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Classificações climáticas: aplicação da classificação climática de Köppen à bacia hidrográfica

4. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

4.1 Classificações climáticas: aplicação da classificação climática de Köppen à bacia hidrográfica

A bacia hidrográfica do rio Paraná é a maior das sub-bacias da bacia Platina. Só o rio Paraná possui, aproximadamente, 4.900 quilômetros de extensão e está localizado no Planalto Meridional Brasileiro, o que lhe confere um grande potencial energético. Em vista da abrangência territorial e importância econômica e social da bacia, julgou-se pertinente aplicar à referida área a classificação climática do russo Wladimir Köppen (1846-1940), com o objetivo de promover uma melhor compreensão das peculiaridades climáticas regionais.

A classificação climática tem como finalidade o arranjo eficiente de um determinado número de informações pertinentes de uma forma simplificada e generalizada. Barbosa (2004) explica que a classificação climática pressupõe três objetivos que se inter- relacionam: ordenar grande quantidade de informações, facilitar a sua rápida recuperação e facilitar a comunicação. A classificação climática também permite um estudo mais completo das condições climáticas de determinada localidade e da consequente variabilidade, de modo que os elementos e os fatores do clima a serem analisados possam ser mais bem compreendidos.

Uma definição global do clima comportaria, ao mesmo tempo, o conhecimento de seus elementos e respectivas correlações. Só então seria possível chegar a uma classificação. As classificações dos climas, a de Köppen nos países de língua alemã e a de E. De Martonne nos países de língua francesa são mais correntes e também as melhores, mesmo com todas as críticas de empirismo e mesmo que não atendam, suficientemente, às exigências dos biólogos, (SORRE, 1954).

Tanto Köppen, quanto Martonne realizaram classificações climáticas analíticas, método que possui aspecto quantitativo, prende-se mais aos valores médios dos

elementos do clima para expressar as diferentes unidades climáticas e marca bem o caráter local da combinação dos elementos meteorológicos que compõem o clima, (MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA, 2007).

O modelo analítico de classificação pode ser considerado insuficiente sob dois pontos de vista: pelo abuso das médias aritméticas para caracterizar os elementos do clima e por não considerar a evolução dos fenômenos climáticos, (MENDONÇA e DANNI- OLIVEIRA, 2007).

Segundo Mendonça e Danni-Oliveira (2007), além do modelo analítico de classificação climática, o modelo genético surge com a contribuição da Escola Escandinava de Bjerknes, Solberg e Bergeron, na Meteorologia Sinótica e na abordagem dinâmica, com o desenvolvimento dos conceitos de massas de ar e frentes, aproximando a Física (Meteorologia) e a Climatologia (Geografia).

O modelo analítico de Köppen (1948) basicamente relaciona o clima com a vegetação, mas critérios numéricos são usados para definir os tipos climáticos em termos de elementos climáticos. O primeiro modelo de classificação feito por Köppen, em 1900, baseava-se nas zonas de vegetação do mapa feito por Aphonse do Condolle, um fisiólogo francês. O modelo foi revisado em 1918, dando maior atenção à temperatura, à precipitação pluvial e às suas características sazonais, (AYOADE, 2006).

É importante salientar que, embora durante décadas a classificação de Köppen fosse hegemônica em quase todo o planeta, com o advento da Meteorologia Sinótica, as insatisfações crescentes quanto às abordagens estáticas e separativas estimularam vários geógrafos norte-americanos a elaborarem novos sistemas e esquemas interpretativos e classificatórios, como Miller (1931) e Glenn Trewartha (1937), sem, contudo, superar o modelo de Köppen, pois apenas aperfeiçoaram as análises sobre circulação atmosférica e refinaram os limites climáticos, (SANT’ANNA NETO, 2008).

A Figura 2 evidencia os climas encontrados para a bacia hidrográfica do rio Paraná, de acordo com a classificação de Köppen:

Figura 2 - Classificação climática de Köppen aplicada à bacia hidrográfica do rio Paraná.

