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MATERIAIS E MÉTODOS

2.2. Procedimento experimental

2.2.3. Experiências de campo

2.2.3.2. Clima da região

pela ribeira Caluapanda, a este pela ribeira Chianga, ambos afluentes do Culimaala, e a norte e nordeste por uma linha que segue de perto a Reserva Florestal do Caminho de Ferro de Benguela.

As parcelas A0 e G8, onde decorreram as experiências de campo, têm solos diferentes e distam respectivamente cerca de 300 e 800 metros da Estação Meteorológica.

2.2.3.2. Clima da região

A caracterização climática da área da Chianga foi feita com base nas normais climatológicas da Estação Meteorológica situada no interior do perímetro da Estação Experimental Agrícola. Os dados utilizados cobrem o período entre 1981 e 2010.

A temperatura média anual do ar é de 19,5ºC, e os valores médios mensais variam entre 16,7ºC em Junho e os 21,1ºC em Setembro (Figura 2.6). As temperaturas máximas mensais mais elevadas ocorrem no mês de Setembro (29,2ºC) e a mais baixa no mês de Junho (25,3ºC). As temperaturas mínimas mensais variam entre o valor médio de 8ºC em Junho e o de 14,7ºC em Março.

0 5 10 15 20 25 30 35

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Te m pe rat ura (ºC ) Meses Tmáx Tmed Tmin

Figura 2.6. Variação da temperatura média mensal do ar no período 1981-

2010, na Chianga.

A precipitação média anual é de 1399,1 mm. O período das chuvas ocorre entre os meses de Setembro a Maio, sendo o mês de Março o mais chuvoso com um total médio mensal de 238 mm (Fig.2.7). Em Dezembro ocorre um máximo secundário de

25 precipitação com 232 mm. Cerca de 95% da precipitação está concentrada no período de Novembro a Março. 0 50 100 150 200 250

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

R ( mm) e ET P- PM ( mm) Meses

Precipitação (R, mm) ETP-PM (calcuada)

Figura 2.7. Valores médios da precipitação mensal (R) e evapotranspiração

potencial mensal (método Penman-Monteith, ETP-PM) durante o período 1981-2010 na Chianga.

A evapotranspiração potencial, calculada pelo método de Penman-Monteith, apresenta um total anual de 1360 mm (Figura 2.7.). A sua variação mensal é relativamente pequena. Os valores mais elevados ocorrem na época chuvosa de Verão, quando a disponibilidade de radiação solar é maior, altura em que se observa um máximo de 148,2 mm no mês de Dezembro, enquanto os valores mais baixos ocorrem na época seca (designada localmente como período de cacimbo) com um mínimo de 76,3 mm no mês de Junho.

A humidade relativa média mensal do ar medida às 9 horas da manhã oscila entre 33% em Agosto e 80% em Março. Os valores mais elevados ocorrem no período das chuvas enquanto os mais baixos ocorrem durante o cacimbo (Fig. 2.8.).

Figura 2.8. Valores médios mensais da humidade relativa do ar (Hr)

26 Assim, nesta região os meses mais quentes do ano coincidem em geral com os meses mais chuvosos e estão associadas a níveis elevados de humidade relativa do ar e aos períodos de maior evapotranspiração potencial.

Segundo a classificação de Köppen o clima é subtropical de altitude, com a fórmula Cwb, ou seja clima temperado húmido, com estação seca no Inverno e Verão fresco e longo (Arhens, 2003). De acordo com a classificação de Thornthwaite, o clima da região é B3B'3w2a', ou seja húmido, mesotérmico, com deficiência moderada de água

no Inverno e Verão pouco marcado.

O índice ombrotérmico de Gaussen (G), definido através da expressão G = R/2T (Bagnouls & Gaussen, 1953), onde R é a precipitação média mensal (mm) e T a temperatura média mensal (°C), é apresentado no Quadro 2.3 e permitiu definir os meses de Outubro a Abril como húmidos (G > 1) e os meses de Maio a Setembro como secos (G ≤ 1).

