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3 MATERIAS E MÉTODOS

3.4 Coleta de dados

A coleta de dados ocorreu na segunda etapa de Campanha de Vacinação, durante o período de atendimento da vacinação. As crianças foram selecionadas no momento da vacinação; ao tempo em que, após autorização do responsável e vacinação da criança, o entrevistador preenchia o questionário estruturado argüindo o responsável pela criança e, por fim, foi realizado o exame antropométrico. A concordância em participar da pesquisa foi firmada mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 1).

Para elaboração do instrumento para coleta dos dados, levou-se em consideração sua finalidade, tempo disponível para sua aplicação e características da população, mediante aplicação de um pré-teste. Os dados pertinentes à realização desta pesquisa foram processados a partir de questionário específico para crianças (Apêndice 2), abordando informações sobre condições socioeconômicas e demográficas, condições de saúde infantil, aplicação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) e aferição de medidas antropométricas.

O questionário foi aplicado apenas para o pai ou mãe da criança selecionada, pois só estes eram aptos a responderem as questões sobre as condições socioeconômicas e demográficas da família, condições de saúde e nutrição da criança selecionada e a situação de segurança alimentar e nutricional. De acordo com Hacket et al. (2008), o gênero do entrevistado, pai ou mãe da criança, não afeta as propriedades psicométricas da EBIA, sendo praticamente idêntico ao comparar as respostas afirmativas dos entrevistados do gênero masculino e feminino, reforçando a validade da escala que fornecer informações precisas, independentemente do gênero do entrevistado.

3.4.1 Avaliação das condições socioeconômicas e demográficas

Foram obtidas informações de caráter socioeconômicas, tais como renda familiar em salários mínimos (conversão no valor vigente de R$510,00), escolaridade em anos completos concluídos; e demográfico como gênero, idade, cor auto-referida, número de pessoas e crianças menores de cinco anos na família. Além da coleta de informações sobre participação em programas sociais, acesso à luz elétrica e as condições de saneamento básico, abastecimento da água, tratamento doméstico da água para beber, tratamento do esgoto e coleta de lixo.

Sobre a situação social das famílias, estas foram classificadas de acordo com critérios estabelecidos pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas (ABEP, 2010) que se baseia na pontuação total que uma família alcança em uma escala de nove itens (tipo e número de bens materiais e serviços disponíveis no domicílio) somados à escolaridade do chefe da família, construída de modo a maximizar a correlação da pontuação total com a renda familiar. A classificação ABEP prevê originalmente oito classes decrescentes de poder aquisitivo (A1, A2, B1, B2, C1, C2, D e E), que respeitam a pontuação total dos itens dos domicílios, podendo variar de 0 a 46 pontos. Para efeito de análise, as classes socioeconômicas foram agrupadas, em A-B, C, D e E, essa forma simplificada se deve pela reduzida freqüência entre as subclasses socioeconômicas mais favorecidas (classe A1, A2, B1, B2, C1, C2) serem pouco representativa em pesquisas em que a amostra é reduzida, possibilitando melhor análise estatística quando são condensadas em classes de características semelhantes. Assim, no contexto socioeconômico tal junção não descaracteriza a realidade da população.

3.4.2 Avaliação das condições de saúde e nutrição

Os dados de condições de saúde infantil foram enfocados a respeito do aleitamento materno, acompanhamento do pré-natal, peso ao nascer, morbidade infantil (diarréia, febre, tosse, sibilância, internação e acidente), informações sobre suplementação de Vitamina A e Ferro, além de recebimento de informação sobre alimentação infantil.

A avaliação da situação nutricional foi realizada mediante análise antropométrica. Foram utilizadas medidas de peso e altura, segundo as normas técnicas da Organização

Mundial de Saúde seguida pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2008), em que os menores de dois anos foram pesados despidos e os maiores de dois anos com uma peça de roupa íntima (calcinha/cueca).

As medidas antropométricas de peso e altura foram realizadas por uma dupla de antropometristas, sendo que um deles foi responsável apenas por realizar a leitura do peso e outro pela leitura do comprimento/estatura. As medidas foram tomadas em duplicata.

