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Para a realização desta pesquisa a coleta de dados ocorreu por meio de mais de um instrumento e em momentos distintos, envolvendo fontes primárias e secundárias.

Primeiramente, após a identificação dos municípios catarinenses que compunham a amostra intencional, em junho de 2007, submeteu-se um questionário aos responsáveis pela contabilidade das prefeituras pesquisadas. Esse questionário objetivou verificar a viabilidade da presente pesquisa e, por meio desse instrumento de coleta inicial, foi possível a obtenção de dados sobre a existência de órgão central de controle interno em cada uma das prefeituras da amostra, sua vinculação ou subordinação e a legislação municipal aplicável a tal

organismo, além de informações gerais sobre os sistemas informatizados utilizados para registros e controles nas respectivas administrações municipais.

Os retornos dos questionários iniciais ocorreram entre os meses de junho e julho de 2007, em que apenas a contabilidade da Prefeitura Municipal de Chapecó não enviou resposta.

Com base nos dados inicialmente coletados, num segundo momento, identificaram-se eventuais leis e/ou decretos municipais que implantaram e regulamentavam o funcionamento dos órgãos centrais de controle interno das administrações municipais pesquisadas. Em posse de tais legislações, realizou-se uma análise de conteúdo para obtenção de informações sobre a organização desses órgãos de controle municipal.

Numa terceira etapa, após a obtenção de conhecimentos preliminares com a aplicação dos questionários e a análise de conteúdo das legislações municipais, agendaram-se entrevistas com os responsáveis pelos órgãos centrais de controle interno das prefeituras catarinenses que compunham a amostra intencional dessa pesquisa.

Sendo assim, o principal instrumento de coleta de dados da presente pesquisa é a entrevista semi-estruturada, pois foi esse o instrumento utilizado para identificar a estrutura e a organização dos órgãos centrais de controle interno pesquisados, para verificar sua abrangência e suas interações, bem como as atividades desenvolvidas por tais órgãos, objetivos do estudo.

Entende-se que este seja o instrumento adequado para responder ao problema formulado e atingir os objetivos de pesquisa, pois Richardson (1999) explica que, diferentemente dos questionários que possuem perguntas e alternativas pré-formuladas, nas entrevistas os pesquisadores buscam obter dos entrevistados o que estes consideram como aspectos mais relevantes de um determinado problema.

Corroborando com este entendimento, ao tratar especificamente das entrevistas semi- estruturadas, Raupp e Beuren (2008, p. 132) expõem que este instrumento de coleta “permite maior interação e conhecimento da realidade dos informantes” e, complementarmente, defendem que “para alguns tipos de pesquisas qualitativas, a entrevista semi-estruturada parece ser um dos principais instrumentos de coleta de dados de que o pesquisador dispõe”.

Portanto, para responder ao problema de pesquisa, além de solicitar que os entrevistados comentassem sobre o perfil, a abrangência de atuação e as principais atividades desenvolvidas pelo órgão central de controle interno ao qual pertenciam, instigou-se comentários sobre a relação desse órgão com outros que compunham a estrutura administrativa municipal e com o Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina, e sobre sua

atuação em áreas específicas. Por meio do estudo bibliográfico e pela experiência profissional da pesquisadora, essas áreas específicas foram escolhidas devido a sua importância e por prever a existência de diferentes entendimentos e atuações por parte dos entrevistados. Cabe ressaltar que essa entrevista em tópicos se fez necessária para efeitos comparativos, pois quando alguns dos assuntos relacionados não eram comentados espontaneamente pelo entrevistado, a pesquisadora indagava-o.

Essas entrevistas foram realizadas no período de junho a setembro de 2008, agendadas conforme as regiões do Estado de Santa Catarina nas quais os municípios da amostra localizam-se. Por ser aquele um ano de eleições municipais no Brasil, em que os resultados oriundos das urnas da grande maioria desses municípios seriam conhecidos no início do mês de outubro de 2008, optou-se pela não realização de entrevistas após o mês de setembro de 2008, evitando vieses em virtude dos resultados eleitorais em primeiro turno.

Com base nisso, o Quadro 8 demonstra a seqüência e datas da realização das entrevistas, distribuídas conforme a localização dos municípios, bem como os participantes destas.

