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4. MÉTODO

4.6 COLETA DE DADOS

O SIH entrou em funcionamento em meados de 2005 e desde então permite que dados relativos à gestão administrativa e à assistência prestada no CHC/UFPR sejam resgatados e transformados em informações para utilização em pesquisa, estudos, levantamentos, etc., possibilitando a tomada de decisão clínica ou gerencial. Na presente pesquisa, o SIH permitiu a emissão dos seguintes relatórios:

a) Solicitação de APAC pelo médico prescritor durante o tratamento com AO;

b) Movimentação dos medicamentos dispensados pela FAPE;

c) Agendamento de consultas futuras, análise de exames, consultas anteriores e retornos;

d) Informações relativas aos medicamentos como: estoque disponível, custos, consumo, etc;

e) Dados cadastrais do paciente.

Para a realização da entrevista foi elaborado um formulário, estruturado especialmente para este fim, que foi aplicado integralmente pela pesquisadora principal com todos os sujeitos do estudo. Por conseguinte, foi possível realizar uma assistência direta ao paciente ou cuidador de tal forma que, durante a entrevista, foi possível reformular ou tornar as perguntas mais claras, realizando explicações mais detalhadas, caso o entrevistado não compreendesse ou desejasse complementar o que estava sendo perguntado.

Considerando que algumas perguntas do instrumento, por conterem informações de caráter técnico (diagnóstico, estadio clínico, progressão da doença, ocorrência de RAM, causa da interrupção do tratamento) ou temporal (datas, períodos de utilização ou interrupção do medicamento) necessitavam de comprovação de veracidade, as respostas fornecidas pelos entrevistados foram complementadas com dados coletados no SIH ou no prontuário do paciente, em data posterior a entrevista.

As entrevistas foram realizadas por uma única pessoa, no caso a responsável pela pesquisa. Desta forma, foi possível identificar informações acerca do que o paciente sabia, acreditava e esperava do tratamento proposto; como realizava o uso dos seus medicamentos e ouvir as explicações ou razões a respeito de cada um destes fatores.

Desta forma, a entrevista permitiu ao pesquisador identificar fatores favoráveis ou dificuldades relacionadas à adesão ao tratamento oral.

Durante a entrevista também foram aplicados os três instrumentos, previstos no estudo, para medir a adesão, entre eles: ARMS (Adherence to Refills and Medication Scale), proposto por Kripalani em 2009; BMQ (Beliefs About Medications), proposto por Salgado em 2013 e Fatores que Podem influenciar a Adesão ao Tratamento (FPIAT), proposto por Marques em 2006. Este último, validado no Brasil com pacientes oncológicos, em uma instituição privada, no Estado de São Paulo (Anexo 4 e 5).

4.6.1 Identificação de reações adversas ao medicamento

Com o objetivo de identificar a ocorrência de RAM durante o tratamento com os AO, durante a entrevista o paciente foi inquirido sobre o assunto.

Para padronizar a forma de avaliação e registro das RAM relatadas pelo paciente, foi elaborado um instrumento com a relação das RAM mais frequentes descritas no Up To Date para cada fármaco estudado. Na entrevista foram questionadas a ocorrência de cada uma das RAM descritas no formulário, de acordo com o medicamento utilizado (Apêndice 2).

Essas informações foram completadas, posteriormente, através da análise dos registros descritos pelos médicos no prontuário do paciente sobre o assunto.

4.6.2 Cálculo da Relação de Posse do Medicamento (MPR)

A definição da dose diária dos medicamentos utilizados pelos pacientes que, posteriormente, foi aplicado no cálculo da taxa de persistência ao tratamento terapêutico, através do valor da Relação de Posse do Medicamento (Medication Possession Ratio - MPR), foi realizada de acordo com as especificidades de cada fármaco estudado e os dados disponíveis do SIH, a partir do ano de 2005, quando as informações passaram a ser inseridas neste novo sistema. O cálculo foi realizado considerando o período de tratamento até a data da entrevista.

Para os medicamentos que são prescritos de forma contínua, sem intervalo de dias entre as tomadas e que possuem um número exato de comprimidos para uso diário, como é o caso do tamoxifeno, do anastrozol, letrozol e da flutamida, o cálculo foi realizado dividindo-se o número de comprimidos prescritos e dispensados pelo número de dias em tratamento. O número de dias foi calculado considerando-se o intervalo ocorrido até a próxima dispensação ou, trinta dias considerando-seguidos.

Para a capecitabina, que pode sofrer ajuste de dose, suspensão ou alteração do intervalo entre os ciclos em decorrência de vários fatores, entre eles o aparecimento de RAM, foi realizado a divisão do número de comprimidos prescritos e dispensados pelo intervalo de 21 dias, período usual entre cada ciclo de tratamento. Neste caso, houve influência no cálculo do MPR quando o intervalo entre os ciclos não foi mantido.

Já para a hidroxiuréia, cuja dose pode ser ajustada a cada consulta médica, em decorrência do resultado de parâmetros laboratoriais de acompanhamento, o cálculo da dose diária foi realizado através da soma de comprimidos prescritos e dispensados divididos pelo número de dias em que o paciente recebeu o produto, a cada etapa de dispensação. Excepcionalmente, para seis pacientes que iniciaram seus tratamentos em 04/1996, 04/1997, 06/1998, 03/2001, 02/2003 e 10/2003 a data de início do tratamento, para o cálculo do MPR, foi considerada a partir de meados de 2005. Neste período, a FAPE instituiu o controle de dispensação dos medicamentos AO via sistema e ocorreu à primeira dispensação com registro neste novo método de armazenamento dos dados institucionais.

Para todos os medicamentos foram considerados, para o cálculo do MPR, os ajustes de doses realizados pelo prescritores responsáveis pelo paciente, caso este

fato tenha ocorrido durante o período analisado. Os ajustes podem ocorrer em decorrência, principalmente, do aparecimento de RAM que impossibitem ao paciente utilizar a dose inicialmente prescrita.

4.6.3 Busca ativa em prontuário

A fim de complementar as informações coletadas durante as entrevistas e para reunir as informações relativas ao acompanhamento do tratamento realizado com o paciente, no período de julho a dezembro de 2015, foi realizado uma busca ativa nos prontuários dos pacientes. A análise abrangeu desde a anamnese inicial e os registros médicos das consultas ocorridas no SAM-16 até esta data.

Esta revisão do prontuário permitiu coletar dados e informações sobre:

diagnóstico, início e suspensão do(s) tratamento(s) com os AO do estudo, mudança de tratamento, progressão da doença, registro de RAM, presença de comorbidades, medicamentos em uso no período do tratamento e dados do paciente.

4.6.4 Identificação e manutenção do tratamento proposto

Para identificar quais pacientes estavam em uso de um determinado fármaco do estudo, foram analisados os relatórios disponíveis no SIH através dos registros de dispensação de medicamentos pela FAPE e pela emissão da APAC, pelo médico prescritor (Anexo 6 e 7). Com estes dois relatórios foi possível identificar se o medicamento dispensado correspondia ao solicitado pelo médico em termos de produto, quantidade e tempo de uso. Essa avaliação permitiu que o pesquisador analisasse se o paciente estava recebendo o produto correto e a quantidade exata de medicamento que foi prescrita pelo médico.

No documento FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR NA ADESÃO (páginas 62-65)