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A produção de dados ocorreu entre agosto e dezembro de 2013, após a permissão do Comitê de Ética em Pesquisa do HGF e do coordenador da instituição mediante termo de autorização.

Os dados deste estudo foram produzidos pelos sujeitos da pesquisa no momento da entrevista e a partir da observação sistemática. Além disso, foram levantadas informações sobre a caracterização pessoal, sociodemográfica e profissional dos participantes.

A produção de dados se deu seguindo as seguintes fases:

1) Convite dos Enfermeiros que fizeram parte da pesquisa para apresentação dos objetivos da pesquisa. Esse convite se deu através de visitas a cada UTI onde os Enfermeiros foram convidados a participar da pesquisa. Será apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para posterior assinatura;

2) Fez-se um teste piloto para conhecer a aplicabilidade das perguntas norteadoras das entrevistas destinadas aos profissionais. O teste foi realizado no mês de agosto e não foram necessárias modificações na formulação das perguntas destinadas aos profissionais.

3) Observação sistemática do serviço;

4) Realização de entrevista norteada pelas seguintes questões: - Como você concebe a doação de órgãos e tecidos?

- Como é o seu cotidiano no cuidado a pacientes potenciais doadores de órgãos e tecidos?

- Como você percebe sua prática profissional de Enfermeiro junto ao paciente potencial doador de órgãos e tecidos?

- Você considera que há diferença no cuidado prestado ao paciente com morte encefálica e os outros pacientes que se encontram internados no CTI? Se sim, quais são essas diferenças?

- Quais implicações a sua prática junto ao paciente com morte encefálica tem para a concretização do processo doação-transplante?

- Você deseja acrescentar algo?

A coleta de dados se deu de acordo com a dinâmica a seguir.

Após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Geral de Fortaleza, foram realizadas visitas exploratórias a fim de conhecer a dinâmica de trabalho dos Enfermeiros atuantes no Centro de Terapia Intensiva (CTI), identificar os profissionais atuantes nas mesmas, realizar o convite aos Enfermeiros para participação da pesquisa e definir o cronograma de trabalho.

A pesquisa teve colaboração da equipe da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante – CIHDOTT do HGF. Após serem apresentados os objetivos e o protocolo da pesquisa, a equipe se comprometeu a comunicar à pesquisadora responsável a existência de paciente possível ou potencial doador de órgãos no CTI do HGF através dos contatos fornecidos pela pesquisadora.

Com a colaboração da CIHDOTT, foi possível realizar a observação sistemática da assistência prestada pelo Enfermeiro a sete pacientes potenciais doadores de órgãos e tecidos.

No momento em que havia um paciente com suspeita ou em processo de confirmação de morte encefálica foi realizada a observação sistemática, que consiste numa técnica de investigação científica utilizada nas pesquisas de campo quando se pretende obter dados para além dos sentidos, buscando examinar fatos e fenômenos em suas diferentes dimensões, tais como atos, significados e relações.

O objetivo das observações é obter dados fidedignos sobre a dinâmica do processo de trabalho da enfermagem no ambiente pesquisado, que possam corroborar ou não o que foi dito durante as entrevistas (TRIVIÑOS, 2009; MARCONI, LAKATOS, 2007).

A observação foi realizada com registros em um diário de campo, seguindo um roteiro de observação (APÊNDICE A), onde foi priorizada a obtenção de situações importantes para responder aos objetivos propostos por esta pesquisa.

Seguindo este principio, a pesquisadora procurou estar presente sempre nos momentos das visitas dos familiares, que acontecem das 16h Às 17h, no plantão diurno, e das 20h às 21h no plantão noturno, geralmente iniciando a observação às 16h e finalizando após às 21h, o que totalizou cerca de 50 horas de observação da dinâmica da assistência do Enfermeiro ao paciente com morte encefálica, a sua interação com os familiares desses pacientes, além da interação destes com a equipe da UTI e com os profissionais da CIHDOTT que sempre realizavam a busca ativa na unidade.

