos imperfeitos ou impurezas corresponde uma medida de equivalência de defeitos, que rege a classificação por tipo (Tabela 5).

Tabela 5. Tabela de equivalência de grãos imperfeitos e impurezas

Grãos imperfeitos e impurezas Defeitos

1 grão preto 1

1 pedra, pau ou torrão grande 5

1 pedra, pau ou torrão regular 2

1 pedra, pau ou torrão pequeno 1

1 coco 1 1 casca grande 1 2 ardidos 1 2 marinheiros 1 2 a 3 cascas pequenas 1 2 a 5 brocados 1 3 conchas 1 5 verdes 1 5 quebrados 1

5 chochos ou mal granados 1

Fonte: http://www.megaagro.com.br/cafe/art_class_cafe.asp

A classificação pela bebida é feita pela análise sensorial e são avaliados atributos como o aroma, acidez, amargor, corpo, entre outros (BRASIL, 2010). No Brasil, os cafés são classificados em sete categorias como indicado na Tabela 6.

Tabela 6. Descrição das categorias de classificação oficialmente utilizadas na prova de xícara.

Padrão de Classificação Características

Estritamente mole bebida de sabor suavíssimo e adocicado; todos os requisitos de aroma e sabor "mole" mais acentuado

Mole bebida de sabor suave, agradável, brando e adocicado Apenas mole bebida de sabor levemente doce e suave, mas sem adstringência ou aspereza de paladar

Dura bebida com sabor acre, adstringente e áspero, porém não apresenta paladares estranhos Riada bebida apresentando sabor típico de iodofórmio

Rio bebida com típico e acentuado de iodofórmio

Rio Zona sabor muito acentuado, assemelhado ao iodofórmio ou ao ácido fênico; Fonte: Instrução Normativa nº 16, de 24 de maio de 2010 – BRASIL, DOU 2010.

A classificação da bebida tem dois objetivos fundamentais: conhecer a qualidade do café a ser comercializado e definir as ligas ou blends que valorizem determinados lotes de café.

A análise sensorial ou prova da xícara é realizada desde 1917. A metodologia tradicional de avaliação sensorial, como a definida na COB - Classificação Oficial Brasileira é feita com uma torra denominada americana (torra clara ou leve) obtida com poucos minutos sob o calor de uma forte chama dos tradicionais torradores de tambor de laboratório. A Figura 13 ilustra o preparo para a prova da xícara, utilizando a torra americana.

(a) (b)

(c) (d)

Figura 13. Prova da xícara realizada na torra americana (clara), para classificação dos cafés. (a) Mesa de prova após a imersão da água; (b) Xícara de teste onde se observa a crosta formada; (c) degustador realizando a quebra da crosta; (d) aspecto da xícara após a realização dos testes.

Fotos tiradas na Fazenda Santa Maria – Santo Antônio do Amparo – MG, em julho de 2008.

A metodologia da SCAA tem como objetivo identificar todo o potencial de qualidade de um café e, por isso, o ponto de torra recomendado é o mesmo dos produtos comerciais. Essa metodologia recomenda que a torra seja finalizada com ponto entre os discos #65 e #55

(figura 8, p.18) (SCAA, 2009a; SCAA, 2009b; NETO, 2007). A figura 14 ilustra o preparo para a prova da xícara, de acordo com a metodologia da SCAA.

(a) (b)

(c) (d)

Figura 14. Prova da xícara realizada na torra média, para classificação dos cafés especiais; (a) Preparo da mesa de prova; (b) Mesa de prova após a imersão da água; (c) Xícara de teste onde se observa a crosta formada; (d) Mesa de prova após a realização dos testes da xícara.

Fotos tiradas na Santo Antônio Estate Coffee – Santo Antônio do Amparo – MG, em julho de 2008.

Os atributos avaliados são fragrância/aroma, uniformidade, ausência de defeitos (xícara limpa), doçura, sabor, acidez, corpo, finalização, equilíbrio, defeitos e avaliação global. Se a nota atribuída à bebida for de 80 a 85, o café é considerado especial, como mostra a Figura 15.

Figura 15. Pirâmide para avaliação sensorial de café. (SCAA, 2009b)

Os aromas e sabores são sem dúvida os elementos sensoriais mais instigantes no café. A Roda de Aromas e Sabores (Figura 16) elaborada para a SCAA, pela equipe de Jean Lenoir, renomado aromista francês, mostra na parte expandida à direita 36 dos aromas mais presentes nos cafés das diversas origens mundiais.

Para maior facilidade de compreensão, os aromas estão dispostos em ordem de volatilidade, ficando as notas mais voláteis na parte superior, enquanto que as menos voláteis, na inferior. Os aromas dividem-se em 3 grupos: aromas de natureza enzimática, de caramelização de açúcares e, finalmente, de destilação seca (NETO, 2009). O grupo “enzimático” se subdivide nos subgrupos florais, frutados e herbais. Neste grupo os aromas têm notas mais voláteis, oriundas de processos enzimáticos e fermentativos que podem ocorrer durante o processo de maturação na planta ou imediatamente antes da secagem dos grãos. O grupo “caramelização de açúcares” se subdivide em amêndoas, caramelado e achocolatado e apresenta aromas com notas de volatilidade média, obtidos durante o processo de torra do café. O grupo "destilação seca” se subdivide em picante, carbônico e resinoso tendo aromas com notas de menor volatilidade, decorrentes do processo de torra do café em

sua fase de pirólise. À esquerda na figura 15 são apresentados os quatro sabores básicos, doce, salgado, amargo e ácido e suas subdivisões.

Figura 16. Roda de Aromas & Sabores. Fonte:SCAA, 2009b.

Os defeitos e alterações de aroma e sabor, mostrados na Figura 17, que aparecem na bebida do café podem ocorrer devido a agentes externos, trocas químicas, por absorção de outros sabores ou aromas, por processo de torra inadequado. Os defeitos apresentam aromas com notas de ampla gama de volatilidade que ocorrem por contaminações ou processos fermentativos indesejáveis.

Figura 17. Defeitos e alterações de aroma e sabor. Fonte: SCAA, 2009b

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