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A COLIGAÇÃO BRASIL ACIMA DE TUDO, DEUS ACIMA DE TODOS (PSL/PRTB) registrou a candidatura do deputado federal de

com sinalização de prática criminosa. É como voto

AO EGRÉGIO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

1. A COLIGAÇÃO BRASIL ACIMA DE TUDO, DEUS ACIMA DE TODOS (PSL/PRTB) registrou a candidatura do deputado federal de

Jair Messias Bolsonaro à Presidência da República nas eleições de 2018 no dia 14 de agosto, tendo a chapa como vice o General Mourão do PRTB, conforme o Processo n.º 0600866-23.2018.6.00.0000, cujo relator é o Exmo. Sr. Dr. Min. Napoleão Nunes Maia Filho.

2. Como é de conhecimento geral, o parlamentar é réu em ação penal perante o Supremo Tribunal Federal (STF) por suposto crime de apologia ao estupro e injúria. Isto porque, em 2014, o candidato afirmou que não estupraria a deputada

deste episódio, a Corte abriu, em 2016, a pedido da Procuradoria Geral da República, ação penal contra o deputado. É o que pode ser comprovado em consulta ao portal do STF através das APs 1007 e 1008, respectivamente correspondentes aos processos de numeração única 0001120-04.2014.1.00.0000 e 0001076-82.2014.1.00.0000, ambos da relatoria do Exmo. Sr. Dr. Min. Luiz Fux.

3. Acontece que réus em ação penal NÃO podem ser candidatos à Presidência da República! Pois, como é cediço, o artigo 86 da Constituição Federal prevê que o presidente ficará suspenso de suas funções, "nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal", de modo que, com força neste entendimento, nenhum réu em ação penal pode ter o registro de sua candidatura aceito.

4. Há que se lembrar de que, em fevereiro de 2017, o STF decidiu que réus na linha sucessória da Presidência da República estão impedidos de substituir o presidente, motivo pelo qual o então presidente do Senado Renan Calheiros foi afastado da linha sucessória de Michel Temer. Tratou-se, pois da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n.º 402, movida pelo partido político Rede Sustentabilidade.

5. Ora, sendo o candidato réu numa ação penal, indaga-se como poderá o mesmo exercer a função de Presidente da República?

6. Ficará o seu processo imediatamente suspenso caso ele venha a ser eleito e tome posse?

7. Ou poderá o mesmo tomar posse do cargo, assumindo o vice até que o STF julgue a ação contra ele movida?

8. Será que o Brasil merece mais um momento de instabilidade política em sua triste História?

de presidente pois, na hipótese de vir a ser eleito, não poderá exercer a função de responder pelo Poder Executivo, precisando, portanto, ser indeferida desde já a sua candidatura.

10. Sendo assim, considerando os fatos acima expostos, o requerente, com fundamento no que dispõe o art. 97, parágrafo 3º do Código Eleitoral, apresenta a presente REPRESENTAÇÃO ELEITORAL a fim de que seja indeferida a candidatura do deputado Jair Bolsonaro a presidente da República nas eleições de 2018, visto ser ele réu em ação penal perante o STF.

Termos em que, P. deferimento.

Mangaratiba, 15 de agosto de 2018.

Rodrigo Phanardzis Ancora da Luz OAB/RJ n.º 130.647

EXMO. SR. DR. MINISTRO RELATOR DO EGRÉGIO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

Processo n.º 0600906-05.2018.6.00.0000

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, atuando em causa própria, atentando para a necessidade de fins de justificação da tutela de urgência e da comprovação exigida pelo art. 97, parágrafo 3º, do Código Eleitoral, vem ADITAR a sua petição inicial e informar que as duas ações em que o representado JAIR MESSIAS BOLSONARO responde perante ao Eg. STF podem ser acessadas pelos respectivos links:

- AP 1007:

http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoDetalhe.asp?incidente=5180670

- AP 1008:

http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoDetalhe.asp?incidente=5190351

Embora o representado não tenha sido condenado nessas ações, em que pese o princípio da presunção de inocência, este deve ser relativizado quando se está em voga o interesse da coletividade, mormente quando se trata do mais elevado cargo em nossa nação que é ser eleito presidente da República.