Municípios Data da Entrevista Turno da

Visita

Entrevistados

Blumenau 06/junho/2008 Matutino Chefe e Servidora da Diretoria de Controle Interno.

Concórdia 02/julho/2008 Vespertino Auditor Geral.

Chapecó 03/julho/2008 Vespertino Controlador Geral e dois Auditores Internos.

Caçador 04/julho/2008 Vespertino Contadora Geral do Município.

São José 13/agosto/2008 Vespertino Chefe do Controle Interno e Auditoria. Florianópolis 18/agosto/2008 Vespertino Controlador Geral.

Palhoça 22/agosto/2008 Vespertino Chefe da Diretoria de Controle Interno. Itajaí 25/agosto/2008 Matutino Coordenadora de Moralidade Administrativa e

Diretora de Controle Interno. Balneário Camboriú 25/agosto/2008 Vespertino Controlador Geral.

Rio do Sul 15/setembro/2008 Matutino Chefe do Departamento de Controle Interno. Lages 15/setembro/2008 Vespertino Chefe (interino) e Servidora da Auditoria e

Controle Interno.

Tubarão 22/setembro/2008 Matutino Controlador Geral.

Criciúma 22/setembro/2008 Vespertino Chefe do Departamento de Controle Interno. Joinville 29/setembro/2008 Matutino Auditor Interno e Coordenadora de Atos

Administrativos.

São Bento do Sul 29/setembro/2008 Vespertino Secretário de Controle Interno, Tecnologia e Qualidade e Chefe do Departamento de Controle Interno.

Jaraguá do Sul 30/setembro/2008 Matutino Coordenador de Controle.

Canoinhas 30/setembro/2008 Vespertino Chefe do Departamento de Controle Interno.

Quadro 8 – Calendário de entrevistas nos órgãos centrais de controle interno de municípios catarinenses e entrevistados

Explica-se que no município de Caçador, motivada pelo afastamento do responsável pelo órgão central de controle interno da prefeitura para que concorresse a uma vaga da Câmara de Vereadores do município, a entrevista foi efetuada com a responsável pela contabilidade geral daquela administração municipal, conforme indicação do titular licenciado do órgão de controle.

Em Brusque, devido à incompatibilidade de horários para realização da entrevista com o responsável pelo órgão central de controle interno do Poder Executivo Municipal, quando da visita àquela região do Estado no período planejado, não foi possível a visita àquele órgão, excluindo-se das análises efetuadas.

Além disso, também não se efetuou visita ao município de Araranguá, no sul do Estado de Santa Catarina, pois a Procuradoria Jurídica daquela prefeitura informou, quando do agendamento das entrevistas, que o órgão central de controle interno não estava em funcionamento. Segundo aquela Procuradoria, a implantação e a organização daquele órgão de controle estava sendo objeto de discussão judicial. Logo, para cumprir com os objetivos deste estudo, não existiam dados a serem coletados naquele município.

Ressalta-se que em alguns municípios os entrevistados disponibilizaram relatórios, manuais e instruções, sendo possível efetuar análises dos conteúdos e complementar as informações sobre a atuação desses órgãos de controle interno, sendo estes também caracterizados como instrumentos de coleta de dados primários complementares.

Os dados primários coletados durante as entrevistas, seja por meio das explanações dos entrevistados ou pela análise de conteúdo de documentos disponibilizados, foram tabulados e comparados e estão demonstrados nos itens 4.2 e 4.3 deste trabalho, utilizando de técnicas estatísticas simples (percentuais) e análises qualitativas.

Numa etapa subseqüente, ainda no que se refere aos instrumentos de coleta de dados utilizados, com o intuito de atingir um dos objetivos específicos propostos e, conseqüentemente, cumprir o objetivo geral dessa pesquisa, coletou-se, no sítio eletrônico do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina – TCE/SC, os Pareceres Prévios emitidos por aquela Corte de Contas sobre as prestações de contas dos municípios pesquisados, relativos ao ano de 2007, último ano acessível quando da realização deste estudo.

Sendo assim, por fim, realizou-se uma análise de conteúdo dos pareceres coletados com o objetivo de confrontar esses dados com aqueles coletados durante as entrevistas com os responsáveis pelos órgãos centrais de controle interno pesquisados.