A observação como técnica de coleta de dados na pesquisa qualitativa é discutida por vários autores em diversos períodos: Goode e Hatt (1979), Triviños (2009) e Gil (2007). Para Gil (2007), a observação constitui um elemento fundamental para a pesquisa. É, todavia, na fase de coleta de dados que o seu papel se torna mais evidente. Para efeitos científicos requer planejamento em relação ao objeto da observação e como deve ser observado. Portanto, a observação será utilizada como técnica na coleta de dados desta pesquisa, por permitir a captura de uma variedade de situações que normalmente não se poderiam acessar por meio de questionários e entrevistas, pois é uma técnica que não consiste em apenas ver ou ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar.

As entrevistas foram agendadas em concordância com os sujeitos, conforme disponibilidade dos mesmos, e foram realizadas no próprio serviço, numa sala reservada para esse fim, o que permitiu que as entrevistas fossem interrompidas o mínimo possível, além de garantir que a privacidade dos Enfermeiros fosse preservada, o que também contribuiu para que os profissionais se sentissem mais à vontade. Geralmente, os profissionais se mostravam mais disponíveis nos finais dos plantões ou no início destes. O regime de trabalho dos Enfermeiros nessa unidade é de plantão de doze horas, sendo o plantão diurno iniciado às 7h da manhã e finalizado as 19h; o plantão noturno iniciado as 19h e encerrado às 7h da manhã do dia seguinte. Portanto, para a realização das entrevistas, a pesquisadora procurava estar presente na unidade no final do plantão diurno e no inicio do plantão noturno, com o intuito de conseguir entrevistar os Enfermeiros dos dois turnos.

No momento da entrevista foi realizado o preenchimento de um roteiro de entrevista composto de perguntas abertas e fechadas. As perguntas fechadas eram referentes à caracterização pessoal, sociodemográfica, profissional e experiência prática na área. As perguntas abertas foram compostas perguntas norteadoras voltadas à prática do Enfermeiro junto ao paciente potencial doador de órgãos e tecidos (APÊNDICE B).

A entrevista foi registrada com auxílio de um gravador e, posteriormente, as informações foram transcritas na íntegra, o que permitiu maior acurácia dos dados no momento da análise.

Para Yin (2005), o uso da gravação fornece uma expressão mais acurada de qualquer entrevista do que qualquer outro método. No entanto, o autor salienta que o gravador não pode ser utilizado quando não houver consentimento do entrevistado, quando não há um planejamento claro para transcrever o conteúdo das fitas ou quando o pesquisador é inábil com a aparelhagem mecânica de modo que o gravador cause distração durante a entrevista.

Ao se referir à precisão de informações, Gil (2007) afirma que o único modo de reproduzir respostas com precisão é registrá-las durante a entrevista, mediante anotações ou com o uso de gravador. Todavia, as anotações apresentam inconvenientes, como os limites da memória humana e as distorções decorrentes dos elementos subjetivos. Para Minayo (2006), o uso do gravador é um instrumento de garantia fidedigna da conversa.

Trivinõs (2009) recomenda que as entrevistas não durem além de 30 minutos, pois correm o risco de se tornarem repetitivas. Além disso, recomenda também que sejam preferencialmente gravadas. Quando isto não ocorre há maior possibilidade de fragmentação da fala.

A entrevista qualitativa é bastante útil como método de pesquisa para se ter acesso às atitudes e aos valores dos indivíduos – aspectos que não podem necessariamente ser observados ou acomodadas em um questionário formal. As perguntas abertas e flexíveis podem obter respostas mais ponderadas do que as perguntas fechadas e, por isso, proporcionam um melhor acesso às visões, às interpretações dos eventos, aos entendimentos, aos sentimentos, às experiências e às opiniões dos entrevistados. Quando bem realizada, a entrevista pode atingir um

nível de profundidade e complexidade que não está disponível a outras abordagens particularmente baseadas em levantamentos (BYRNE, 2004).