A coleta de dados da pesquisa se deu por meio de questionário estruturado. Collis e Hussey (2005) ressaltam que este método de coleta de dados consiste em uma lista de perguntas cuidadosamente estruturadas, escolhidas após a realização de vários testes, com o intuito de extrair respostas confiáveis de uma amostra escolhida.
Complementarmente, Colauto e Beuren (2004) afirmam que o questionário é constituído por uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo informante, sem a presença do pesquisador. Roesh (2006) esclarece ainda que esta é a técnica mais utilizada quando se trata de pesquisa quantitativa.
Acrescenta-se que, antes da aplicação do questionário, foi realizado um pré-teste com os responsáveis pelas informações contábil-gerenciais de três organizações, duas delas empresas que possuem características semelhantes às empresas pesquisadas e uma empresa constante na população. O objetivo da realização deste é verificar a existência de falhas e de dificuldades no entendimento das questões, e corrigi-las antes de aplicar com as demais empresas em análise.
Easterby-Dmith, Thorpe e Lowe (1991) reconhecem a importância da aplicação do pré-teste antes do instrumento ser aplicado definitivamente e acrescentam que este é útil para o pesquisador averiguar se as questões são compreensíveis, se a sequência das questões está adequada, se há condições de analisar os dados e se os resultados têm sentido.
A aplicação do questionário foi realizada junto ao gerente da área responsável pelas informações contábil-gerenciais na organização (Controladoria ou área afim). Um primeiro contato com a empresa foi feito por telefone para identificar o respondente, apresentar os propósitos da pesquisa e verificar se o mesmo estava disposto a participar. Caso positivo, foram propostas duas alternativas como forma de resolução do questionário: aplicação do questionário in loco ou questionário enviado por e-mail.
Das empresas participantes da pesquisa, apenas 5 aceitaram responder pessoalmente na empresa e as demais preferiram o envio do questionário online. Este, por sua
vez, foi aplicado utilizando-se de uma ferramenta web de pesquisa “enquete fácil.com” e através do link: http://www.enquetefacil.com/RespWeb/Qn.aspx?EID=1404957.
O referido questionário foi estruturado em quatro blocos, apresentando 16 questões em sua maioria com perguntas fechadas, com exceção de 3 questões referentes à caracterização da empresa e do respondente. Os quadros 12, 13 e 14 apresentam detalhes dos blocos 2, 3 e 4 do questionário, evidenciando os objetivos específicos a que eles atendem, os construtos observados, as variáveis utilizadas para determinar cada construto e os autores utilizados como referência para construir as questões.
O bloco 1 tratou das informações referentes à empresa e ao respondente. Para tal, utilizaram-se 6 questões, das quais 3 apresentam perguntas abertas, para identificação da empresa, do respondente e da receita operacional bruta da organização no ano base de 2011. Da mesma forma, têm-se 3 perguntas fechadas, com resposta de escala categórica, para identificação do cargo e da formação do respondente.
O bloco 2 atende ao objetivo de identificar os artefatos tradicionais e modernos de Contabilidade Gerencial utilizados pela empresa. Estes estão divididos em três grupos: instrumentos de gestão de custos (sete artefatos); ferramentas de planejamento e controle (quatro artefatos) e filosofias e modelos de gestão (seis artefatos). Esta divisão se deu com o intuito de agrupar ferramentas com características semelhantes.
Quadro 12 – Bloco 2: Artefatos de Contabilidade Gerencial
Bloco Objetivo Específico Construto Variáveis Referencial teórico
2
Identificar os artefatos tradicionais e modernos de
Contabilidade Gerencial utilizados pelas empresas.
Artefatos de Contabilidade
Gerencial
Gestão de custos: Custeio por Absorção, Custeio Variável, Custeio Baseado em Atividades, Custeio Padrão, Custeio Meta, Custeio Kaisen, Análise custo- volume-lucro. Chenhall e Langfield- Smith (1998); Sulamain, Ahmad e Alwi (2004); Soutes (2006); Teixeira et al. (2011). Planejamento e controle: Planejamento estratégico, Orçamento, ROI, EVA .
Filosofias e modelos de gestão: Just in Time, Teoria das
Restrições, Balanced Scorecard, Benchmarking, Gestão Baseada em Valor, Gestão Baseada em Atividades.
