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Classificação do meio ambiente

No documento AURÉLIO HIPOLITO DO CARMO (páginas 89-96)

CAPÍTULO I: DO DIREITO AMBIENTAL

4. Classificação do meio ambiente

Quando desejamos classificar o meio ambiente, com isso não pretendemos dizer que ele seja estanque; pelo contrário, vivifica-se à medida das necessidades como se apresenta no momento. Se assim é classificado, apenas se está buscando uma maior identificação com a atividade degradante e o bem atingido pela ação maléfica. Por essa razão, entendemos caber a classificação que abaixo se segue.

51 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Manual de direito ambiental e legislação aplicável, p. 58 a 65.

4.1. Meio ambiente natural

Tal ambiente integra a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna, a flora, o patrimônio genético e a zona costeira (art. 225, da CF/88). Em outras palavras, abrange todos os elementos responsáveis pelo equilíbrio dinâmico entre os seres vivos e o meio em que vivem.

Costuma-se dizer que o meio ambiente natural é “mediatamente” tutelado pelo art. 225 caput da CF/88, e “imediatamente”, pelo mesmo artigo, em seu § 1º, I, II, IV e V.

4.2 Meio ambiente artificial

Por meio ambiente artificial entende-se aquele constituído pelos equipamentos urbanos, pelos edifícios comunitários, todos ligados ao próprio conceito de cidade e, por extensão, aos habitantes da cidade. Nessa classificação, não há de desprezar-se os habitantes do campo, uma vez que a palavra urbana também se refere a espaços

habitáveis, não excluindo o rural, vez que ambos dizem respeito a território52.

Esse ambiente tem raízes, não apenas no art. 225 da CF/88, como nos artigos 182, 21, XX, 5º XXIII, entre outros e, também, no Estatuto da Cidade ( Lei n. 10.257/001).

4.3. Meio ambiente cultural

O meio ambiente cultural é regido – constitucionalmente – pelos artigos 215 e ss, da nossa Carta Maior, com conceito ínsito no art. 216 que, como leciona José Afonso da Silva53,

“é integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico que, embora artificial em regra, como obra do homem, difere do anterior ( que também é cultural), pelo sentido do valor especial”.

Como, também, assevera Fiorillo54,

“qualquer bem que compõe o chamado patrimônio cultural traduz a história de um povo, a sua formação, cultura e, portanto, os próprios elementos identificadores de sua cidadania, que constitui princípio

52 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. op. cit., p. 63 53 Direito Ambiental Constitucional, p. 21

fundamental norteador da República Federativa do Brasil”.

4.4. Meio ambiente do trabalho

Muito embora não conste do conceito inserido no art. 3º, I, da Política Nacional do Meio Ambiente ( Lei n. 6.938/81); é um assunto da mais alta importância que se encontra no bojo da Constituição, porque é do trabalho que surge a dignidade da pessoa humana.

O meio ambiente do trabalho é o local onde se desenrola boa parte da vida do trabalhador, tendo sua proteção constitucional nos artigos 225, 200, VIII, 7º, XXII, e outros.

Por fim, gostaríamos de salientar que muitos juristas não adotam - na classificação-o meio ambiente do trabalho; no entanto, fazemos questão de incluí-lo, porque se torna mais didática e útil para a compreensão dos seus conceitos.

5. O direito ambiental visto por milaré55

Por milhares de anos os governos deste planeta não se

preocuparam com o meio ambiente e, muito menos, o que poderia acontecer aos seus habitantes; e aqui, não apenas o homem, mas as vidas em todas as suas formas (art. 3º, I, da lei n. 6.938/81).

Face a esse abandono quase total, a terra alcançou o seu maior grau de exaustão, quase ferida de morte.

É, até compreensivo e compreensível que, mesmo antes do advento do código do rei Hammurabi - 1828 a.C. – da Babilônia, passando depois pelos indianos, egípcios, persas, gregos, romanos – Justiniano e outros famosos imperadores – das Idades Média, Moderna, guerras mundiais, Revolução Industrial, etc, etc, foram-se criando-no decorrer dos períodos – embriões, visando a melhoria da vida do homem sobre a terra.

O fato é que, em 1972, na cidade de Estocolmo (Suécia), reuniram-se representantes de 113 países, 250 organizações não- governamentais (ONGs), além de vários organismos da Organização das Nações Unidas ( ONGs), sob a direção desta, com o objetivo de tutelar o ser humano (Meio Ambiente Humano), contra as adversidades do meio ambiente.

Dessa conferência, surgiram 26 princípios atinentes ao comportamento e responsabilidades dos Estados na questão ambiental.

Foi a primeira e mais ilustre de todas as conferências antes proporcionadas por quaisquer organizações.

Com esses trabalhos e, mesmo, outros pretéritos, foram-se verificando mudanças profundas atingindo, inclusive, a instituição do Direito. Diz-se, até, que a velha árvore da ciência jurídica recebeu novos enxertos, tais como o surgimento de um ramo novo e diferente (Direito Ambiental), para atender as necessidades urgentes que o mundo já esperara.

Os direitos público e privado tornaram-se ineficazes para certos setores; assim, uma plêiade de estudiosos de várias partes do planeta, tendo como vanguarda os italianos, mormente Cappelletti, criaram um terceiro gênero, o direito difuso.

A amplitude desse direito é visível em todas as partes da terra. No Brasil, podemos citar os nomes de importantes figuras jurídicas que se empenham no engrandecimento do Direito Ambiental, como sejam: Ada Pellegrini Grinover, Antônio Herman de Vasconcellos e Benjamin, Nelson Nery Junior, Kazuo Watanabe, e muitos outros56.

Existe uma série de locuções para designar a disciplina jurídica em pauta, como: Direito Ecológico, Direito de Proteção da Natureza, Direito do Meio Ambiente, Direito Ambiental e Direito do Ambiente.

Procedendo a um breve comentário a respeito do Direito Ambiental, nasceu ele de analogia na tradição do termo “environmental”, comum em inglês, para significar tudo o que se refere ao meio ambiente, redundando em ambiental no idioma português, porém, ainda, sem arrimo nos melhores dicionários da língua.

O fato é que grande parte dos juristas preferem Direito Ambiental57.

Entretanto, para Milaré, a expressão Direito do Ambiente encerra uma nomenclatura abrangente, gramatical e juridicamente exata, também utilizada pela doutrina mais moderna. É a expressão preferida pelo professor58.

Édis Milaré, também conceitua o direito do ambiente, como se segue:

“O complexo de princípios e normas coercitivas reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, passam a afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando a sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações (art. 225, da CF/88)59.

57 MATEO, Ramón Martín. Derecho ambiental (Madrid), p. 71 MACHADO, Paulo Affonso Leme.

Direito ambiental brasileiro, passim. MUKAI, Toshio. Direito ambiental sistematizado, passim.

ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental, passim. 58 MILARÉ, Edis. Direito do ambiente, p. 155

6. Princípios fundamentais do direito ambiental

No documento AURÉLIO HIPOLITO DO CARMO (páginas 89-96)

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