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A coleta de dados do ERICA foi conduzida por uma equipe de avaliadores previamente treinados, utilizando técnicas padronizadas. As informações foram obtidas através de um questionário estruturado, autopreenchido pelo adolescente em sala de aula, aplicado com o uso de um coletor eletrônico de dados (PDA) individual e portátil, modelo LG GM750Q, sob supervisão da equipe de campo.

4.3.1 Instrumentos

O questionário estruturado, autopreenchido, que abrange cerca de 100 questões estava dividido em 11 blocos: Aspectos sociodemográficos, Trabalho, Atividade física, Comportamento alimentar, Tabagismo, Uso de bebidas alcoólicas, Saúde reprodutiva,

Saúde bucal, Morbidade referida, Sono e transtorno mental comum. Foram realizadas as medidas de peso, estatura e perímetro da cintura para avaliação antropométrica, aferição da pressão arterial, recordatório alimentar de 24 horas e exames laboratoriais. O protocolo de pesquisa do estudo está descrito detalhadamente por Bloch et al. (2015).

Dos instrumentos empregados para coleta de dados no estudo ERICA, foram utilizadas para o presente estudo, as informações do questionário estruturado autopreenchido e medidas antropométricas (peso e estatura).

Do questionário, avaliaram-se as informações coletadas nos blocos: Informações sobre a escola, aspectos sociodemográficos, atividade física e sono.

4.3.2 Variáveis do estudo

a) Variável dependente

A variável dependente adotada neste estudo é o excesso de peso. Todos os adolescentes, com sobrepeso e obesidade, foram classificados como apresentando excesso de peso.

As medidas antropométricas de peso e estatura foram utilizadas para a avaliação do estado nutricional a partir do cálculo do IMC, definido como (peso/estatura2). Para a classificação do estado nutricional dos adolescentes, adotou-se as novas curvas recomendadas pela World Health Organization (ONIS et al., 2007) com índices específicos para sexo e idade segundo os pontos de corte: muito baixo peso escore Z < -3; baixo peso escore Z ≥ -3 e < -2; peso adequado escore Z ≥ -2 e ≤ 1; sobrepeso escore Z > 1 e ≤2; obesidade escore Z > 2. Os grupos classificados como muito baixo

peso e baixo peso foram agrupados devido ao baixo número de adolescentes

b) Variáveis independentes

Para a realização das análises propostas no estudo, utilizou-se as variáveis independentes: sexo (meninas e meninos), idade, estágio de maturação sexual, raça/cor, escolaridade da mãe, tipo de escola (pública e privada), turno de estudo (manhã e tarde), região da escola (urbana e rural), regiões do país (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), atividade física e horários de dormir e acordar.

A variável idade foi analisada de forma numérica (12 a 17 anos) e categórica considerando dois grupos: de 12-14 e de 15-17 anos.

Conforme classificação utilizada pelo IBGE (2011) foi analisada a variável raça/cor declarada pelo adolescente como branca, preta, parda, amarela ou indígena.

A escolaridade da mãe foi definida como até sete anos de estudo versus oito anos ou mais (<8 ou 8 anos).

Para determinação do nível de atividade física dos adolescentes, utilizou-se o questionário adaptado do Self-Administered Physical Activity Checklist (SALLIS et al., 1996), numa versão validada em adolescentes brasileiros (FARIAS JÚNIOR et al., 2012). O instrumento consiste em uma lista de 24 modalidades que permitiu ao adolescente informar a frequência em dias na semana e o tempo em horas e minutos que praticou alguma das atividades listadas. O período de referência da prática de atividades físicas foi a semana anterior ao preenchimento do questionário. O nível de atividade física foi calculado pelo produto entre o tempo e a frequência em cada atividade e o somatório dos tempos obtidos. Os adolescentes que não acumularam pelo menos 300 min/semana de atividade física foram considerados inativos conforme recomendação da OMS (2010).

