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MODO IDÉIA CENTRAL RESULTADOS PRINCIPAIS CONCEITOS

3.3 Coleta dos dados

Os dados foram coletados durante o processo de desenvolvimento da técnica do “grupo focal”, que se define como uma estratégia qualitativa e se utiliza de discussão informal para obter informações em profundidade (BARBOSA, 1999). Para interpretação dos dados obtidos, baseamo-nos na análise de conteúdo que, segundo Bardin (1977, p. 42), pode ser entendida como "um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens”. Sob o ponto de vista analítico, este conceito foi fundamental para a compreensão das mensagens obtidas durante as entrevistas.

O grupo focal é uma técnica de resultados rápidos, fácil e prática de se colocar em contato com a população que se deseja investigar. Gomes e Barbosa (1999) afirmam que “o grupo focal é um grupo de discussão informal e de tamanho reduzido, com o propósito de obter informações de caráter qualitativo em profundidade”. Krueger (1996) descreve grupo focal como “pessoas reunidas em uma série de grupos que possuem determinadas características e que produzem dados qualitativos sobre uma discussão focalizada”.

O objetivo da técnica é focar a interação que se desenvolve entre os participantes, para revelar percepções e representações sociais sobre o tema.

Conforme Dias (2001, p.1),

Os grupos focais, ou entrevistas de grupo focal têm sido empregados em pesquisas mercadológicas desde os anos 50 e, a partir dos anos 80, começaram a despertar o interesse dos pesquisadores em outras áreas do conhecimento, como as Ciências Sociais, a Ergonomia, as Ciências Médicas, a Ciência da Informação, entre outras. Pela crescente aplicação dessa técnica, inclusive em pesquisas acadêmicas, e por ter sido ainda pouco explorada na literatura científica, seria oportuno analisá-la como alternativa às técnicas de coleta de dados mais tradicionais, tais como questionários e entrevistas individuais.

A técnica tende a fazer as pessoas se sentirem mais a vontade para expressar suas motivações, já que podem compartilhar com outros indivíduos que passam ou passaram pela mesma situação e também experimentaram sentimentos com relação ao tema.

Como aponta Knoth (2007), entre as principais vantagens deste método de pesquisa “estão a rapidez na execução, a profundidade de informações, o baixo custo, a participação

ativa e a obtenção de informações – que não ficam limitadas a uma prévia concepção dos avaliadores –, bem como a alta qualidade das informações obtidas”.

Para tanto, desenvolveu-se um roteiro que serviu de guia para as reuniões que foram previamente programadas. Foram convidadas pessoas que participaram da equipe de implantação da Controladoria na instituição financeira pesquisada e pessoas que foram afetadas pela mudança em suas atividades, porém acompanharam de perto o trabalho da equipe de implantação do processo. Estas pessoas, apesar de não fazerem parte formalmente do grupo, estiveram presentes e participando muito proximamente das reuniões e decisões da equipe de trabalho responsável pela implantação do novo modelo de gestão. Dessa forma, procurou-se buscar o olhar de pessoas que observaram a equipe de trabalho em ação, mas não tinham a inclusão formal no grupo. Todas as pessoas abordadas vivenciaram o fenômeno e tiveram oportunidade de perceber as características do grupo durante o processo de mudança organizacional em tela.

Para permitir a evidenciação de níveis diferenciados de percepção, as entrevistas foram efetuadas em grupos de analistas e de gerentes separadamente. Os gerentes entrevistados ocupavam cargos de analistas na época da alteração do modelo de gestão, porém, hoje, com a experiência que o cargo proporciona e com as outras oportunidades de vivência de mudanças, detêm visão crítica do processo passado.

Foi feita contextualização prévia dos objetivos da pesquisa com as pessoas que dela participaram e dos direitos dos participantes com relação à confidencialidade. Dois grupos optaram por não fazer a gravação dos depoimentos, no intuito de favorecer a maior espontaneidade das manifestações, e dois grupos acataram a sugestão de gravar as entrevistas. Este fato foi objeto de análise por parte da autora sob o ponto de vista da possibilidade de a gravação fazer emergir ou não algumas percepções diferenciadas. Nos grupos em que as manifestações não foram gravadas, o moderador anotou as opiniões e percepções relevantes. A ação de gravar ou não parece não ter interferido na manifestação das percepções por parte dos participantes, conforme se observa nos resultados obtidos (APÊNDICE A).

A técnica foi aplicada em (4) quatro grupos, sendo 2 (dois) grupos de analistas - compostos por 3 (três) participantes cada um – e 2 (dois) grupos de gerentes – compostos por 2 (dois) participantes cada um. Dessa forma, ao todo 10 (dez) pessoas participaram dos grupos focais. A opção de se trabalhar com grupos menores ocorreu dada a dificuldade de disponibilidade de espaço para reunião com um número maior de pessoas, tendo presente as

constantes reuniões que ocorrem na empresa, assim como a dificuldade de conciliar as agendas dos entrevistados.

Algumas pessoas que participaram do grupo de implantação do novo modelo de gestão não mais se encontram domiciliadas na cidade, o que impediu que o mediador ouvisse todas as pessoas que desempenharam papéis importantes na equipe de trabalho.

O levantamento procurou registrar percepções como: opiniões, experiências, idéias e observações apresentadas pelos participantes. O mediador, após explicação sucinta dos objetivos da pesquisa, provocou a discussão, incentivando a participação e abstendo-se de se manifestar. As opiniões e percepções relevantes foram anotadas para análise e validação da pesquisa.