Organização: SIQUEIRA, B.; RODRIGUES, G.B. (2016).

Am - Clima tropical de monção. O mês mais frio tem a temperatura média

superior a 18 °C. A temperatura é crítica para a sobrevivência de certas plantas tropicais; monção com breve estação seca e chuvas intensas ao longo do ano.

Aw – Clima de savana. O mês mais frio tem a temperatura média superior a 18

°C. A temperatura é crítica para a sobrevivência de certas plantas tropicais; chuvas de verão.

Cfa – Clima úmido em todas as estações com verão quente. Nenhuma estação

seca, úmido o ano todo; o mês mais quente tem temperatura média superior a 22 °C.

Cfb – Clima úmido em todas as estações com verão moderadamente quente.

Nenhuma estação seca; o mês mais quente tem temperatura média inferior a 22 °C.

Cwa – Clima de verão quente. O mês mais frio tem temperatura média entre -3 °C

e 18 °C. O mês mais moderadamente quente tem temperatura média maior que 10 °C. Com chuvas de verão, o mês mais quente tem temperatura média superior a 22 °C.

Cwb – Clima de verão moderadamente quente. O mês mais frio tem temperatura

média entre -3 °C e 18 °C. O mês mais moderadamente quente tem temperatura média maior que 10 °C. Com chuvas de verão; verão moderadamente quente, o mês mais quente tem temperatura média inferior a 22 °C.

Apesar de a classificação climática de Wladmir Köppen ser a mais comumente utilizada, Sant’Anna Neto (2008) acredita ser a contribuição de Strahler (1951) a mais significativa na busca de uma classificação climática de base genética e dinâmica, ao agrupar os tipos de climas em função das áreas de domínios das massas de ar e dos elementos de circulação secundária.

Enquanto Strahler (1951) adotou um paradigma dinâmico em sua classificação climática, incorporando aspectos dinâmicos de circulação atmosférica aos elementos estáticos regionais, Thorntwaite (1948), por exemplo, estruturou uma classificação racional do clima, partindo de pressupostos como rendimento econômico e padrões agronômicos, através de técnicas quantitativas voltadas para as necessidades de água dos agrossistemas, viabilizada pelo cálculo do balanço hídrico.

A preocupação com os aspectos dinâmicos de Strahler e os agronômicos de Thorntwaite foram fundamentais ao caráter econômico da análise climática efetuada por Curry (1952), que introduziu o conceito de clima como recurso natural e principal regulador da produção agrícola, (SANT’ANNA NETO, 2008).

Leslie Curry, seguindo as concepções de Hartshorne (1978), propôs uma análise geográfica do clima em que a organização do espaço agrícola deveria, necessariamente, partir de uma concepção dos atributos climáticos, não como determinantes, mas como insumos nos processos naturais e de produção. Os principais elementos do clima passariam a ser considerados como agentes econômicos, portanto intervenientes na produção agrícola e parâmetro de sua rentabilidade, (SANT’ANNA NETO, 1998).

A aplicação da classificação climática de Köppen na bacia hidrográfica do rio Paraná permitiu identificar os climas dominantes na área de estudo e funciona como uma ferramenta de suporte aos resultados encontrados para a variabilidade do regime de chuvas nessa área do território brasileiro.

Conhecer os tipos climáticos existentes em determinada região, possibilita entender melhor as formas pelas quais os homens organizam seu meio e a partir da concepção de Geografia de Max. Sorre (1954), entendem o espaço como sua morada.

A partir, mais uma vez, da Geografia de Sorre e do conceito central de “habitat” por ele desenvolvido, a bacia hidrográfica do rio Paraná se constitui em uma porção do território brasileiro vivenciada por uma comunidade que a organiza, sendo assim, como a base física para uma construção humana, isto é, para a humanização do meio, expressando as múltiplas relações entre o homem e o ambiente que o envolve, (SORRE, 1954).

5. CONTEXTUALIZAÇÃO CLIMÁTICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO