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2.1.3 Matérias-primas graxas

2.1.3.2 Coco (Cocos nucifera L.)

O coco, de nome científico Cocos nucifera L., tem sua distribuição mundial por todas as regiões tropicais e subtropicais. São frutos secos que apresentam a camada mais externa chamada exocarpo ou epiderme, mesocarpo fibroso que se apresenta fibroso, e por fim, o endocarpo lenhoso (BONTEMPO, 2008; CHAN; ELEVITCH, 2006).

O coqueiro, originário do Sudeste asiático, foi introduzido no Brasil em 1553, onde se apresenta naturalizado em longas áreas da costa nordestina,

proporcionando abundante matéria-prima tanto para as agroindústrias regionais, quanto para uso alimentício (FERREIRA; WAREICK; SIQUEIRA, 1994; SOBRAL, 1976). O coqueiro é uma das árvores mais importante do mundo, pois sua atividade gera emprego e renda para toda a região. Analisando o cenário nacional o cultivo do coqueiro, apresenta viabilidade técnico-ambiental, seus frutos podem ser consumidos in natura ou industrializados, na forma de mais de 100 produtos e subprodutos de interesse econômico (ARAGÃO et al., 1993).

O Brasil é o único país produtor onde o coco é tratado como uma fruta e não como uma oleaginosa. Durante a década de 70, no Brasil, houve um forte incentivo governamental para a implantação de unidades industriais para processamento de sua polpa (coco ralado, leite e óleo). Essas empresas foram implantadas com sucesso e passaram a gerar emprego e renda para as áreas onde eram instaladas e postas em funcionamento. Nessa fase, todas as empresas foram implantadas na Região Nordeste, onde a cultura do coqueiro já estava bem difundida. A inclusão da cultura do coqueiro entre as oleaginosas com potencial para produção de biodiesel no Brasil constitui-se numa alternativa a ser analisada pelos órgãos de desenvolvimento, reforçando assim a necessidade de implementação de um programa de revitalização da cultura (ARAUJO, 2008)

O óleo de coco é derivado da polpa do coco. Segundo dados do Centro de Informações Tecnológicas e Comerciais para Fruticultura Tropical, da Embrapa, os países asiáticos, como Índia, Filipinas e Indonésia, são considerados os principais produtores da fruta e seus produtos secundários, enquanto o Brasil ocupa a 10ª colocação no ranking mundial de produção de coco (LIAU et al., 2011).

O conteúdo de óleo na polpa é superior a 60%, o que equivale a uma produção de 500 a 3000 kg de óleo/ha (MAZZANI, 1963). Quanto aos ácidos graxos, o endosperma do fruto do coqueiro é a principal fonte mundial de ácido láurico usado na indústria de alimentos, cosméticos, sabões e na fabricação de álcool (BALACHANDRAN; ARUMUGHAN; MATHEW, 1985).

Conhecidos pelo termo “óleos láuricos”, os óleos de coco, palmiste (dendê), babaçu e outros, são assim conhecidos por conterem altos níveis de ácido láurico (12:0). Comumente comercializados nos mercados internacionais e locais, os óleos originários do coqueiro (Cocos nucifera L.) e da palmeira (Elaeis guineensis Jacq.)

crescem produtivamente em regiões tropicais da Ásia, África e nas Américas Central e Sul. Os óleos láuricos são utilizados para aplicações alimentares e não alimentares. São usados nas indústrias de confeitaria e podem ser combinados com óleos C16/18 para produzir margarina, pastas e gorduras vegetais. Os óleos láuricos também são usados em cosméticos, produtos de higiene pessoal e lubrificantes (AMRI, 2011).

GUNSTONE; HARWOOD (2007) estimam que 61% da produção de óleo de coco destina-se para fins alimentícios. Segundo YOUNG (1983) a outra grande parcela desta produção segue para fins técnicos, dos quais a principal é a fabricação de cosméticos como sabonetes e óleos para o corpo e para o cabelo. Além desta aplicação, o óleo de coco também é empregado como matéria-prima na fabricação de detergentes. A importância deste óleo para esta última finalidade está crescendo devido aos custos crescentes de produção baseada em produtos petrolíferos. Nos grandes países produtores, o óleo de coco é amplamente utilizado para cozinhar e fritar.

O primeiro passo na extração de óleo de coco é o descascamento; isto é, quebrando a casca para retirar o miolo que contém cerca de 50% de umidade e tem que ser seco até um teor de umidade de 6-8% antes da extração do óleo. O caroço seco é conhecido como copra e tem um teor de óleo de 64%. Tradicionalmente, o óleo de coco é extraído da copra por esmagamento em um bagaço, seguido por extração com solvente para recuperar o óleo residual da torta (CANAPI et al., 2005).

A composição dos óleos láuricos é caracterizada pelo alto nível de ácidos graxos de cadeias curta e média (AGCM) (C6 – C14), atingindo cerca de 80% da constituição do óleo de coco. Os principais ácidos graxos são láuricos e mirístico (14:0), em cerca de 48% e 18%, respectivamente, enquanto nenhum outro ácido graxo está presente em mais do que cerca de 8%. É essa forte preponderância do ácido láurico que dá ao óleo de coco as suas propriedades de fusão, como a resistência à temperatura ambiente (20 °C), combinada com um baixo ponto de fusão (24 – 29 °C). Devido à sua baixa insaturação, os óleos láuricos são também muito estáveis à oxidação (PANTZARIS; BASIRON, 2002).

Assim como conclui RODRIGUES (2012) em sua revisão sistemática, embora muito se discuta ainda sobre os possíveis efeitos medicinais do óleo de coco na

saúde humana, diversos estudos têm sido realizados no sentido de mitigar os poderes milagrosos. DEBMANDAL; MANDAL (2011) reforçam a existência em abundância dos AGCMs, que são conhecidos por não serem estocados como gordura, e terem imediata disponibilização de energia devido à rápida absorção pelo organismo. Além deste efeito, os AGCMs não participam da biossíntese e transporte de colesterol, o que destaca o seu efeito cardioprotetor.

Desde que extraído a frio, o óleo de coco possui os ácidos: láurico (44 a 52%), mirístico (13 a 19%), palmítico (7,5 a 10,5%), oléico (5,8%), caprílico 5,5 a 9,5%), cáprico (4,5 a 9,5%), linoléico (1,5 a 2,5%), esteárico (1 a 3%), capróico (0,3 a 0,8%), araquídico (até 0,4%) (BONTEMPO, 2008).

Demais estudos revelam atividades antioxidantes (NEVIN; RAJAMOHAN, 2006); antitrombóticas e hipolipemiantes, isto é, reguladores dos níveis de colesterol (NEVIN; RAJAMOHAN, 2008); antibacterianas (OYI; ONAOLAPO; OBI, 2010); antidermatófitas, para tratamento de lesões cutâneas (CARPO; VERALLO-ROWELL; KABARA, 2007); antivirais (ARORA et al., 2011); antifúngicas (ŘIHÁKOVÁ et al.,

2002; OGBOLU et al., 2007), além de validada e patenteada ação como repelente de insetos em função da presença do ácido dodecanóico (DAUTEL et al., 2001) e potencial matéria-prima para a produção de biodiesel (ROBEERTO, 2001).

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