A maturação sexual foi avaliada segundo os critérios propostos por Tanner (MARSHALL & TANNER, 1969; 1970) e recomendados pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2013a; 2013b). Para identificação dos estágios de maturação sexual utilizou-se o método de autoavaliação previamente validado (MATSUDO &

MATSUDO, 1991). Conforme critério proposto, a avaliação consistiu na visualização de figuras ilustrativas coloridas (ANEXO B) que caracterizam o desenvolvimento maturacional em cinco etapas, de acordo com o sexo da criança e do adolescente. Cada um deles apontou para o estágio em que se encontrava na ocasião em relação aos pelos púbicos, genitais externos e mamas. Os estágios foram classificados em: estágio 1 que corresponde ao desenvolvimento pré-puberal, estágios 2, 3 e 4 que correspondem à progressão da puberdade e estágio 5 onde ocorre a maturação completa.

A coleta das informações sobre a exposição principal, duração do sono, realizou-se através da aplicação de quatro perguntas, sendo que as respostas foram obtidas em horas (figura 4). O adolescente deveria selecionar a hora em que ele costuma dormir e acordar em um dia de semana comum e no final de semana.

Figura 4. Perguntas referentes ao bloco do sono

As respostas eram fechadas, com 24 opções, uma para cada hora do dia. Caso o adolescente marcasse uma opção não compatível com a realidade (por exemplo, durante a semana acordar às 2 horas da tarde ou dormir às 10 horas da manhã), o PDA sinalizava com uma mensagem para o respondente confirmar ou não sua resposta, caso tivesse escolhido esta opção por acidente ou falta de atenção.

Após análise das inconsistências das respostas dos alunos, foram realizadas alterações das horas de acordar e dormir. A correção se deu em função dos horários mais frequentes, respeitando o turno que o adolescente estudava, ou seja, quando o horário para dormir ou acordar durante a semana era inviável em função do período escolar do aluno (manhã ou tarde).

Para fins deste trabalho, após as devidas correções nos horários de sono, obteve-se a variável duração do sono em horas, através da diferença entre a hora habitual de dormir e acordar. Calculou-se a duração do sono considerando o dia de semana comum e o final de semana, separadamente. Na análise de dados foi desconsiderada a duração de sono inconsistente quando, durante a semana e fim de semana, os adolescentes relataram dormir menos que 4 horas e mais que 14 horas. A duração do sono do final de semana foi ignorada da análise dos dados caso houvesse duração do sono não coerente para um dia de semana comum e vice-versa para o mesmo aluno. E, por fim, foi calculada uma média ponderada da duração do sono por semana através da fórmula (KONG et al., 2011; TAHERI et al., 2004; KNUTSON et al., 2006):

(sono durante a semana x 5 + sono no final de semana x 2) / 7

A definição na literatura sobre os pontos de corte ideais para curta e longa duração do sono é controversa (YU et al., 2007; SNELL; ADAM; DUNCAN, 2007; EISENMANN; EKKEKAKIS; HOLMES, 2006; FATIMA; DOI; MAMUN, 2015; JAVAHERI et al., 2011), por isso adotaremos uma proposta recente da National Sleep

Foundation, com a recomendação de que os adolescentes não tenham duração do

sono <7 horas ou >11 horas por noite (HIRSHKOWITZ et al., 2015). Desta forma, será considerada curta e longa duração do sono dormir <7 horas e >11 horas, respectivamente.

4.3.3 Supervisão e controle de qualidade

Para coleta dos dados foram adotados procedimentos padronizados afim de prevenir e garantir minimização dos erros de aferição. Foram elaborados manual de campo e

vídeos com descrição detalhada dos procedimentos para treinamento. A equipe de campo foi treinada e certificada antes do início do estudo e reavaliada sistematicamente. E por fim, foi realizado o pré-teste dos procedimentos e instrumentos da pesquisa em uma escola do Rio de Janeiro e o estudo piloto em 2012 em 15 escolas, três em cada uma das cinco cidades participantes (Rio de Janeiro, Cuiabá, Feira de Santana, Campinas e Botucatu).

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