Os instrumentos utilizados para mensuração de peso e altura para crianças menores de dois anos foram balanças pediátricas digitais Welmy com capacidade 16kg e intervalos de 10g. Para aferição do comprimento, foi usado infantômetro de madeira portátil com fita métrica de 100cm e escala de 1mm. Já para crianças maiores de dois anos, foram utilizadas as balanças da marca Tanita com capacidade de 150kg e intervalos de 200g e, para aferição da estatura, foi utilizado o antropômetro AlturaExata, apoiado na parede, de leitura lateral, com extensão de 0 a 2 metros e graduação em milímetros.

Para a análise da situação nutricional, utilizou-se os índices peso/altura (P/A), peso/idade (P/I), Índice de Massa Corporal/idade (IMC/I) e altura/idade (A/I). Esses índices, expressos em escores z, foram calculados por meio de um padrão de referência que reproduz a distribuição dos índices em ótimas condições de alimentação e saúde da criança. Para tanto, foi utilizado o software ANTRHO (WHO, 2010), no qual, para a determinação de agravos nutricionais, utiliza os extremos ≤ -2 escores z para desnutrição e ≥ + 2 escores z para sobrepeso infantil (WHO, 2006).

O diagnóstico nutricional de peso ao nascer se baseou na orientação da Organização Mundial de Saúde (WHO, 1992), que define baixo peso ao nascer de criança nascida viva com menos de 2.500 gramas.

Para diagnóstico da situação de segurança alimentar, foi utilizada a EBIA, adaptada do instrumento utilizado pelo USDA/EUA (BICKEL et al., 2000). Esse instrumento foi previamente validado em amostra intencional de populações urbanas de quatro cidades brasileiras e em populações rurais de quatro regiões nacionais (SEGALL-CORRÊA et al., 2004), que classifica as famílias em uma das quatro categorias, segundo os escores de pontuação (Quadro 2).

Quadro 2.Pontuação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar para classificação da situação de SAN dos domicílios com pelo menos um morador menor de 18 anos de idade.

Pontuação

Categorias

Domicílios com pelo menos um morador menor de 18 anos de idade

Segurança Alimentar 0 pontos

Insegurança Alimentar leve 1 a 5 pontos

Insegurança Alimentar moderada 6 a 10 pontos Insegurança Alimentar grave 11 a 15 pontos

Fonte: Segall-Corrêa et al. (2004).

3.4.3 Treinamento das equipes de coleta de dados

O trabalho de campo foi estruturado com a formação de seis equipes, sendo cada uma composta por seis membros com atribuições distintas. A estrutura da equipe local de coleta de dados foi a seguinte:

• 1 supervisor de equipe: responsável pelo acompanhamento da logística e coleta de dados em cada posto de vacinação;

• 1 organizador: responsável pela seleção aleatória da amostra na fila de vacinação, um em cada posto de vacinação;

• 2 entrevistadores: responsável pela aplicação do questionário/coleta de dados, incluindo obtenção do Termo de Consentimento;

• 2 antropometristas: responsável por aferir o peso e estatura das crianças menores de cinco anos.

Para a formação das equipes de trabalho de campo, foi elaborado um treinamento com acadêmicos voluntários da área de saúde vinculados a Universidade Regional do Cariri (URCA). Essa atividade foi realizada em quatro etapas e abordou aspectos metodológicos da pesquisa, padronização no preenchimento do questionário, procedimentos para a tomada das

medidas antropométrica e logística da pesquisa, englobando aspectos teóricos e práticos detalhados no Apêndice 5, contemplando uma carga horária de 30 horas/aula.

Durante a capacitação, foram disponibilizados aos participantes os manuais didáticos (Apêndice 6 e 7), necessários para a realização da pesquisa:

• Manual 1: Orientações gerais e preenchimento do questionário de campo,

• Manual 2: Orientações para antropometria de crianças menores de cinco anos de idade.

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