Busca-se, assim, proteger o direito do povo - que já sofreu com o impeachment de uma presidente por conta de suas "pedaladas" e assistiu à apreciação de duas denúncias contra o atual governante.

É no mínimo imoral aceitar como candidato a presidente da República alguém que, integrando a Câmara dos Deputados, disse para a sua colega do Parlamento que não a estupraria porque ela "não merece". Pois um indivíduo que optou por praticar ato tão absurdo e que choca à sociedade pela sua truculência e desrespeito, é possível verificar que existe um perigo real de dano à coletividade caso venha concorrer ao cargo e ser eleito.

Ora, no julgamento da famosa ADPF 402, o Supremo entendeu que os detentores de tais cargos não podem assumir a Presidência da República, em caso de vacância, se ostentarem a posição de réus em ação penal em trâmite no STF.

“O cargo de Presidente da República que ostenta a tríplice condição de Chefe de Estado, de Governo e da Administração Pública Federal – é obtido por voto popular direto, o que lhe confere qualificação

especialíssima de estabilidade, sendo substituído, se for o caso, pelo Vice-Presidente, também eleito pelo voto popular. Não há como equipará-lo, portanto, com o cargo de Presidente da Câmara dos Deputados, escolhidos por eleição interna de seus pares, que apenas esporádica e temporariamente, por substituição, a Presidência da República. O Presidente da Câmara, dada a natureza e forma de indicação para esse cargo, fica sujeito, sem maiores percalços, a dele ser removido e substituído em nova eleição interna, caso deixe de atender aos requisitos indispensáveis ao seu exercício (...). A solução constitucional é outra: caso tenha contra si recebida denúncia ou queixa-crime, como aqui ocorreu, deixe ele de ostentar condição

indispensável para assumir, em substituição, o cargo de Presidente da República. (...)

Receio o amanha, acaso prevaleça a visão acomodadora, dando-se o certo por errado, o dito pelo não dito, o abandono total do princípio básico constitucional segundo o qual o réu em processo-crime da

competência originaria do Supremo não pode ocupar cargo na linha de substituição do Presidente da República, seja de Presidente da Câmara – como já foi proclamado, a uma só voz, na ação cautelar nº. 4.070/DF, em liminar cumprida e confirmada do ministro Teori Zavascki -, seja do Senado ou mesmo do Supremo.

(...)

A constituição é uma, sendo a Lei Maior do povo brasileiro, a todos submetendo indistintamente. Apanha a situação do Presidente do Senado como apanhou a do Presidente da Câmara. Fora isso é distinguir sem fundamento fático, sem fundamento socialmente aceitável, sem fundamento constitucional. É reescrever casuisticamente a constituição Federal fazendo-o em benefício de certo réu, hoje a presidir o Senado da República e o Congresso nacional, guardando a condição de, a qualquer momento, ausente o Presidente da República, o da Câmara, tomar assento como Chefe de Governo, Chefe de Estado, em verdadeiro deboche institucional (...)”.

Acrescentou o Exmo. Sr. Dr. Ministro Dias Toffoli em seu voto que:

“(...) Com efeito, não discordo da compreensão de que a previsão de suspensão do presidente da República de suas funções (art. 86, § 1º, da Constituição Federal) encontra, de fato, fundamento na moralidade pública e no princípio republicano, revelando o intuito de preservar a dignidade de relevante função pública ante o recebimento de ação penal pelo STF (...)”

De acordo com os artigos 300 e seguintes do CPC, cabe a concessão da tutela de urgência pelo Poder Judiciário quando houver probabilidade do direito que se pleiteia e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

A probabilidade do direito que se funda a presente ação pode ser verificada com a aplicação subsidiária da posição jurídica adotada pelo Supremo Tribunal Federal na ADPF 402.

Já o perigo de dano consubstancia-se na gravidade dos fatos imputados ao Réu na Ação Penal em curso perante o STF, ainda sob instrução, mas que refletem o risco de lesão à coletividade na hipótese do representado vir a concorrer ao cargo de Presidente da República e ainda ser eleito.

Ante o exposto, requer que seja recebida a emenda à inicial, a apreciação do pedido de tutela de urgência e a intimação do Parquet Eleitoral tendo em vista o interesse público aqui tutelado.

Termos em que, P. deferimento.

Mangaratiba, 16 de agosto de 2018.

