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Cobertura de solo para o cul tivo de melancia no Submé-

No documento Anais... (páginas 115-121)

dio do Vale do São Francisco

Fabiana Torres Gomes1; Welson Lima Simões2; Alessandra Monteiro Salviano3; Geraldo Milanez de Resende3; Victor Hugo Freitas Gomes4

Resumo

O uso da cobertura morta no solo tem sido uma técnica bastante utilizada por produtores de oleráceas nos polos irrigados de zonas semiáridas do Nordeste brasileiro por possibilitar aumento da produtividade por propiciar maior controle de ervas espontâneas e maior conservação de umidade do solo, minimizando perdas de água por evaporação. Assim, objetivou-se com este estudo avaliar o efeito de diferentes coberturas de solo sobre os parâmetros produtivos e de pós-colheita na cultura da melancieira (Citrullus lanatus (Thunb.) Matsun. & Nakai.) no Submédio do Vale do São Francisco. O experimento foi conduzido no município de Petrolina, PE. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com quatro repetições, com cinco tratamentos que consistiram em quatro coberturas do solo (plásticos prata e branco, palha de coco, bagaço de cana) e um controle (solo descoberto). A cobertura com plástico prata obteve a maior produtividade (53,4 t.ha-1) e número de frutos (8.024 frutos.ha-1), en-

quanto o mulching de bagaço de cana apresentou frutos com maior fi rmeza (4,3 N).

Palavras-chave: Citrullus lanatus, hortícola, manejo do solo.

Introdução

A melancia tem grande importância econômica e social para o Nordeste. Se- gundo a FAO (2018), em 2016 a produção mundial atingiu 117,02 milhões de 1Engenheira-agrônoma, mestranda em Engenharia Agrícola - Univasf, bolsista Capes, Juazeiro, BA. 2Engenheiro-agrônomo, D.Sc. em Engenharia Agrícola, pesquisador da Embrapa Semiárido, Petro-

lina, PE.

3Engenheira-agrônoma, D.Sc. em Agronomia, pesquisadora da Embrapa Semiárido, Petrolina, PE,

alessandra.salvaino@embrapa.br.

4Engenheiro-agrônomo, D.Sc. em Fitotecnia, pesquisador da Embrapa Semiárido, Petrolina, PE. 5Mestrando em Engenharia Agrícola - Univasf, Juazeiro, BA.

toneladas com produtividade de 33,6 t.ha-1, tendo o Brasil produzido 2,09

milhões de toneladas com produtividade de 23,11 t.ha-1.

O Nordeste respondeu por 31,06% da produção nacional, alcançando pro- dutividade 18,56 t.ha-1, sendo a Bahia o maior estado produtor, com 237.532

toneladas e produtividade de 16,72 t.ha-1. Em Pernambuco foram cultivados

2.629 hectares com produtividade de 19,25 t.ha-1 (IBGE, 2018).

O uso de cobertura agrotêxtil, combinada com uma cobertura de solo, tem propiciado maior produtividade, melhor qualidade de frutos e vem sendo cada vez mais utilizada pelos produtores. Essas técnicas reduzem a oscilação da temperatura, evaporação da água do solo, perda de nutrientes e a ascensão de sais, além de evitar a compactação, erosão e o contato direto dos frutos com o solo (Câmara et al., 2007).

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da cobertura de solo na produtivi- dade e qualidade pós-colheita de frutos de melancieira sob as condições do Submédio do Vale do São Francisco.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido no período de maio a julho 2016 em um solo tipo Latossolo Vermelho Amarelo distrófi co (Santos et al., 2006), no Campo Experimental de Bebedouro, pertencente à Embrapa Semiárido, Petrolina, PE, com coordenadas geográfi cas de 9°19’35 de latitude S, e 40°32’53” de longitude O e altitude de 370 m.

O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, com quatro re- petições. As parcelas experimentais foram constituídas por cinco tratamentos que consistiram em quatro coberturas do solo (plásticos prata e branco, palha de coco, bagaço de cana) e um controle (solo descoberto). Foram utilizados canteiros com seis plantas, com espaçamento de 3 m entre linhas e 0,6 m entre elas e, sendo as quatro plantas centrais consideradas como úteis. A variedade de melancieira utilizada foi a BRS Opara, com semeadura reali- zada em bandejas de isopor contendo 128 células e o transplante realizado após o surgimento de duas folhas, a cerca de 12 dias. As parcelas experi- mentais foram cobertas com manta agrotêxtil (TNT) durante 30 dias a partir do transplante das mudas.