Para verificar os artefatos utilizados, estabeleceram-se afirmações que indicavam a realização destes. Assim, caso a empresa realizasse tal atividade que representa o artefato, marcaria a opção “sim”, caso contrário marcaria “não”.
Complementarmente, para a classificação dos artefatos em tradicionais e modernos, utilizaram-se os estudos de Chenhall e Langfield-Smith (1998), Sulamain, Ahmad e Alwi (2004), Soutes (2006) e Teixeira et al. (2011), sendo consideradas tradicionais: custeio por absorção, custeio variável, orçamento, custo-padrão, análise custo-volume-lucro e retorno sobre o investimento. Ademais, determinou-se como modernos: custeio baseado em atividades (ABC), target costing, custeio kaisen, just in time, valor econômico agregado (EVA), gestão baseada em valor (VBM), planejamento estratégico, balanced scorecard, benchmarking, teoria das restrições e gestão baseada em atividades.
Por sua vez, o bloco 3 buscou caracterizar três fatores contingenciais internos das organizações (estratégia, estrutura organizacional e tecnologia), utilizando-se de questões com perguntas fechadas e respostas com escala do tipo likert de 7 pontos.
Quadro 13 – Bloco 3: Fatores contingenciais internos
Bloco Objetivo Específico Construto Variáveis Referencial teórico
3 contingenciais internos Analisar os fatores das organizações.
Estratégia
Eficiência produtiva, imagem superior ao da concorrência, custos e preços de venda inferiores ao da concorrência, produtos/serviços de alta qualidade, pesquisa e desenvolvimento, suporte ao cliente, características únicas do produto/serviço. Porter (1986); Baines e Langfield- Smith (2003) e Espejo (2008). Estrutura Organizacional
Delegação de autoridade para: desenvolvimento de novos produtos/serviços, contratação e demissão de pessoal, aprovação de investimentos significativos, alocações orçamentárias e decisões de preços de produtos/serviços.
Gordon e Narayanan (1984).
Tecnologia
E-commerce, Gerenciamento da relação com o cliente - CRM, Sistemas Integrados de Gestão – ERP, Troca de dados de forma eletrônica – EDI e Gerenciamento da cadeia de suprimentos – SCM.
Junqueira e Frezatti (2011); Mantovani
(2012).
Fonte: Elaborado pela autora (2013).
Para determinar a estratégia das empresas, foram estabelecidas oito afirmações, em que o respondente iria evidenciar o grau de importância de cada estratégia para a
organização, utilizando a escala de 1-7, onde 1 equivale a “sem importância” e 7 “muito importante”.
O construto “estrutura organizacional” foi medido através do grau de descentralização de autoridade, ou seja, em que nível certas decisões são delegadas aos gerentes de cada uma das áreas da empresa. A medida foi realizada através de cinco itens, cada um representando uma decisão. Assim, para cada decisão, utilizou-se uma escala de 1 a 7, onde 1 significa nenhuma delegação e 7 delegação total.
Por fim, o bloco 4 trata das características da área responsável pelas informações contábil-gerenciais ou pela Contabilidade Gerencial na empresa, em que se verificam a existência deste setor, a sua denominação e características quanto à posição hierárquica e função. Para isto, apresenta questões fechadas de escala nominal e categórica.
Quadro 14 – Bloco 4: Características da área responsável pelas informações contábil- gerenciais
Bloco Objetivo Específico Construto Variáveis Referencial teórico
4 Caracterizar o setor responsável pelas informações contábil- gerenciais nas empresas Identificação da unidade
organizacional Existência do setor e denominação
Catelli (2001); Soutes (2006); Borinelli e Rocha (2007) e Atkinson et al. (2011). Posição
hierárquica Órgão de staff, faz parte da diretoria colegiada, subordinado a diretoria.
Função
Assessora a diretoria e os gestores nas decisões em nível estratégico e operacional, e na elaboração do planejamento, avalia o desempenho econômico-financeiro e não financeiro da organização, controla o cumprimento das metas planejadas. Fonte: Elaborado pela autora (2013).
Da mesma forma, com o intuito de verificar a função do setor, utilizou-se de escala likert de sete pontos para mensurar seis itens, cada um representando uma função. Para cada função, utilizou-se uma escala de 1-7 que indicaria o grau que esta é exercida na empresa, onde 1 equivale a “não exerce” e 7 “exerce plenamente”.