Rodrigo Phanardzis Ancora da Luz OAB/RJ n.º 130.647

EXMO. SR. DR. MINISTRO RELATOR DO EGRÉGIO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

Processo n.º 0600906-05.2018.6.00.0000

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, atuando em causa própria, atentando para a necessidade de fins de justificação da tutela de urgência e da comprovação exigida pelo art. 97, parágrafo 3º, do Código Eleitoral, vem ADITAR a sua petição inicial e informar que as duas ações em que o representado JAIR MESSIAS BOLSONARO responde perante ao Eg. STF podem ser acessadas pelos respectivos links:

- AP 1007: http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoDetalhe.asp?inci dente=5180670 - AP 1008: http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoDetalhe.asp?inci dente=5190351

Embora o representado não tenha sido condenado nessas ações, em que pese o princípio da presunção de inocência, este deve ser relativizado quando se está em voga o interesse da coletividade, mormente quando se trata do mais elevado cargo em nossa nação que é ser eleito presidente da República.

É no mínimo imoral aceitar como candidato a presidente da República alguém que, integrando a Câmara dos Deputados, disse para a sua colega do Parlamento que não a estupraria porque ela "não merece". Pois um indivíduo que optou por praticar ato tão absurdo e que choca à sociedade pela sua truculência e desrespeito, é possível verificar que existe um perigo real de dano à coletividade caso venha concorrer ao cargo e ser eleito.

Ora, no julgamento da famosa ADPF 402, o Supremo entendeu que os detentores de tais cargos não podem assumir a Presidência da República, em caso de vacância, se ostentarem a posição de réus em ação penal em trâmite no STF.

Entendeu o Exmo. Sr. Dr. Ministro Marco Aurélio, relator, que:

“O cargo de Presidente da República que ostenta a tríplice condição de Chefe de Estado, de Governo e

da Administração Pública Federal – é obtido por voto

popular direto, o que lhe confere qualificação especialíssima de estabilidade, sendo substituído, se for o caso, pelo Vice-Presidente, também eleito pelo voto popular. Não há como equipará-lo, portanto, com o cargo de Presidente da Câmara dos Deputados, escolhidos por eleição interna de seus pares, que

apenas esporádica e temporariamente, por

substituição, a Presidência da República. O Presidente da Câmara, dada a natureza e forma de indicação para esse cargo, fica sujeito, sem maiores percalços, a dele ser removido e substituído em nova eleição interna, caso deixe de atender aos requisitos indispensáveis ao seu exercício (...). A solução constitucional é outra: caso tenha contra si recebida denúncia ou queixa-crime, como aqui

(...)

Receio o amanha, acaso prevaleça a visão acomodadora, dando-se o certo por errado, o dito pelo não dito, o abandono total do princípio básico constitucional segundo o qual o réu em processo-crime da competência originaria do Supremo não pode ocupar cargo na linha de substituição do Presidente da República, seja de

Presidente da Câmara – como já foi proclamado, a uma

só voz, na ação cautelar nº. 4.070/DF, em liminar cumprida e confirmada do ministro Teori Zavascki -, seja do Senado ou mesmo do Supremo.

(...)

A constituição é uma, sendo a Lei Maior do povo brasileiro, a todos submetendo indistintamente. Apanha a situação do Presidente do Senado como apanhou a do Presidente da Câmara. Fora isso é distinguir sem fundamento fático, sem fundamento

socialmente aceitável, sem fundamento

constitucional. É reescrever casuisticamente a constituição Federal fazendo-o em benefício de certo réu, hoje a presidir o Senado da República e o Congresso nacional, guardando a condição de, a qualquer momento, ausente o Presidente da República, o da Câmara, tomar assento como Chefe de Governo, Chefe de Estado, em verdadeiro deboche institucional

(...)”.

Acrescentou o Exmo. Sr. Dr. Ministro Dias Toffoli em seu voto que:

de suas funções (art. 86, § 1º, da Constituição Federal) encontra, de fato, fundamento na moralidade pública e no princípio republicano, revelando o intuito de preservar a dignidade de relevante função pública ante o recebimento de ação penal pelo STF

(...)”

O mesmo ocorre com quem é também candidato ao cargo pois o fato do representado ser réu perante o STF o impede de exercer a função de Presidente da República.

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