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2.2. Inovação

2.2.1. Classificações das inovações

Existem várias classificações para as inovações, muitas delas intimamente relacionadas com os também variados conceitos e entendimentos do que seria a inovação. O manual de Oslo (OCDE, 2004) traz algumas dessas classificações que podem ser agrupadas por tipo (produto, processo, organizacional e marketing), grau de novidade (nova para a empresa, para o mercado e para o mundo) e impacto (radical ou disruptiva). Outras classificações de inovação também são encontradas além do manual de Oslo, como inovação incremental (TETHER, 2003; CONSTANT, 1987), inovação aberta (BARCZAK, 2012; WEST et al., 2014) e inovação social (BARCZAK, 2012).

O manual de Oslo (OCDE, 2004) traz a inovação de produto como um produto ou serviço inteiramente novo ou com melhorias significativas em aspectos funcionais. Tether (2003) e Saviotti e Metcalfe (1984) dizem que um produto envolve a saída de um processo, que posteriormente é entregue a um determinado cliente, sendo especificado em relação ao que ele é (características técnicas) e o que ele faz (características de serviço). Os autores complementam afirmando que as características de serviço são as mais percebidas pelos clientes e que as mudanças ou recombinações das características técnicas e de serviços é que determinam o surgimento de um novo produto.

A inovação de processo pode ser entendida como uma forma nova ou significativamente melhorada de produzir ou entregar produtos ou serviços, sejam eles novos ou não. A inovação em processos envolve aspectos tecnológicos (tecnologia de processos) e não tecnológicos (métodos e técnicas de produção e distribuição) (OCDE, 2004).

Um processo pode ser especificado pelo que ele faz (um produto) e como faz (as etapas de fabricação). Diferente do que acontece com um produto, a identificação de uma inovação de processo não é tão nítida, pois envolve geralmente pequenas mudanças para o seu aprimoramento ao longo do tempo, algo conhecido como “melhoria contínua”. No entanto, se a mudança for em larga escala e envolver substituições ou aprimoramentos significativos nas tecnologias e técnicas utilizadas, então a inovação de processo se torna mais evidente (TETHER, 2003).

Uma inovação organizacional pode ser definida como uma nova ou significativamente melhorada implementação de práticas de negócios, assim como novas formas de organização do trabalho e relações externas da organização (OCDE, 2004). Birkinshaw, Hamel e Mol (2008) enfatizam que no ambiente de gestão a inovação ocorre de maneira evolutiva em quatro processos: motivação, invenção, implementação e teorização; nos quais seriam

importantíssimos os papéis de agentes internos e externos à organização na concretização e devida implementação da inovação no âmbito organizacional.

O último tipo de inovação mencionada no manual de Oslo (OCDE, 2004) é a inovação de marketing, sendo ela definida como a adoção de novos métodos de marketing, como mudanças significativas na promoção e posicionamento dos produtos, na fixação de preços e no design de produtos sem influencia em sua funcionalidade (como mudanças em embalagens de modo a chamar maior atenção dos clientes).

Com relação ao grau de novidade, uma inovação pode ser considerada nova para a empresa quando qualquer um dos seus tipos já existe em outras organizações. A denominação nova para o mercado trata da inovação introduzida de maneira pioneira por uma empresa dentre as suas concorrentes. Já uma inovação que é definida como nova para o mundo consiste no desenvolvimento de algum tipo de inovação nunca antes vista em nenhuma empresa ou segmento de mercado no mundo (OCDE, 2004).

Quanto ao impacto gerado uma inovação é dita radical ou disruptiva quando a sua introdução e adoção provocam mudanças significativas na indústria e nos mercados de tal forma que consigam modificar os padrões de atuação existentes, gerando novos segmentos de mercado e até mesmo, por exemplo, tornando outros produtos, processos e práticas tradicionalmente adotadas obsoletas. Esse nível de impacto geralmente leva tempo para ser percebido, pois depende da ampla adoção da inovação pelas organizações (CHRISTENSEN et al., 2016; OCDE, 2004; NAGY; SCHUESSLER; DUBINSKY, 2016).

Uma conceitualização quanto à inovação incremental a define como uma mudança em características ou componentes de sistemas já existentes. Um sistema, como um produto ou um processo, por exemplo, é composto por subsistemas que, por sua vez, são formados por componentes. Uma mudança no nível dos componentes pode ser considerada incremental no âmbito do sistema e dos subsistemas, mas radical no que tange aos componentes (TETHER, 2003; CONSTANT, 1987).

Da mesma forma, uma mudança no âmbito dos subsistemas seria considerada radical no que tange aos subsistemas e componentes, mas incremental do ponto de vista do sistema. Por fim, uma mudança no sistema como um todo envolveria um novo sistema, sendo radical em todos os níveis (TETHER, 2003; CONSTANT, 1987).

A inovação aberta é um dos temas emergentes na pesquisa sobre inovação, pressupondo que as firmas podem usar ideias provenientes de fora dela tão bem quanto as desenvolvidas internamente para gerar inovação (BARCZAK, 2012; WEST et al., 2014). É um entendimento de que as organizações são capazes de produzir e adotar inovações em uma perspectiva mais

horizontalizada, por meio de cooperações entre organizações para cocriação e formação de redes entre empresas, diferente do tradicional modelo verticalizado de desenvolvimento interno como única forma de inovar (BARCZAK, 2012; WEST et al., 2014).

A inovação social traz a discussão de como pode-se inovar com o objetivo de resolver problemas sociais. Questões relacionadas a como identificar os problemas sociais, tratando-os como oportunidades para inovar socialmente, quais os antecedentes e práticas utilizadas pelas organizações para desenvolver este tipo de inovação, bem como qual o perfil destas organizações, são alguns dos direcionadores da pesquisa, envolvendo o tema da inovação social (BARCZAK, 2012).

Este trabalho irá adotar as inovações de produto e processo para serem investigadas em suas relações com práticas de gestão da qualidade e vantagem competitiva. Conhecer as diversas classificações das inovações ajuda a entender melhor a amplitude deste universo de pesquisa sobre o tema, o que reflete a preocupação dos estudiosos em organizar o conhecimento relacionado ao mesmo. A seção seguinte traz alguns dos principais modelos de inovação encontrados na literatura, elementos importantes no esforço em se estabelecer formas de melhor gerir a inovação nas organizações.