• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 4: CRIAÇÃO DE ATIVIDADES MUSICAIS

L. C VINHOLES: VIDA E OBRA

3.4 PEÇA/PESSA PARA FAZER PSIU/

4.1.4 Coleta de dados

Além da pesquisa bibliográfica, para o desenvolvimento dos Capítulos iniciais, o trabalho requereu o uso das seguintes técnicas de coleta de dados:

LEVANTAMENTO DE MATERIAL: Arquivo Particular de L. C. Vinholes

Ao longo da investigação, estabeleceu-se o contato direto com o compositor, principalmente pelos meios eletrônicos (e-mail e MSN), a fim de coletar informações e documentos pessoais necessários aos objetivos do presente estudo. Os documentos do Arquivo Particular de L. C. Vinholes levantados e

70

Em geral, o método qualitativo não possui hipótese a priori, pois objetiva a interpretação dos dados analisados e a compreensão do fenômeno. A pesquisadora sugere uma hipótese intuitiva e, logicamente, ao final da pesquisa podem surgir novas hipóteses.

consultados foram: as partituras, as fotos, o livro de poesia menina só e os artigos de jornais e revistas. Com exceção de alguns originais, encaminhados por carta pelo compositor, a maior parte dos documentos foi disponibilizada em arquivos digitais.

ENTREVISTA E GRAVAÇÃO

Para compreender melhor os aspectos de vida e obra, os princípios e os conceitos sobre a aleatoriedade ou proposta de música aleatória do compositor, bem como conhecer as concepções musicais de alguns intérpretes de suas peças, foram realizadas as seguintes entrevistas:

- dia 21 de outubro de 2008, em Santos, na residência de Gil Nuno Vaz, entrevista com os compositores Gilberto Mendes, Roberto Martins e Gil Nuno Vaz e o engenheiro Brasil Eugênio da Rocha Brito; recursos: anotações por escrito, gravações em fita K7 (60”) e vídeo (10”)71

;

- dia 03 de julho de 2009, em Campinas, no Hotel Ibis, entrevista com o compositor Vinholes; recurso: gravação em vídeo (20‟); e

- dia 21 de dezembro de 2010, em Campinas, no Bosque dos Alemães, entrevista com o compositor Vinholes; recurso: gravação em vídeo (20‟).

71

101 QUESTIONÁRIO

Para esclarecimento de detalhes sobre as peças aleatórias, principalmente no começo da investigação (2006), foi solicitado ao compositor responder a alguns questionários enviados por meio do correio eletrônico (e-mail) ou, ainda, fazer comentários e/ou observações sobre o assunto.

ESTUDO DE CASO E/OU EXPERIÊNCIA

Três estudos de caso e/ou experiência foram realizados: o primeiro, em 2006, uma experiência com dois pianistas, utilizando a Instrução 62, para sondagem de reações e/ou impressões pessoais, desde a confecção e o estudo dos cartões até a apresentação musical da peça, além de colher sugestões e/ou orientações pedagógicas ao professor. O segundo, em 2007, um estudo com vinte e cinco crianças e adolescentes de classes de musicalização, para a experimentação das três peças aleatórias e, a partir da coleta de informações e análise de resultados, a criação de atividades que estimulem a imaginação e a criatividade. No trabalho de escuta musical, com a colaboração dos participantes, levantou-se uma lista de músicas que visa sensibilizar crianças ao fazer musical criativo. O último caso, em 2008, a continuação do estudo experimental com vinte e uma crianças e adolescentes, para a aplicação das atividades criadas, novas sugestões e verificação das peças como possível ferramenta pedagógica ao desenvolvimento do potencial criativo, principalmente no processo da musicalização infantil.

Com exceção do Estudo de Caso 1, que será abordado a seguir, os demais casos serão discutidos no próximo tópico deste capítulo por se tratar do assunto principal deste trabalho, cujos resultados contribuíram para a comprovação da hipótese.

Estudo de Caso 1:

Em 2006, a pesquisadora propôs a dois pianistas, sujeito A (46 anos, professor de piano da Escola Municipal de Iniciação Artística de Mogi-Guaçu, estado de São Paulo) e sujeito B (19 anos, aluno do curso de bacharelado em música do Instituto de Artes da Unicamp e ex-aluno do sujeito A), uma experiência de gravação com a Instrução 62, para piano, cujo autor e obra ambos desconheciam.

A experiência ocorreu em duas etapas: a primeira, no dia 02 de dezembro, na residência do professor sujeito A, em Mogi-Guaçu, que confeccionou os cartões (ANEXO 03, p. 176) e executou a Instrução ao piano, com a colaboração do ex-aluno sujeito B; e a segunda, sujeito B como pianista e sujeito A como

colaborador, numa apresentação pública no dia 07 de dezembro, no Teatro do

Centro Cultural de Mogi-Guaçu (ANEXO 04, p.177).

Observando-se as gravações do sujeito A (piano, duração: 6‟) e sujeito B (piano, duração: 10‟), notou-se que ambos executaram a peça de modo bastante diferente e que, mesmo diante de algumas buscas por novas sonoridades timbrísticas, prevaleceram, na versão de sujeito A, os acordes e arpejos

103

característicos da música clássica, romântica e impressionista e, na versão de sujeito B, sonoridades da música popular e erudita. A dinâmica suave predominou durante as execuções dos sons isolados, arpejos, acordes, alguns grupos de sons e clusters, sendo que o jovem sujeito B, na maioria das vezes, executou o cartão do som curto (ponto) num toque seco e forte, procurando criar contraste ou repetição de idéia como na música tradicional.

Ambos concluíram que sentiram dificuldades em se desvencilhar dos padrões musicais da estética tradicional e que, apesar da fácil leitura dos cartões, ficaram mais preocupados em tentar reproduzir os gráficos do que criarem novas texturas ou sons.

O sujeito B comentou que ao receber o convite para ser colaborador de uma música, imaginou que teria a mesma função de um „virador de páginas‟ de partitura, porém, durante a execução, percebeu a sua responsabilidade no resultado musical e buscou interagir com o pianista.

Os dois pianistas consideraram a experiência rica e prazerosa, pois, além de conhecerem uma proposta musical que os instigou a criar durante o processo da execução/leitura, também os levou a refletir sobre o repertório que se ensina ou aprende nos cursos de piano ou escolas de música. Como professor, o sujeito B comentou que a peça de Vinholes pode facilitar a aproximação da criança ou adulto com a música contemporânea, além de despertar o seu interesse para a improvisação ou composição. Porém, é preciso novas reflexões pedagógicas e mudanças de conduta do educador.

Documentos relacionados