• Nenhum resultado encontrado

Material e Método

6 MATERIAL E MÉTODOS

6.4 Coleta de dados e instrumentos

A técnica escolhida para a coleta dos dados foi o grupo focal, definida por

Morgan5 (1997) e Westphal, Bógus & Faria6 (1996) apud Onocko-Campos e Furtado

(2006) como um procedimento que:

       

5 MORGAN, David L. Focus groups as qualitative research. London: Sage Publications, 2 ed., 1997.  

6 WESTPHAL, Marcia Faria; BÓGUS, Claudia Maria; FARIA, Mara de Mello. Grupos focais: experiências

precursoras em programas educativos em saúde no Brasil. Boletín de la Oficina Sanitaria Panamericana, v. 120, n. 6, 1996. Disponível em: http://hist.library.paho.org/spanish/bol/v120n6p472.pdf Acesso em: 06 mar. 2014 

JOSÉ RODRIGUES FREIRE FILHO Material e Método

 

Permite a obtenção de dados a partir de sessões grupais entre pessoas que compartilham um traço em comum. Tais grupos permitem a coleta de informações relevantes sobre um determinado tema, possibilitando a apreensão não somente do que pensam os participantes, mas também do porquê eles pensam de determinada forma, além de possibilitar a observação da interação entre seus componentes (p.1058).

Nesse sentido, a técnica de grupo focal é operacionalizada por meio de entrevistas realizadas em grupo que, de acordo com Morgan (1997) possui um registro que reproduz não apenas a fala dos indivíduos que se alternam na expressão de seus pensamentos decorrentes das questões provocadas pelos condutores da atividade, mas que trata de um produto coletivo.

A interação entre o grupo, em que cada sujeito expõe suas opiniões de acordo com a temática abordada e a ocorrência de interação das perspectivas envolvidas é uma das características relevantes da técnica.

No interesse de entender as diferentes percepções e atitudes de uma situação, prática, produto ou serviço, Iervolino e Pelicioni (2001) consideram a técnica do grupo focal a mais adequada. Pode ser caracterizada como uma espécie de entrevista com o propósito de coletar dados a partir da discussão construída por meio de tópicos específicos e diretivos.

A condução do grupo focal por meio de entrevistas é realizada em pequenos grupos, apresentando como objetivos a apreensão de conceitos através de discussões sobre conscientes, semiconscientes e inconscientes, assim como aspectos psicológicos e socioculturais. O seu caráter informal, semelhante a diálogos, marcado pela intencionalidade, favorece os sujeitos a exporem abertamente e completamente suas opiniões, atitudes e comportamentos (BERG. 2004).

Uma das peculiaridades do grupo focal é o levantamento em um curto período de tempo de informações sobre um tema específico a partir da visão do público – alvo de interesse para a investigação. De acordo com o objetivo do estudo e da sua abrangência, o pesquisador pode necessitar de outros grupos, o que, segundo Moretti-Pires (2008) permite ser semelhante ou não, podendo ser formado por pessoas que compõem diferentes etapas de um processo.

Para Almeida e Peres (2007, p. 173), a técnica de grupo focal tem como pressuposto buscar informações a partir de um grupo já existente ou até mesmo

JOSÉ RODRIGUES FREIRE FILHO Material e Método

 

formado para fins específicos da pesquisa, na perspectiva de que a interação grupal possa trazer dados que permitam “explorar como os pontos de vista são construídos e expressos, sendo fundamentais para examinar como o conhecimento, ideias, discursos, apresentações e mudanças linguísticas operam em um dado contexto cultural”.

Nesta pesquisa foram realizados três grupos focais, um em cada município no qual se localiza a equipe NASF. Os locais, datas e horários para o desenvolvimento dos encontros foi acordado junto aos profissionais que aceitaram participar da pesquisa.

Os encontros se deram nos dias 19, 20 e 21 de fevereiro de 2014, nos municípios de Alpinópolis, Passos e Piumhi, nesta ordem. Nos dois primeiros municípios, os encontros foram realizados em salas de aula de escolas públicas cedidas pela direção; e em Piumhi, o encontro se deu na sala de reuniões da Secretaria Municipal de Saúde.

Os grupos foram conduzidos sem interferências, contudo, em Passos, no dia da coleta, o clima quente, a pouca ventilação do ambiente e o ruído externo geraram algum desconforto, mas que não prejudicaram a gravação e o andamento da coleta de dados.

Cumpre esclarecer que, tendo em vista a inserção profissional do pesquisador principal no campo de estudo, o grupo focal foi conduzido por um segundo pesquisador, devidamente treinado e capacitado, na tentativa de evitar interpretações precipitadas. Este pesquisador auxiliou, ainda, no tratamento dos dados, no intuito de garantir que o desfecho refletisse para além da experiência profissional individual do pesquisador principal.

Os grupos ocorreram seguindo os passos descritos a seguir:

1. Acolhimento dos profissionais no local de realização da pesquisa, com apresentação da pesquisadora, moderadora do encontro;

2. Apresentação do projeto de pesquisa, com enfoque no detalhamento do objeto de pesquisa e objetivos;

3. Leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B), ratificando o anonimato do participante e a possibilidade de desistência em participar do estudo a qualquer tempo;

JOSÉ RODRIGUES FREIRE FILHO Material e Método

 

4. Disponibilização e preenchimento de formulário para caracterização dos sujeitos de pesquisa quanto à: idade, sexo, curso e local de graduação, tempo de atuação profissional, tempo de atuação no SUS, tempo de atuação no NASF, cursos de pós-graduação realizados (residência, especialização, mestrado, doutorado - área, ano de conclusão). Vide Apêndice C;

5. Condução do grupo focal, tendo como orientador um roteiro com quatro questões norteadoras pertinentes à proposta da pesquisa, disparadoras das discussões (Apêndice D). As questões abordaram os seguintes tópicos: concepção do trabalho em equipe, formação do profissional e o preparo nos cursos acadêmicos e capacitações em serviço para o trabalho em equipe, facilidades e dificuldades encontradas para o trabalho em equipe.

Pretendeu-se com essas questões investigar o preparo profissional para o trabalho em equipe, com a possibilidade de analisar os desafios que os profissionais do NASF enfrentam e as vantagens para trabalhos conjuntos, apreendendo as percepções e verificando princípios da EIP nos processos de formação e no cotidiano do trabalho desses profissionais.

Cada grupo foi composto por um total de sete participantes, o que de acordo com a literatura é a quantidade adequada para a condução do método proposto, visto que permite ao pesquisador coletar melhor as informações, podendo estimular e conduzir as discussões (IERVOLINO; PELICIONI, 2001).

As sessões tiveram média de 60 minutos de duração, tempo suficiente para apreensão das informações relevantes para análise e alcance dos objetivos propostos.

Para o registro das discussões do grupo focal, se realizou a gravação dos registros sonoros, principal forma de capturar as informações desta pesquisa.