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Para a coleta dos dados utilizamos a entrevista semi-estruturada, contendo dados de identificação do profissional e questões abertas acerca da estrutura e processo do Projeto Floresce uma Vida.

De acordo com Minayo (1999), a entrevista caracteriza-se por uma comunicação verbal que reforça a importância da linguagem e do significado da fala. Obtém-se, assim, tanto dados objetivos como subjetivos relacionados a valores, atitudes e opiniões dos sujeitos entrevistados.

Para Polit, Beck e Hungler (2004) a entrevista semi-estrutura é utilizada quando o pesquisador possui uma lista de tópicos que devem ser abrangidos no decorrer da entrevista. Desse modo, lança mão de um “guia de tópicos” que busca garantir que todas as áreas das questões sejam abordadas. Para tanto, a função do entrevistador é a de encorajar o entrevistado a discorrer sobre esses tópicos.

Complementando os dados obtidos a partir das entrevistas, realizamos a observação não participante do trabalho executado pelas auxiliares de enfermagem da SMS nas maternidades conveniadas ao SUS. São três auxiliares de enfermagem atuando uma em cada maternidade SUS. Essas profissionais foram acompanhadas em suas

atividades nas maternidades e o pesquisador, ao observar o que era realizado, preenchia um formulário em forma de check list, sem interromper as atividades ou participar das mesmas.

A extensão da participação do observador existe em dois extremos, podendo variar da completa imersão no cenário a ser pesquisado, sendo que neste caso o pesquisador assume a situação de participante. Ele também pode separar-se completamente, assumindo a situação de quem apenas observa (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004).

Utilizamos também a análise documental. O foco da análise foram os documentos disponibilizados pelo Programa de Saúde da Criança e do Adolescente da SMS, bem como textos e documentos pertencentes a um dos participantes da elaboração do Projeto Floresce uma Vida.

Esse processo consiste em analisar um ou vários documentos que possam revelar as circunstâncias sociais e econômicas com as quais podem estar relacionados os acontecimentos (RICHARDSON, 1989; GIL, 1994).

Investigações acerca dos processos representam um conjunto de ações encadeadas em um determinado período social e histórico, necessitando de um levantamento de dados com vistas à reconstrução dos acontecimentos (COSTA, 2005).

O conjunto de documentos reunidos foi composto por: - Projeto Floresce uma Vida, elaborado pela SMS-RP; - Termo de Ajustamento de Conduta;

- Anotações, em forma de textos, das reuniões realizadas para a formulação do Projeto Floresce uma Vida;

- Fluxo das Declarações de Nascidos Vivos no município de Ribeirão Preto. Para efeitos operacionais, a coleta de dados foi realizada em três fases, conforme descrição que se segue.

Fase 1 – Entrevistas com os profissionais responsáveis pela coordenação do

Floresce uma Vida no nível central da SMS: médico coordenador do Programa de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente do município e enfermeiro responsável técnico pelo Projeto, seguindo o roteiro contendo dados de identificação, atuação no Programa, objetivos, metas, recursos humanos e funcionamento do mesmo (Apêndice 3).

Incluímos também, nesta etapa, uma entrevista com a enfermeira do setor de informática e de estatísticas vitais da SMS, devido a sua participação ativa na concepção e coordenação do Floresce até aproximadamente um ano após a sua implantação nos hospitais, representando, portanto, a memória viva do Projeto, especialmente nas transformações ocorridas ao longo de seus 12 anos de existência.

Fase 2 – Coleta de dados nas maternidades por meio de entrevista e observação

não participante do trabalho das auxiliares de enfermagem da SMS, durante o desenvolvimento de suas atividades nas maternidades. As entrevistas com essas auxiliares de enfermagem tiveram por base um roteiro com questões norteadoras acerca do desenvolvimento das atividades por elas realizadas, tais como orientações, cadastramento de RN no Sistema Hygia e agendamento de consultas, contato com os serviços de saúde e os setores articulados ao projeto (Apêndice 4). As observações ocorreram durante dois turnos completos de trabalho (6 horas/dia) em cada um dos três hospitais, totalizando seis períodos de observação. Assim sendo, as observações 1A e 1B dizem respeito ao trabalho da auxiliar de enfermagem da SMS alocada no Hospital 1 (H1), as observações 2A e 2B à do Hospital 2 (H2) e as observações 3A e 3B referem-se às atividades da auxiliar de enfermagem no Hospital 3 (H3). No roteiro de observação (Apêndice 5) constam dados acerca dos recursos humanos da SMS alocados na maternidade, atividades e procedimentos realizados, recursos e materiais utilizados, registros e sistemas de informação/comunicação, relacionamento com outros profissionais e clientela, período do agendamento das consultas de puericultura, registros e documentos entregues às mães, controles de informações e preenchimento do cartão da criança. As orientações e atividades desenvolvidas pelas auxiliares de enfermagem da SMS foram assinaladas no check list. Registramos ainda, os números médios de agendamentos mensais de consultas médicas de puericultura, com a enfermeira do NSF e no ambulatório de estimulação precoce, tendo por base as informações fornecidas pelas entrevistadas. Ao final da observação não participante, descrevemos em um diário de campo nossas impressões acerca do processo de trabalho.

Ressaltamos que na coleta desses dados, observamos apenas as atividades das três auxiliares de enfermagem da SMS, não acompanhando as estagiárias, por serem estas, elementos flutuantes na equipe do Floresce uma Vida. Tais estagiárias são

estudantes de cursos superiores que substituem as funcionárias em suas folgas e férias nos finais de semana.

Fase 3 – Entrevistas com os profissionais de saúde que realizam os atendimentos

aos RN após a alta hospitalar. No roteiro de entrevista com os enfermeiros e médicos responsáveis pelos NSF (Apêndice 6), incluímos dados de identificação, atuação do serviço e do profissional no Floresce, comunicação entre o hospital e o NSF, benefícios dessa articulação e do Projeto para a criança e avaliação. Registramos ainda, no roteiro da entrevista, algumas estatísticas mensais do trabalho das funcionárias e dos agendamentos. A entrevista com os fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeuta ocupacional, responsáveis pelos setores e serviços que se articulam com Projeto Floresce uma Vida, entre eles o Serviço de Estimulação Precoce e o NADEF, também teve direcionamento semelhante, além de aspectos relacionados aos agendamentos (média mensal, assiduidade da clientela, busca ativa dos faltosos e tempo médio de acompanhamento), conforme consta do Apêndice 7.

Sintetizando, foram realizadas entrevistas com os seguintes profissionais:

o 1 médico - coordenador do Programa de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente do município;

o 1 enfermeiro - responsável técnico pelo Projeto Floresce uma Vida;

o 1 enfermeira responsável pelo SIM e SINASC e que participou da concepção do Projeto e foi responsável por ele por aproximadamente um ano;

o 3 auxiliares de enfermagem que atuam nas três maternidades conveniadas ao SUS;

o 2 enfermeiros e 2 médicos responsáveis pelos NSF;

o 2 fisioterapeutas e 2 fonoaudiólogos e 1 terapeuta ocupacional responsáveis pelos setores e serviços que se articulam com Projeto Floresce uma Vida, entre eles o Serviço de Estimulação Precoce e Núcleo de Atenção ao Deficiente.

Todas as entrevistas foram agendadas previamente com os sujeitos, permitindo- se a gravação e tiveram duração média de 30 minutos.

Toda a coleta de dados foi realizada pela pesquisadora, no período de maio a julho de 2007.