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A estratégia de pesquisa adotada consistiu no estudo de caso, o qual, segundo Yin (2005, p. 20) “contribui com os conhecimentos que temos dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais, políticos e de grupo, além de outros fenômenos relacionados”. O estudo de caso tem como objetivo descrever uma realidade de maneira detalhada e profunda, para revelar a multiplicidade de dimensões de uma situação ou problema (LUDKE; ANDRÉ, 1986). Este método é utilizado quando o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos.

Considerando o objeto de estudo, a escolha do método se justifica por se tratar de um fenômeno contemporâneo inserido em um determinado contexto de vida real. Por conseguinte, a pesquisa aqui apresentada, é caracterizada como estudo de caso único e representativo por apreender circunstâncias e condições de uma situação ou do dia-a-dia (YIN, 2005).

No estudo de caso, a triangulação dos dados é um fundamento lógico, aplicado para o desenvolvimento de linhas convergentes de investigação, por se ater a diferentes fontes de evidências. Ademais, a triangulação de dados propicia maior fidedignidade ao estudo justamente pela variação de fontes de informação (YIN, 2005).

Conforme proposto pelo método, optou-se por fazer uso de três fontes de evidências, sendo estas: entrevista com roteiro semiestruturado, observação e técnica do GIBI. Considerando as especificidades dos participantes e o objetivo do estudo, foram elaborados dois roteiros distintos, sendo um para profissionais/gestores (APÊNDICE A) e outro para usuários (APÊNDICE B). A técnica do GIBI (APÊNDICE C) foi aplicada apenas com enfermeiros, haja vista a especificidade do tema e questões operacionais de aplicação. Os instrumentos de coleta de dados foram previamente testados com intuito de realizar adaptações necessárias.

As entrevistas foram realizadas pela pesquisadora, gravadas em dois aparelhos e aconteceram de forma individual, em locais restritos, com intuito de garantir o sigilo das declarações dos participantes. No estudo de caso, a entrevista semi-estruturada merece atenção especial, sendo descrita como “uma das mais importantes fontes de informações (YIN, 2005, p. 116)”. Esta estratégia de coleta propicia contato direto do pesquisador

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com os participantes do estudo e é neste momento que as expectativas são superadas, devido ao alcance de informações que extrapolam as questões previamente elaboradas.

As entrevistas semiestruturadas são conduzidas com base em uma estrutura flexível, consistindo em questões abertas que definem a área a ser explorada, pelo menos inicialmente, e a partir da qual o entrevistador ou a pessoa entrevistada podem divergir a fim de prosseguir com uma idéia ou resposta em maiores detalhes (BRITTEN, 2009, p. 24).

No que diz respeito a observação, optou-se por realizar apenas com os enfermeiros. Esta determinação foi aplicada pelo fato de que a triagem por meio do Protocolo de Manchester, no município, é realizada exclusivamente por este profissional. Portanto, interessava a pesquisadora acompanhar em profundidade sua rotina na classificação de risco. O período de observação estabelecido foi de três dias para cada unidade. A pretensão era realizar as observações nos centro de saúde em dias consecutivos. No entanto, a dinâmica do serviço e as intercorrências impossibilitaram que isso acontecesse, haja vista que, durante a coleta de dados, alguns profissionais precisaram se ausentar em decorrência da realização de cursos, licença maternidade e licença paternidade, e ainda, por adoecimento.

A observação possibilita analisar “como as organizações funcionam, os papéis desempenhados por diferentes equipes e a interação entre equipe e cliente” (POPE; MAYS, 2009, p. 45). Observar o cenário de estudo e as relações ali instituídas compõem um momento singular da pesquisa. Nesta etapa, o pesquisador tem a função de registrar todas as informações que vão além do que pode ser dito na entrevista ou em qualquer outra fonte de coleta. O pesquisador passa então, a vivenciar diretamente o objeto de estudo e a apreender como o fenômeno incide no contexto real. O registro da observação foi executado em diário de campo e as informações elencadas integram a análise de dados deste estudo.

A terceira fonte de evidência refere-se à técnica do GIBI, a qual foi utilizada somente com os enfermeiros, por serem estes profissionais que lidam diretamente com o Protocolo de Manchester. A técnica do GIBI tem sido amplamente utilizada por membros do Núcleo de Pesquisa Administração em Enfermagem (NUPAE) da Escola

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de Enfermagem da UFMG, como por exemplo, nas pesquisas de Brito (2004), Von Randow (2012) e Caram (2013).

Esta fonte de coleta de dados consiste em uma estratégia lúdica de resgatar as experiências do participante acerca do fenômeno em estudo, na qual são expressas representações por meio de quadrinhos de revistas do tipo gibi (BRITO; et al, 2014). A utilização do GIBI como possibilidade metodológica inovadora de coleta de dados na pesquisa qualitativa, permite contemplar a complexidade dos fenômenos e das singularidades que caracterizam o setor saúde (FLICK, 2007).

De acordo com Luyten (2001) essas revistas são consideradas na atualidade, como um importante gênero literário que articula imagem e palavra, símbolos e signos utilizando de uma linguagem que pertence às esferas da cultura e da arte. Brito et al (2014, p. 165) apontam que “a história em quadrinho é considerada um tipo de expressão artística que a humanidade tem usado para expressar sua subjetividade”.

Ademais, a utilização da Técnica do Gibi é justificada por considerar que essas revistas no Brasil são representações do cotidiano das pessoas na forma de quadrinhos (VON RANDOW, 2012). Em pesquisa desenvolvida por Von Randow (2012), cujo objetivo foi analisar as práticas gerenciais de gerentes das UPAs no contexto de estruturação da Rede de Atenção à Saúde do município de Belo Horizonte, esta técnica foi aplicada com êxito por propiciar aos sujeitos da pesquisa a reflexão sobre seu cotidiano de trabalho, o que contribuiu para um recorte da realidade por eles vivenciada. O critério utilizado para escolha do GIBI foi adquirir a última edição do almanaque da Turma da Mônica disponível na banca (BRITO, 2004; VON RANDOW, 2012). Após os entrevistados serem orientados sobre a técnica, a pesquisadora apresentava a seguinte questão: Expresse por meio de uma figura sua experiência com o Protocolo de Manchester nesta unidade. Feito isso, o GIBI era entregue ao participante, para que o mesmo foliasse e escolhesse a figura que melhor expressasse sua resposta. Cabe ressaltar que a análise dos dados na técnica do GIBI considera apenas o depoimento do entrevistado, ou seja, a relação que ele estabelece entre a escolha da figura e a questão norteadora. A técnica foi realizada logo após a entrevista semiestruturada e as repostas foram gravadas e transcritas na íntegra.

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