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A coleta de dados foi realizada através da aplicação de um instrumento estruturado (APÊNDICE A), constituído de quatro tópicos: 1. informações relacionadas aos aspectos sociodemográficos, história sexual e reprodutiva e hábitos de vida das puérperas; 2. questionamentos para avaliação do Conhecimento, Atitude e Prática (CAP) das puérperas quanto à prevenção da SC; 3. aspectos relativos à assistência pré-natal, observando ações mínimas preconizadas pelo MS brasileiro, bem como por órgãos internacionais de saúde, que demonstram uma qualidade satisfatória da assistência prestada as mulheres durante o ciclo gestatório; 4. Situações de Vulnerabilidade. Todos os formulários foram criados pelo pesquisador baseados na literatura pertinente, sendo necessária a testagem prévia com puérperas, e reformulação após avaliação.

A realização do teste piloto envolveu um quantitativo de 20 puéperas internadas na instituição em que ocorreu a pesquisa e que também possuíam os mesmos critérios de

inclusão necessários para participação efetiva nesse estudo. O objetivo desse teste piloto consistiu em analisar previamente a compreensão dos questionamentos contidos no instrumento de coleta de dados, para possíveis modificações e reformulações que tornassem mais compreensíveis os quesitos analisados. Entretanto, após teste piloto, observou-se que não foi necessária a realização de alterações no instrumento de coleta de dados, pois as puérperas que participaram dessa testagem prévia não apresentaram dificuldades quanto à compreensão dos questionamentos realizados.

5.4.1 Variáveis relacionadas aos Aspectos Sociodemográficos, História Sexual e Reprodutiva e Hábitos de Vida

Quanto aos aspectos sociodemográficos, foram questionadas as puérperas acerca das seguintes variáveis: idade, escolaridade, estado civil, procedência, renda familiar, ocupação, raça e religião. Todas essas variáveis foram obtidas através da declaração da puérpera no momento da entrevista. Nos momentos em que existiu alguma dúvida por parte da puérpera que pudessem ser sanada com a visualização de algum documento, os mesmos foram consultados.

Em relação à história sexual e reprodutiva, as seguintes variáveis foram examinadas: menarca; sexarca; tipo de parceria sexual; número de parceiros no último ano; comportamento sexual; história pregressa de IST; acompanhamento ginecológico; número de gestações, parto e aborto; número de filhos vivos, de partos cesáreos e de parto normal; utilização de método anticonceptivo. Para a obtenção dessas variáveis, foi utilizado o próprio relato das puérperas, mas, em aspectos relacionados ao pré-natal, em que as informações constavam no cartão da gestante, os mesmos foram consultados.

Por fim, sobre os hábitos de vida da puérpera, foram indagadas a utilização de algum tipo de droga, a história pregressa e atual de tabagismo e etilismo, bem como o uso de tatuagens e piercings. Da mesma forma, as informações foram adquiridas através da declaração das próprias puérperas.

A escolha desses aspectos que foram avaliados baseou-se no referencial teórico dessa pesquisa, denominado Modelo de Determinação Social da Saúde, selecionando-se desde as características intrínsecas do indivíduo até o estilo de vida dos mesmos, com o intuito de verificar a influência desses fatores na ocorrência da SC (DAHLGREN; WHITEHEAD, 2007).

5.4.2 Variáveis relacionadas à avaliação do conhecimento, atitude e prática das puérperas quanto à prevenção da sífilis congênita

Em relação à avaliação do CAP das puérperas quanto à prevenção da SC, foram realizados alguns questionamentos com o intuito de analisar tais aspectos. Para a elaboração dos questionamentos relacionados ao CAP, levaram-se em consideração outras pesquisas que utilizaram esse percurso metodológico em diversos contextos (BRASIL et al.. 2014; MARINHO et al., 2003; NICOLAU et al., 2012a). Acerca do CAP, as perguntas versaram sobre as manifestações clínica da SC, a forma de transmissão, o tratamento adequado, as medidas ou ações preventivas, dentre outros aspectos.

