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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 Problema

3.5 Coleta e análise de dados

Tal como se antecipou na subseção anterior, quanto à coleta de dados esta pesquisa se utilizou, além da pesquisa documental indireta, da observação direta extensiva pela via dos questionários, conforme acepção de Lakatos e Marconi (2003).

O questionário foi estruturado com base em perguntas que objetivaram verificar se, na percepção dos sujeitos pesquisados, existem relações de poder, de que tipo são e como se dão estas relações no âmbito das coordenações de curso de graduação da Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Para Gil (2002), o questionário deve conter informações sobre a entidade patrocinadora, os objetivos da pesquisa e importância das respostas para a realização do estudo, além disso, suas perguntas devem ser preferencialmente fechadas. Lakatos e Marconi (2003) acrescentam que o questionário deve ter sua extensão limitada, tendo em vista o rápido desinteresse e fadiga que pode causar se for muito longo.

Desta maneira, o questionário elaborado se inicia com uma apresentação, contendo nome da universidade, centro e curso de onde partem a pesquisa, além de um texto informativo que convida o coordenador a responder o instrumento, esclarecendo o objetivo da pesquisa, o anonimato das respostas e a importância da devolutiva. O texto se encerra com um prévio agradecimento e os dados da pesquisadora.

O questionário propriamente dito foi construído com base em cinco perguntas, entre fechadas e abertas, sendo uma delas uma pergunta condicional que, no caso da obtenção de resposta positiva, indica mais duas questões para resposta, o que faz totalizar, neste caso, sete perguntas para o questionário, caracterizando-o um instrumento relativamente curto.

Para cada pergunta elaborada, se fez corresponder a uma categoria para análise dos dados coletados. Dessa forma, a pergunta inicial, cuja categoria correspondente é “Categoria 1 – Experiência/Formação”, tem o intuito de investigar, quantitativamente, o número de coordenadores, dentre a amostra de respondentes, que possuía experiência e/ou formação para exercer a função. A resposta a esta pergunta pode ajudar a compreender se os docentes que se tornam coordenadores o fazem a partir de um movimento natural de continuação de formação, afinidade de experiências prévias, ou por razão distinta destes elementos.

A segunda questão, cuja categoria correspondente é “Categoria 2 – Motivação”, intenciona descobrir o que motivou o respondente a assumir a função de coordenador. Para tanto, são propostas sete opções, podendo o questionado marcar mais de uma e/ou adicionar alguma alternativa não relacionada, contendo razões que o levaram a querer para si as atribuições do cargo. Esta questão pretende descobrir se o interesse em ocupar o cargo de gestão passa pela intenção em ocupar uma posição de poder. Os dados obtidos com esta questão servirão para corroborar ou refutar a hipótese indicada na presente pesquisa.

Posteriormente, a terceira questão, cuja categoria correspondente é “Categoria 3 – Concorrência para o cargo”, é colocada com a pretensão de saber quantas chapas concorriam, além daquela que elegeu o respondente, à época do processo eleitoral. A pergunta tem a finalidade de compreender se houve, entre docentes, disputa pelo poder de ocuparem o cargo administrativo de coordenador de curso.

A quarta pergunta, cuja categoria correspondente é “Categoria 4 – Relações de Poder”, tem uma questão principal e condicional para a resposta de outras duas questões no caso de a resposta à pergunta principal ser afirmativa. A questão indaga se há relações de poder no contexto da coordenação do curso de graduação em que o respondente atua e, se respondida, esta questão permitirá compreender se, na percepção dos docentes gestores, a função de coordenador de curso se constitui em um lugar de poder.

No caso de responder sim a esta pergunta, duas novas questões surge como desdobramento daquela, de forma condicional. A primeira delas, denominada 4.a (vide apêndice A), indaga entre quais sujeitos essas relações existem. Na sequência, a questão denominada 4.b (vide apêndice A), indaga como se descreveriam tais relações. As questão 4.a e 4.b se respondidas, intencionam analisar o poder sob as dimensões propostas pelo modelo de Reed (2014).

Em seguida, a última pergunta, que corresponde à “Categoria 5 – Estratégias de Poder”, questiona se o docente, na posição de coordenador, se

utiliza de algum mecanismo ou estratégia de poder em seus discursos e em suas performances no contexto de sua atividade.

A análise do questionário pretendeu identificar como se dão as relações de poder no âmbito das coordenações de curso a partir da perspectiva dos docentes no desempenho da função de coordenador. O material obtido foi, a partir da categorização proposta, interpretado com base nos princípios da Análise de conteúdo, partindo do entendimento de que esta metodologia permite descortinar vieses não explícitos ou não aparentes nas narrações dos sujeitos, tal como aponta Bardin (2011, p. 15):

Enquanto esforço de interpretação, a análise de conteúdo oscila entre os dois polos do rigor da objetividade e da fecundidade da subjetividade. Absolve e cauciona o investigador por esta atração pelo escondido, o latente, o não aparente, o potencial de inédito (do não dito), retido por qualquer mensagem. Tarefa paciente de “desocultação”, responde a esta atitude de voyeur de que o analista não ousa confessar-se e justifica a sua preocupação, honesta, de rigor científico.

Nessa perspectiva, os questionários, sendo mistos, foram analisados quantitativa e qualitativamente em relação às questões fechadas e qualitativamente em relação às questões abertas, as quais foram analisadas a partir do conceito de unidade de significação temática, concebido por Bardin (2011, p. 135):

Na verdade, o tema é a unidade de significação que se liberta naturalmente de um texto analisado segundo certos critérios relativos à teoria que serve de guia à leitura. O texto pode ser recortado em ideias constituintes, em enunciados e em proposições portadores de significações isoláveis.

A interpretação dos dados relacionou os resultados obtidos e a teoria aplicável ao eixo conceitual relativo ao poder e à docência, dispostos no referencial teórico da pesquisa.

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