A colocação dos diferentes fi lmes plásticos e materiais orgânicos sobre o solo foi realizada após a instalação do sistema de irrigação e antes do trans- plantio. Cobriu-se uma faixa de solo de 1,5 m de largura ao longo da fi leira de plantas, o que representou uma cobertura de 50% da área de cultivo. Os

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fi lmes plásticos usados tinham espessura de 30 µm e a espessura média da camada de material orgânico sobre o solo foi de 2 cm.

As adubações, com base na análise do solo, constaram da aplicação de 500 kg.ha-1 do formulado NPK 06-24-12 no plantio. Em adubação de cobertura,

foram adicionados 90 kg.ha-1 de N e 90 kg.ha-1 de K

2O via fertirrigação, três

vezes por semana, ao longo do ciclo, até 10 dias antes da colheita.

O sistema de irrigação utilizado foi o por gotejamento com emissores espa- çados de 0,5 m e vazão média de 2,65 L.h-1. As irrigações foram diárias com

manejo realizado com base na estimativa da evapotranspiração máxima da cultura (ETc). Após o transplantio foram utilizados Kcs com os seguintes valores: 0,46; 0,57; 0,70; 0,89; 1,12; 1,22; 1,06; 0,85, conforme descrito por Freitas e Bezerra (2004). Avaliou-se a produtividade comercial t.ha-1 (frutos

com massa fresca acima de 6 kg), número de frutos por hectare e fi rmeza (Newtons – N).

Os dados foram submetidos à análise de variância (teste F, p≤0,05) e as mé- dias das variáveis comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, usando-se o programa Sisvar 5.1 (Ferreira, 2011).

Resultados e Discussão

Os resultados evidenciaram efeitos signifi cativos das coberturas na produti- vidade comercial, número de frutos por hectare e fi rmeza do fruto (Tabela 1).

A maior produtividade (53,4 t.ha-1) foi alcançada pela cobertura com plástico

prata (CPP), que não apresentou diferenças signifi cativas do bagaço de cana (BCA) e do tratamento sem cobertura (SC).

Tabela 1. Produtividade comercial, número de frutos por hectare e fi rmeza de frutos de melancia [Citrullus lanatus (Thunb.) Matsun. & Nakai.] sob diferen- tes tipos de cobertura do solo.

*Médias seguidas com a mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabili- dade. Coberturas Produtividade (t.ha-1) Nº frutos por hectare Firmeza (N)

Plástico prata (CPP) 53,4 a* 8.024 a* 3,4 ab*

Bagaço de cana-de-açúcar (BCA) 48,9 ab* 7.175 ab* 4,3 a* Sem cobertura (SC) 44,8 ab* 6.481 bc* 2,7 c* Plástico branco (CPB) 41,8 b* 5.984 c* 2,9 c* Bagaço de coco (BC) 41,3 b* 7.098 ab* 2,7 c*

Comparando-se a produtividade de CPP em relação à SC observam-se va- lores superiores em 19,2%. No entanto, sem diferenças signifi cativas. Estes resultados podem ser justifi cados pelos diferentes graus de absorção e refl e- xão da luz solar interferindo na temperatura do solo e criando um microclima no qual a planta apresenta respostas fi siológicas diferenciadas. Em melão, Medeiros et al. (2007) não observaram diferenças na produtividade quando utilizaram plástico preto ou prateado, enquanto Ibarra-Jiménez et al. (2005) constataram maior produtividade em melancia cultivada com o uso de plásti- cos transparentes e pretos.

Quanto ao número de frutos, a CPP obteve o maior número (8.024 frutos) não havendo também diferença signifi cativa entre as coberturas BCA (7.175 frutos) e BC (7.098 frutos). Lima Júnior e Lopes (2009), em estudos com dife- rentes métodos de cobertura no solo na cultura da melancieira, relataram que as coberturas do solo com fi bra de coco e palhada produziram maior número de frutos que as coberturas com fi lme plástico e a testemunha.

Com relação à fi rmeza, uma importante característica pós-colheita relaciona- da ao transporte dos frutos, não se observou nenhuma diferença signifi cativa entre os tratamentos SC, CPB e BC. Entretanto, os maiores valores foram observados nos tratamentos BCA e CPP (4,3 e 3,4, respectivamente). Saraiva et al. (2017) obtiveram, com cobertura de plástico preto, maior valor para fi rmeza da polpa de frutos de melancieira e justifi caram esse resultado pelo fato de a cobertura reduzir a umidade do solo e absorção de calor, cau- sando menor disponibilidade de água para a planta e menor quantidade de água translocada através da parede celular do fruto, resultando em maior resistência da polpa.

Conclusão

As coberturas com plástico prata e bagaço de cana são as mais indicadas para uso na cultura da melancieira nas condições do Submédio do Vale do São Francisco.

Referências

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Recursos Naturais e

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