Para o estabelecimento da adequação do CAP das puérperas frente à prevenção da SC, considerou-se quando as respostas das mesmas se enquadravam nas definições padronizadas a seguir:

- CONHECIMENTO

1. Adequado - Quando um quantitativo de 75% ou mais das respostas elencada pelas puérperas estavam pertinentes, de acordo com as definições a seguir: Quando a puérpera referir já ter ouvido falar sobre sífilis, indicando fonte adequada. Quando relatar formas de transmissão da sífilis pertinentes. Quando indicar que a transmissão vertical da sífilis pode ocorrer tanto no pré-natal quanto no parto. Quando referir formas adequadas de prevenção da sífilis.

2. Inadequado - Quando a puérpera referir não ter ouvido falar sobre sífilis ou mencionar conceituação errônea acerca dessa patologia. Quando relatar formas de transmissão da sífilis inadequadas. Quando indicar que a transmissão vertical da sífilis não pode ocorrer tanto no pré-natal quanto no parto. Quando referir formas impróprias de prevenção da sífilis.

- ATITUDE:

1. Adequada - Quando um quantitativo de 75% ou mais das respostas descritas pelas puérperas estavam pertinentes, de acordo com as definições a seguir: Quando relatar que é sempre provável a possibilidade de infecção (reinfecção) por sífilis, referindo a mesma probabilidade de infecção do seu parceiro. Quando indicar que a realização do teste de detecção da Sífilis no período do pré-natal consiste em ação sempre necessária para a gestante, e em caso de infecção por sífilis das mesmas, torna-se necessária a realização do mesmo teste para o parceiro. Quando a puérpera referir que é sempre necessária a utilização do preservativo para prevenção da transmissão de Sífilis. Quando mencionar que o acompanhamento médico é sempre necessário. Quando relatar informações pertinentes acerca

da amamentação de seu bebê caso o seu teste diagnóstico constasse positivo, informando motivos relacionados.

2. Inadequada - Quando a puérpera relatar que a sua possibilidade de infecção (reinfecção) por sífilis, bem como a mesma probabilidade de infecção do seu parceiro é pouco provável ou improvável. Quando indicar que a realização do teste de detecção da Sífilis no período do pré- natal consiste em ação desnecessária para a gestante, e em caso de infecção por sífilis das mesmas, é desnecessária a realização desse teste para o parceiro. Quando a puérpera referir que é desnecessária a utilização do preservativo para prevenção da transmissão de Sífilis. Quando mencionar que o acompanhamento médico é desnecessário. Quando relatar informações errôneas acerca da amamentação de seu bebê caso o seu teste diagnóstico constasse positivo, informando motivos relacionados.

- PRÁTICA

1. Adequada - Quando um quantitativo de 75% ou mais das respostas declaradas pelas puérperas estavam pertinentes, de acordo com as definições a seguir: Quando referir que nunca foi diagnóstica com alguma IST. Quando indicar que realizou o exame para detecção da Sífilis no período pré-natal. Quando relatar que utiliza o preservativo para prevenção da transmissão de Sífilis, informando utilização sempre em todas as práticas sexuais que realiza. 2. Inadequada - Quando a puérpera referir que já foi diagnóstica com alguma IST anteriormente. Quando indicar que não realizou o exame para detecção da Sífilis no período pré-natal. Quando relatar que não utiliza o preservativo para prevenção da transmissão de Sífilis que utiliza, mas não em todas as práticas sexuais.

5.4.3 Variáveis relativas à qualidade da assistência pré-natal

Em relação à qualidade da assistência pré-natal, utilizaram-se os manuais disponibilizados pelo MS brasileiro para o estabelecimento das ações preconizadas por esse órgão (BRASIL, 2012c). Sendo assim, foram realizados diversos questionamentos que representam ações no contexto pré-natal que estão diretamente relacionadas com a prevenção da transmissão vertical da SC, exemplificados a seguir:

1. Número de consultas pré-natal realizadas: para possibilitar a análise da adequação desse aspecto, consideraram-se as recomendações do MS do Brasil que desde 2011, com a Estratégia Rede Cegonha, passou a recomendar a realização de no mínimo sete consultas para uma gestação a termo (BRASIL, 2011a).

