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1.4 CLASSIFICAÇÕES E DEFINIÇÕES SOBRE O AMBIENTE ESTUARINO

1.4.1 Classificações dos ambientes estuarinos na visão global

A classificação, definição e conceitualização dos estuários dependem de suas condições oceanográficas, geomorfológicas, sedimentológicas, topográficas e hidrodinâmicas. Os estuários compreendem o ambiente costeiro formado a partir dos afogamentos dos rios na época do Holoceno (10.000 anos) no período do Quaternário, resultante da elevação do nível do mar no processo de transgressão marinha, constituindo a interação entre a morfologia e os processos costeiros de origem estuarina (MIRANDA, et, al., 2002).

Segundo Miranda et, al., (2002), os estuários são ambientes situados em diversos lugares do mundo e são de transição entre o continente e o oceano, adaptados às forças atuantes, tais como os aspectos climatológicos, no que tange à precipitação pluviométrica, à descarga fluvial e às dinâmicas das marés, contribuindo na formação sedimentar dos estuários e formando um ambiente de planície costeira, resultantes dos afogamentos dos vales fluviais no processo de transgressão marinha6,

constituindo, assim, um ambiente de intensa deposição de materiais inconsolidados. De acordo com a classificação, apresentam-se os estuários de fiordes que são formados pelas ações glaciais, caracterizados por ambientes estuarinos de alta profundidade, com canais profundos e com estratificação na sua foz.

Os ambientes estuarinos de barras ou diques são originados pelas inundações dos seus vales fluviais, atribuídos ao mesmo processo citado anteriormente na formação da planície costeira. Com isso, os transportes dos sedimentos formam as barras nas desembocaduras dos rios. Outros tipos de classificações representados por formação de estuários são os deltas e as rias. Primeiramente, os estuários de deltas dividindo-se em duas categorias de análises geomorfológicas, o delta de enchente e o de vazante.

Primeiramente, o delta de enchente consiste em um ambiente de alta concentração de descarga de sedimentos fluviais na parte interior dos estuários, favorecendo a formação de ilhas na acumulação de sedimentos. Já o delta de vazante apresenta as mesmas condições ambientais do delta de enchente, no que diz respeito

6 Invasão da zona costeira pelas águas oceânicas, causada pela variação do nível entre águas e terras (GUERRA; GUERRA, 2001, p.617).

às forças atuantes no transporte de materiais sedimentares. Porém, como as ações de ondas são bastante moderadas, resultam na formação de banco de areia ou vasa e na formação de ilhas na desembocadura dos estuários. Os estuários de rias são formados por movimentos tectônicos no seu soerguimento continental em detrimento aos processos de descongelamento e à inundação dos vales fluviais, caracterizando regiões estuarinas entre áreas montanhosas.

Diante dessas classificações, os ambientes estuarinos apresentam os parâmetros associados aos processos hidrodinâmicos como importante critério de análise da salinidade e circulação das marés no seu sistema ambiental, correspondendo, segundo Miranda et, al., (2002), à descrição dos diversificados tipos de estuários. Entre eles estão:

a) Estuários do tipo A ou cunha salina: São resultantes das descargas fluviais e das oscilações das marés nos compartimentos estuarinos como agentes preponderantes das formas topográficas, com regime de marés entre 2 a 4 metros de elevação e o intenso aporte de descarga fluvial. A cunha salina fica em movimento, na busca de um ponto de equilíbrio natural do sistema ambiental estuarino e a sua salinidade no interior vai diminuindo no processo de diluição com a descarga fluvial em razão das forças das águas dos rios.

b) Estuário do tipo B ou parcialmente misturado: Representam os períodos das dinâmicas das marés, circulação dos corpos d’água no ambiente estuarino. Miranda et, al., (2002, p.101) afirma que: “Em decorrência da troca eficiente entre as águas do rio e o mar, devido ao processo de difusão turbulenta, a estratificação de salinidade é diferente daquela do estuário tipo cunha salina”. Além disso, os movimentos oscilatórios das marés de quadratura e sizígia na sua caracterização física do estuário resultam da interação na determinação da estratificação da salinidade.

c) Estuário do tipo C e D ou verticalmente bem misturado: Correspondem aos ambientes estuarinos caracterizados por estreitos canais, com interações fluviais que se situam em ambiente de oscilações de marés moderadas, tendo por base a atuação das correntes de fundo, adentrando ao interior dos estuários. Esses ambientes estuarinos são representados por descarga fluvial intensa na sua

estratificação, com o processo de mensuração da água salgada com a doce em direção longitudinal.

Nesse sentido, os estuários são representados por ambientes positivo e negativo ou invertido. Os estuários de ambientes positivos são caracterizados por evaporação das águas superficial maior do que a descarga fluvial que adentra ao estuário. Esses sistemas estuarinos na porção da jusante dos seus cursos hídricos são caracterizados por apresentarem elevado grau de salinidade em direção à desembocadura do ambiente na interação com o oceano, em detrimento da circulação das marés e da concentração dos sais em suspensão nas trocas do aporte de águas fluviais e marinhas.

Contudo, a descarga fluvial na montante dos seus rios com a menor intensidade é predominantemente influenciada pelas águas fluviais. Portanto, na zona superior do estuário, como exemplo os estuários da porção do litoral oriental do Rio Grande do Norte, destacam-se os estuários do rio Curimataú/Cunhaú, Guaraíra-Papeba, Potengi- Jundiaí e Ceará-Mirim, que apresentam o menor grau de salinidade, resultante das ações oceanográficas com menor penetração do que os rios fluviais. Esses estuários encontram-se também nas regiões de clima temperado e tropicais com a mistura de água salgada proveniente do mar e doce oriunda dos rios fluviais.

Quanto aos estuários negativos ou invertidos, destacam-se os ambientes de evaporação elevada na sua superfície em relação à descarga fluvial. Com isso, as águas superficiais ficam mais salgadas do que as camadas inferiores dos corpos d’águas. A taxa de evaporação desses ambientes são maiores do que o índice de precipitação nas regiões, no que tange ao gradiente de salinidade, aumento no interior do estuário, como, por exemplo, os estuários do litoral setentrional do Rio Grande do Norte, como Galinhos-Guamaré, Piranhas-Açú e Apodi-Mossoró.