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Cobertura da Rua Cel Oliveira Lima executada com verba depositada no FDU proveniente da Operação Urbana Pirelli Fonte: Galeria da Arquitetura

CONFIGURAÇÕES ESPACIAIS

Foto 18- Cobertura da Rua Cel Oliveira Lima executada com verba depositada no FDU proveniente da Operação Urbana Pirelli Fonte: Galeria da Arquitetura

(http://www.galeriadaarquitetura.com.br).

33 Cobertura da rua de comércio popular Rua Coronel Oliveira Lima. Projeto do Arquiteto Décio

138 Constituíam receitas do FDU: doações em geral ou vinculadas a Operações Urbanas instituídas por lei, auxílios, contribuições e legados; recursos proveniente de outorga onerosa instituída por lei, cuja contrapartida fosse estabelecida em pecúnia; rendimentos, abrangendo atualizações, juros e outros acréscimos provenientes da aplicação de seus recursos.

As receitas descritas deveriam ser depositadas em conta bancária especial e o FDU era gerido por um Conselho Diretor, composto por três membros, um representante da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação; um representante da Secretaria de Serviços Municipais, que era também o Presidente do Conselho e um representante do Núcleo de Planejamento Estratégico. Os representantes eram nomeados pelos secretários de cada pasta e tinham mandato de dois anos.

O Conselho Diretor tinha como atribuições a administração do FDU, bem como estabelecer a sua política de aplicação dos recursos, além de encaminhar ao órgão responsável pela Contabilidade Geral do Município as demonstrações anuais de receita e despesa do FDU e submeter anualmente à apreciação do Prefeito Municipal relatório das atividades desenvolvidas pelo mesmo.

Muitos dos artigos relacionados à gestão da operação e do FDU definidos na Lei 7747 foram revogados pela Lei 8.696/04 que instituiu o Plano Diretor de Santo André em março de 2004.

A Lei 7748 também se refere à Operação Urbana Pirelli e estabelecia isenção do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana - IPTU, aos proprietários, compromissários compradores, ou possuidores de imóveis

139 localizados no perímetro da Operação Urbana Pirelli, que contribuíssem com a implantação dos melhoramentos no sistema urbano previstos numa das seguintes modalidades: doação de imóvel a Prefeitura Municipal de Santo André, sem demais encargos; execução de obras e serviços; doação em pecúnia ao Fundo de Desenvolvimento Urbano.

A lei apresentava a forma de cálculo e os prazos para a isenção. Assim como a Lei 7747, esta lei também determinava o prazo de dois anos para assinatura dos termos de compromisso, determinando cronograma de obras, valores e prazos envolvidos.

Um dos grandes impasses que a implantação da Operação Urbana Pirelli enfrentou foi com relação à desapropriação dos imóveis que encontravam-se no perímetro de intervenção.

Alvarez (2007) teve oportunidade de entrevistar alguns dos moradores que tiveram seus imóveis desapropriados na ocasião. Eles contaram que receberam a notificação da prefeitura sobre a desapropriação e foram reunidos com o então Secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano e seus assessores em 1997 e que explicaram a importância do projeto para o desenvolvimento da cidade e que a prefeitura daria todo respaldo necessário para que ninguém fosse prejudicado com as desapropriações. Segundo os moradores, todos os proprietários ou seus representantes compareceram, pois tratava-se de um bairro bastante antigo e muitos dos moradores estavam na área há mais de trinta anos. (ALVAREZ, 2007).

140 Os moradores relataram que não foram convocados para nenhuma outra reunião para discutir os projetos de leis. Em agosto de 1998 é que foram convidados para uma reunião com assessores da Secretaria de Desenvolvimento Urbano para receberem as primeiras avaliações que haviam sido feitas com base no valor venal do IPTU dos imóveis.

Nessa ocasião os moradores ficaram muito preocupados, pois o valor venal das propriedades estava muito defasado. Segundo uma das moradoras, o seu imóvel e o terreno somavam uma indenização de R$26.000,00 (vinte e seis mil reais), enquanto que anúncios de imobiliárias anunciavam imóveis semelhantes no mesmo bairro e na mesma época com valores entre R$55.000,00 (cinquenta e cinco mil reais) e R$ 65.000,00 (sessenta e cinco mil reais)34.

Mesmo com o questionamento sobre os valores a serem pagos nas desapropriações, os dois projetos de leis foram enviados à Câmara.

Os moradores se uniram. Eles contaram que depois desta reunião, não tiveram mais acesso ao Secretário. Eles passaram a se reunir semanalmente na Câmara para cobrar explicações e revisão dos valores.

A mobilização resultou numa assembleia pública em 22 de outubro de 1998 quando tiveram a oportunidade de questionar as avaliações. A mobilização dos moradores obteve outro resultado, a intervenção da ACISA (Associação

34 Os valores expostos foram comprovados por Isabel Alvarez em 2007 para sua tese de

141 Comercial e Industrial de Santo André) que passou a intermediar as negociações, conforme reportagem do Diário do Grande ABC35.

Na audiência pública os moradores contestaram os laudos e, diante do impasse e da repercussão, a prefeitura sinalizou que negociaria novos valores.

As leis 7747 e 7748 foram aprovadas mediante um acordo que estabelecia que uma nova avaliação seria feita, sob a supervisão de um arquiteto nomeado, Silvio Pina.

Ainda segundo os moradores, o segundo laudo repetia a mesma avaliação e em alguns casos os valores eram ainda menores, o que causou revolta entre eles. Eles decidiram, apoiados por alguns vereadores, contratar um terceiro laudo independe que foi protocolado em abril de 1999. A prefeitura informou que contrataria um quarto perito. Não para fazer uma nova avaliação, mas para analisar os três laudos feitos. A conclusão é que os valores foram muito maiores do que a primeira avaliação. Em alguns casos os valores chegaram a superar o dobro do avaliado no primeiro laudo.

As desapropriações demoraram a acontecer. Devido a problemas de documentação, houve demora no pagamento de algumas indenizações e os imóveis comerciais só obtiveram seus laudos posteriormente. As desapropriações ocorreram apenas em 2000 e ainda assim houve muita resistência por parte de alguns comerciantes.

35 CARDOSO, Adriana. Acisa vira mediadora no Cidade Pirelli. Diário do Grande ABC, 19

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Foto 19 - Vista aérea da quadra dos imóveis desapropriados que deram lugar à praça. Foto à