Quadro 2.3. Definição de meses secos e húmidos ( Bangnouls-Gaussen, 1952)

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez R(mm) 198.8 225.2 238.0 128.0 14.7 0.1 0.0 0.3 27.0 122.2 210.1 232.0 Tm(ºC) 19.9 20.2 20.1 19.8 18.2 16.7 17.1 19.6 21.1 20.9 20.0 20.0 G=R/2T 4.98 5.59 5.92 3.23 0.40 0.00 0.00 0.01 0.64 2.93 5.24 5.81 Classif. húmido húmido húmido húmido seco seco seco seco seco húmido húmido húmido

2.2.3.3. Solos

De acordo com a Carta Geral dos Solos da Chianga na escala de 1/20000 (Nogueira, 1970), os solos da Estação Experimental da Chianga são solos derivados de rochas eruptivas quartzíferas (solos pardacentos) e de rochas lávicas (solos ferralíticos), designadas por Hb32; correspondem sensivelmente a solos da série 320 - solos vermelhos, textura fina, fundos e da série 321- solos laranja, textura fina, fundos. Segundo MPA (1961), os solos ferralíticos vermelhos geralmente apresentam horizonte superficial pardo-avermelhado a vermelho-escuro, com textura argilo-arenosa a

27 argilosa; o horizonte inferior é vermelho, ou avermelhado-escuro ou pardo- avermelhado-escuro, com textura argilosa. Os solos ferralíticos laranja geralmente apresentam horizonte superficial pardo ou pardo-escuro, amarelo-avermelhado com textura argiloso ou franco-argilo-arenosa (excepcionalmente argilo-arenosa), com raro ou pouco saibro quartzoso; os horizontes inferiores são vermelhos, laranja ou vermelho- escuro, com textura em geral argilo-arenosa.

De acordo com a World References Base for Soil Resources (WRBSR, 2006) são identificados como Ferralsols; segundo a Classificação Americana de Solos, os solos “Ferralíticos e afins” correspondem aos Oxisols e Ultisols e menos frequentemente aos Alfisols (Conceição, 1991). Em termos de regimes térmico e hídrico dos solos, Franco (1993) considera os solos da Chianga como isotérmicos údicos.

Estes solos são do ponto de vista químico caracterizados por baixos valores e fraca disponibilidade de fósforo, acentuada escassez de azoto, elevados teores de ferro, alumínio e, por vezes, de manganês. Apresentam capacidade de troca catiónica e grau de saturação baixos, relações SiO2/Al2O3 inferiores a 1,3, baixos valores de pH e a

fracção mineral dominada por sesquióxidos de ferro(Nogueira, 1970).

Nas parcelas utilizadas nos trabalhos experimentais, a A0 tem solos ferralíticos laranja de textura fina, fundos e a G8 tem solos ferralíticos vermelhos de textura fina, fundos. No âmbito deste trabalho, foram efectuadas no Laboratório de Pedologia do ISA análises físico-químicas de amostras destes solos recolhidas a várias profundidades, que se apresentam nos Quadros 2.4 e 2.5. No Quadro 2.4, os valores da % de água no solo à capacidade de campo e no coeficiente de emurchecimento permanente (≈ a pF 4,2) e a densidade aparente foram obtidos por Serralheiro (informação pessoal) para o solo em G8 e para o solo em A0 foram estimados a partir da textura de cada camada de acordo com Saxton et al. (1986). Em termos granulométricos (Quadro 2.4), ambas as parcelas apresentam teores médios de argila bastante elevados (textura argilosa) ao longo dos respectivos perfis. A densidade aparente na parcela A0 é ligeiramente superior à na parcela G8, sendo que nesta última a densidade diminui claramente em profundidade. O solo em G8 tem valores da capacidade de campo em todo o perfil superiores aos em A0 e o mesmo acontece com o pF4,2 mas apenas abaixo de 15 cm de profundidade; no entanto, a capacidade utilizável é, em ambas as parcelas, semelhante (cerca de 9-10%), excepto na camada superficial onde a G8 apresenta valores superiores (cerca de 15%) aos da A0 (cerca de 9%).

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Quadro 2.4. Resultados laboratoriais da análise física dos solos das parcelas A0 (Ferralítico

laranja) e G8 (Ferralítico vermelho) a várias profundidades (Prof.). AG é areia grossa, AF é areia fina, L é limo, A é argila, CC é a capacidade de campo, pF4,2 é o teor de água tomado como o equivalente ao coeficiente de emurchecimento permanente e Dap é a densidade aparente.

