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Seis fontes de evidências principais são apontadas por Yin (2010) como base para um estudo de caso, sendo elas: documentos, registros em arquivo, entrevistas, observação direta, observação participante e artefatos físicos. Conforme o autor, duas ou mais fontes de evidências devem ser utilizadas para assegurar a qualidade da pesquisa. Mintzberg et al. (1976) apontam que, em se tratando do processo decisório estratégico, é inviável a utilização de observação direta como fonte de evidência, visto que estes processos normalmente duram longos períodos. Sendo recomendável o uso de múltiplas fontes de evidências (YIN, 2010), optou-se, nesta pesquisa, pela utilização de: 1) entrevistas semiestruturadas, pessoais e

individuais, exploradas em profundidade; e 2) Documento “Tese de Investimento”1; sendo auxiliadas por outras fontes de evidências, sempre que possível.

Em relação à seleção dos casos, Flick (2004) aponta que, em se tratando de pesquisa qualitativa, duas lógicas distintas podem ser seguidas: uma mais formal, com critérios previamente definidos, e outra mais flexível, com foco nas necessidades e aberta a mudanças conforme a realização da pesquisa. A lógica mais formal é apropriada quando características demográficas (como gênero, idade e profissão) são úteis para avaliar o objetivo de estudo. Na lógica mais flexível, tem-se a seleção teórica, que “é mais a ideia do que ainda está faltando nos dados (e as compreensões que eles tornam possível) que movem as decisões.” (FLICK, 2004, p. 45). O processo de seleção dos casos desta pesquisa se deu de maneira não aleatória e por conveniência.

3.3.1 Entrevistas

Em cada uma das três empresas de venture capital foram entrevistadas três pessoas, no período de agosto de 2014 a janeiro de 2015. Conforme apontam Mintzberg et al. (1976), os principais aspectos dos processos de tomada de decisão estão na memória de seus participantes, razão pela qual critérios foram adotados para escolha destes. Nas empresas de

venture capital, foi entrevistada pessoa responsável, ou com participação direta, no processo

de tomada de decisão de um investimento feito no período máximo de dois anos.

O roteiro utilizado na entrevista é apresentado no Apêndice A. Ele foi validado por um especialista na área. O especialista é Economista de formação, possui Mestrado e Doutorado na área, atua como professor há 25 anos e é Gestor do Programa de Aceleração de Empreendimentos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

3.3.2 Análise dos Dados

A análise das evidências encontradas nos estudos de caso é o aspecto mais desafiador desse método, visto a necessidade de uma estratégia de análise claramente definida pelo pesquisador, e que irá conduzi-lo durante esta etapa do trabalho (YIN, 2010). Para isso, os dados originados nas entrevistas foram examinados com base na análise de conteúdo.

1 A tese de investimento de um veículo de venture capital expressa de forma clara e sucinta o âmbito das oportunidades de investimentos a serem identificadas pelo time gestor do veículo; a tese é a razão de ser do veículo de investimento e é utilizada para que as pessoas assimilem a natureza dos investimentos a serem realizados (AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL, 2011a).

A análise de conteúdo é definida como:

[...] um conjunto de técnicas de análise de comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens. (SILVA; GOBBE; SIMÃO, 2005, p. 73)

A análise de conteúdo pode ser utilizada para qualquer tipo de comunicação que vincule um conjunto de significações de um emissor para um receptor. Esta técnica possibilita a interpretação dos dados, auxiliando o pesquisador a compreender características, estruturas e/ou modelos que estão por trás das mensagens levadas em consideração (SILVA; GOBBI; SIMÃO, 2005).

No presente estudo foi utilizada a técnica de análise de conteúdo por categorização temática. A categorização consiste em agrupar dados levando em consideração a parte comum entre eles. Os dados são classificados conforme os critérios estabelecidos que originam as categorias temáticas (MORAES, 1999).

As nove entrevistas realizadas nas três empresas estudadas foram transcritas e as teses de investimento lidas, e, com a utilização do software Max QDA 11, foi realizada a análise categorial delas. Oito categorias principais e quinze subcategorias foram estabelecidas, sendo elas:

− prospecção: se é ativa, passiva ou por indicação de terceiros; − fontes de informações: primárias e avançadas;

− critérios: de eliminação e de seleção; − análise: inicial e avançada;

due diligence: pré-due diligence e diligence final; − contratação: pré-negociação e negociação;

− autorização da escolha; e

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Esta parte do trabalho apresenta a caracterização do processo de tomada de decisão por parte de empresas de venture capital. Os dados coletados nas empresas foram estudados à luz do referencial teórico e método de pesquisa adotado, considerando as categorias temáticas previamente estabelecidas. Com base nessas análises, foi possível relacionar os resultados encontrados de modo a atender os objetivos propostos para a pesquisa.

Este capítulo é dividido em três principais partes: na primeira é feita uma contextualização da indústria de venture capital no Brasil; na segunda, é feita, de forma individual, a caracterização de cada uma das empresas entrevistadas; e na última, é feita a caracterização do processo decisório de empresas de venture capital com base nas etapas da Tomada de Decisão Estratégica propostas por Mintzberg et al. (1976). Para a caracterização de cada etapa do processo, foram levadas em conta, de forma concomitante, as informações prestadas pelos executivos de cada uma das três empresas, sendo complementadas por análise de documentos, quando existentes.

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