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CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.5 CLASSIFICAÇÃO DO SISTEMA DE GERÊNCIA DE PAVIMENTOS

Vários autores adotaram a classificação do processo de tomada de decisão do sistema de gerência de pavimentos definida por HASS et al. (1994), em dois níveis: de rede e de projeto. Os mesmos autores subdividem o nível de rede em nível de programa e nível de seleção de projeto.

Os itens necessários aos estudos nos dois níveis são basicamente os mesmos, a diferenciação é dada pelo nível de detalhes, freqüência e precisão das informações. Essa linha é variável de acordo com a instituição que está utilizando, por exemplo: para dois órgãos rodoviários estaduais, um com uma malha de 1.000 km e outro com uma malha de 10.000 km, é natural que o nível de detalhamento das informações seja distinto. Na malha menor, seria possível obter informações sobre defeitos de pavimentos em todas as faixas de tráfego e a cada 20 m. Já na malha de maior extensão esse levantamento torna-se oneroso e demorado, então é necessário buscar alternativas, como uso de equipamentos automatizados e critérios estatísticos, neste caso, o levantamento poderia ser realizado em uma das faixas (a mais deteriorada) com totalização a cada 200 m.

No exemplo anterior a instituição rodoviária de malha mais extensa irá sentir mais a diferenciação entre os dois níveis ao contrário da de menor malha. Apesar de considerar correta a classificação, ela pode causar alguma confusão, pois, mesmo uma decisão sendo realizada em nível de projeto, não tira a obrigatoriedade da realização de projeto rodoviário. O autor da presente pesquisa prefere a classificação em nível de (i) rede e (ii) de trecho. Entre as componentes comumente utilizadas, estão:

 Aquisição de informações básicas: corresponde a definição do sistema de referência viária, inventário histórico do pavimento, estrutura, etc.

 Tráfego: indicando a caracterização do tráfego com informações sobre o VMD (Volume Médio Diário), sempre que possível classificatório.

 Condição do pavimento: corresponde a informações sistemáticas estruturais e funcionais que, normalmente, são uma fotografia do momento e devem ser analisadas, sempre que possível, em séries históricas. Os mais comuns são: Levantamento Visual Contínuo (Levantamento de Defeitos), Levantamento Deflectométrico, Levantamento de Irregularidade Longitudinal. É necessário atentar para a afirmação conveniente de HASS et al. (1994) de que a qualidade e a quantidade dos dados que são coletados e usados determinam o valor de um sistema de gerência.

 Custos: são divididos em dois: (1) custo da rodovia: são custos relacionados à construção, reabilitação, manutenção e operação da via, (2) custo do usuário: relativo à operação de veículos, tempo de viagem e acidentes.

 Estrutura da Base de Dados: a estruturação do banco de dados conta hoje com modernos sistemas informatizados, capazes de armazenar, organizar e disponibilizar grandes quantidades de informações. Esse já foi um dos gargalos para implementar um SGP, hoje totalmente superado. Apesar disso, o autor ao coordenar a implantação do SGP-CE, constatou que este item ainda continua sendo um dos mais importantes e dispendiosos tanto em tempo quanto em recursos. Apesar dos sistemas modernos serem eficientes, a estruturas das tabelas e a validação dos dados exigem vasta programação e conhecimento sobre todas as etapas do negócio.

 Modelo de Desempenho ou de Previsão: é o modelo matemático que irá depreciar os indicadores utilizados no SGP e irá ajudar aos tomadores de decisão a conhecer o futuro se uma determinada ação for executada. Essa previsão, em sua maioria, é baseada em séries históricas, conhecimento técnico e regional, etc., e depende muito da qualidade dos dados e da forma em que eles estão organizados.

 Critérios de Decisão, Gatilhos ou Patamares: são valores limites (mínimos e máximos) que definem quando uma situação foi alterada. O exemplo mais simples é relativo aos conceitos do estado dos pavimentos, normalmente classificados em “bom”, “regular” e “mau”. Estes critérios podem incidir diretamente sobre um dado ou informações manipuladas. Na prática a definição desses parâmetros é uma atividade que depende muito de técnicos experientes e da complexidade do sistema.

 Identificação de alternativas, otimização e evolução: é a análise que identifica as possíveis soluções e estabelece a melhor, considerando um cenário de restrição orçamentária e o período de análise. O sistema deve indicar a solução, o ano e o custo aproximado para cada seguimento em estudo e, além disso, deve priorizá-lo e prever a situação futura da malha.

 Atualização: deverá ser desenvolvido um programa criterioso de atualização do banco de dados a fim de manter os estudos sempre atualizados. Este é ponto mais fraco de todos, pois o histórico nacional demonstra que os casos de insucessos sempre passam pela falta de atualização do sistema. Por isso, os

princípios, já mencionados, devem nortear os trabalhos buscando o compromisso da direção da instituição, distribuição de responsabilidades com uso de informações compartilhadas e racionalidade na definição das informações necessárias.

 Pesquisa e Treinamento: a pesquisa e o treinamento são atividades permanentes e não restritas à implantação de um sistema, neles são possíveis agrupar pessoas de diversas áreas, incorporar na instituição novas técnicas e produtos e disseminar o trabalho.

Na Tabela 2.2 é apresentada uma classificação realizada por PATERSON et al. (1990) do IQL (Information Quality Level) ou Índice de Qualidade da Informação que pode ser utilizada na definição de um modelo específico de SGP.

Tabela 2.2: Classificação da coleta de dados para SGP pelo Índice de Qualidade da Informação IQL (PATERSON et al., 1990)

NÍVEL DE QUALIDADE DE

INFORMAÇÃO

DESCRIÇÃO

RESUMIDA APLICAÇÃO COLETA DE DADOS

IQL – I Rica em detalhes; Abrangente Pesquisa; Operações; Projetos avançados; Diagnósticos

Pequena, para extensões limitadas ou em únicas amostras com equipamentos especiais;

Lenta, a exceção é para automação avançada IQL – II Detalhada Projetos (Preparação) Programação Planejamento avançado

Limitadas extensões com o uso de métodos semi- automáticos; ou total cobertura com equipamento automático de alta velocidade

IQL – III Resumo de detalhes e categorização dos valores Programação; Planejamento; Projeto básico

Completa amostra para alta velocidade e métodos semi- automáticos de baixa

precisão; amostras com baixa velocidade ou colhidas de outros dados

IQL – IV Muito resumida

Estatística; Projeto de rodovias de baixo volume de tráfego; Planejamento e programação linear simples

Métodos manuais ou semi- automáticos, estimados ou processados

2.6 IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GERÊNCIA DE