2. Idade gestacional de início das consultas: Utilizou-se como referencial para adequação desse parâmetro informações ministerial contidas em manual que indicam dez passos para o pré-natal de qualidade na atenção básica, dentre eles, iniciar o pré-natal na Atenção Primária à Saúde até a 12ª semana de gestação (captação precoce) (BRASIL, 2012c).

3. Realização de teste rápido de sífilis: Para adequação, considerou-se a disponibilização e realização desse teste no período pré-natal, conforme preconização do MS (BRASIL, 2012c). 4. Exames sorológicos para diagnóstico precoce da sífilis, com enfoque no VDRL: conforme as recomendações do MS brasileiro, o exame VDRL deve ser solicitado e realizado em dois momentos durante a gestação - na primeira consulta ou primeiro trimestre e no terceiro trimestre (BRASIL, 2012c).

5. Orientações Educativas: Participação em estratégias educativas sobre IST, dentre as quais se evidencia a sífilis, com enfoque na orientação das puérperas e de seus parceiros para a prevenção da transmissão vertical desse agravo.

5.4.4 Situações de Vulnerabilidade

Foram questionados situações de vulnerabilidade que dificultam o acesso aos serviços de saúde ou inviabilizam o acompanhamento contínuo por profissionais de saúde de algumas gestantes específicas. Dentre os aspectos interrogados durante a entrevista destacam- se: vivendo em situação de rua; residência juntamente com familiares; mudança frequente de domicílio; ocorrência de situação de abuso sexual, físico ou verbal; profissional do sexo e parceria com presidiário. Selecionaram-se essas variáveis através da identificação de diversos estudos que apontam o risco/vulnerabilidade desses públicos específicos para as IST, sendo recomendada por essas investigações a realização de novas pesquisas que busquem identificar o risco desse público a esses agravos (ANDRADE et al., 2015a; CHERSICH et al., 2014; LIAO et al., 2012; NICOLAU et al., 2012b; YANG et al., 2011).

As informações foram coletadas por meio de entrevista a puérpera, bem como foram resgatados dados do cartão da gestante e dos prontuários da parturiente e do recém- nascido. Para a coleta das informações foi solicitada à assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE B) pela puérpera.

Assim, também se utilizaram para a realização da pesquisa fontes primárias, que podem ser definidas como aquela que é constituída por estudo feito por um pesquisador e que expressa mais do que uma simples informação factual, contendo estudo, análise, reflexão e

classificação ou descrição. Não se tratando apenas de mero registro ordenado (RODRIGUES, 2007). Para padronizar a forma de coleta de dados, foram utilizadas as instruções contidas no Procedimento Operacional Padrão para Coleta de Dados, (APÊNDICE C).

Após a obtenção dos dados, os mesmos foram tabulados para posterior avaliação. As variáveis contínuas foram examinadas através de um teste estatístico que possui o intuito de avaliar a normalidade da amostra, denominado Kolmogorov-Smirnov, sendo verificado que a amostra não seguia um padrão normal. Dessa forma, para a análise desses aspectos, selecionou-se o uso da mediana, com avaliação do Desvio Padrão (DP). Para as variáveis dicotômicas, com o escopo de elucidar as possíveis associações, realizaram-se os cálculos de Odds Ratio (OR) com seus respectivos Intervalos de Confiança (IC) de 95%, bem como o teste qui-quadrado de associação de Pearson. Os dados foram organizados através de tabelas, analisados através da frequência absoluta e relativa, bem como os resultados dos testes estatísticos mencionados, sendo discutidos à luz da literatura pertinente.

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