Solo Prof. (cm) AG (%) AF (%) L (%) A (%) CC (%) pF 4.2 Dap

0-15 17 21 14.39 47.58 29.3 20.5 1.28 15-30 15.8 20 14.77 49.46 30.63 21.5 1.27 30-45 13.5 20.4 15.59 50.45 31.59 22.22 1.26 15.4 20.5 14.9 49.2 30.5 21.4 1.3 0-15 9.80 20.6 17.71 51.85 34.23 18.66 1.26 15-30 9.00 18 16.18 56.78 32.69 24.26 0.96 30-45 9.60 19 16.76 54.65 33.86 25.95 1.03 9.47 19.20 16.88 54.43 33.59 22.96 1.08 A0 Média Média G8

Quadro 2. 5. Análise química das amostras dos solos Ferralítico Laranja (A0) e Ferralítico Vermelho

(G8) a várias profundidades, onde M.O. é matéria orgânica, C.O. é o carbono orgânico e os restantes elementos referem-se aos respectivos símbolos químicos e concentrações.

H2O Kcl P K Ca Mg K Na S(SBT) 0 -15 5.8 4.6 3.04 1.76 14.7 219.6 3.18 0.51 0.15 0.62 4.45 15 - 30 5.9 4.8 2.59 1.5 9.9 160.6 2.59 0.47 0.15 0.46 3.67 30 - 45 5.9 4.8 2.22 1.29 4.3 158.1 3.25 0.53 0.19 0.47 4.42 Méd 5.9 4.7 2.6 1.5 9.6 179.4 3.0 0.5 0.2 0.5 4.2 0 -15 5.4 4.4 3.11 1.81 11.3 194.7 2.08 0.44 0.14 0.59 3.24 15 - 30 5.5 4.8 2.27 1.32 6.6 155.3 1.98 0.41 0.14 0.45 2.98 30 - 45 5.8 4.8 2.02 1.17 5.1 119.1 2.55 0.36 0.17 0.27 3.34 Méd 5.6 4.7 2.5 1.4 7.7 156.4 2.2 0.4 0.2 0.4 3.2

C.O (%) Extractáveis ((μg g Bases de troca (cmolc kg-1) -1) pH Prof (cm) M.O (%) Sol o A0 G8

Em termos químicos (Quadro 2.5), os solos das duas parcelas apresentam valores médios do pH (em água) entre 5,4 e 5,9, sendo classificados como “pouco ácidos” (Soveral-Dias et al., 1980 e Franco, et al. 2001) e de média acidez (Camargos, 2005). Os teores em matéria orgânica, entre 2,0% e 3,1% são muito baixos (Martin e Nolin, 1991) ou médios (INIAP, 2005). Os teores de fósforo (P) em ambos os solos são considerados como teores médios por Alvarez et al. (1999), tal como os de potássio. A soma de base de troca (SB) varia entre 3.67 cmolc kg-1 e 4.45 cmolc kg-1 e no solo A0

e entre 2.89 cmolc kg-1 e 3.34 cmolc kg-1 no solo G8”; em ambos solos os teores em

bases são ligeiramente elevados nas camadas superficial e inferior e relativamente baixos na camada intermédia.

Relativamente ao alumínio, o Quadro 2.6 apresenta os resultados de análises efectuadas nos solos da Chianga por Neto (2006). O Quadro mostra que os teores de alumínio nas camadas superficiais variam entre 0,0 cmolc kg-1 (0-6 cm) e 0,05 cmolc

29 kg-1 (6-17 cm) no solo “A0” e entre 0,24 cmolc kg-1 (0-7 cm) e 0,16 cmolc kg-1 (7-

15 cm) no solo “G8”.

Quadro 2.6. Teores de alumínio em dois perfis de Solos da Chianga (Ferralíticos)

Prof (cm) Perfil Tipo de solo Teor de Al

0.0-6.0 215 Laranja (A0) 0

6.0-17.0 0.05

0.0-7.0 87/36 Vermelho (G8) 0.24

7.0-15.0 0.16

Fonte: Neto (2006)

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