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3.8 USO DA ANÁLISE DE IMAGEM NA CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA

3.10.1 Colorimetria

Devido às diferenças na composição dos componentes da madeira, a cor varia entre diferentes espécies, entre diferentes árvores da mesma espécie e, até mesmo, dentro da mesma árvore (MÖTTÖNEN, 2005; NISHINO et al., 1998). Esta mudança na cor está relacionada à decomposição da lignina nas células da superfície da madeira, um fenômeno que ocorre apenas na superfície (0,05-2,5mm), e é resultado da incidência da luz ultravioleta que inicia a fotodegradação (FEIST; HON, 1984).

A madeira é um material heterogêneo, resultado de sua composição química e anatômica. Essa combinação durante o desenvolvimento da planta resulta em uma grande variabilidade de cores apresentadas na madeira formada. Essas cores dependem dos componentes químicos da madeira que interagem com a luz (HON; MINEMURA, 2001). Os componentes orgânicos da madeira são, principalmente, os polissacarídeos (celulose, hemicelulose) e os polifenóis (lignina). Os extrativos também estão presentes, contudo em quantidades relativamente menores e sua concentração determina a cor, o odor e outras

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propriedades não mecânicas da madeira (FEIST; HON, 1984; PANSHIN; DE ZEEUW, 1980; UMEZAWA, 2001).

Com a crescente demanda do mercado na busca de um produto de melhor qualidade, surgiu a necessidade de medição do estado de superfície para alguns materiais, dentre estes a madeira. Neste contexto, a colorimetria se apresenta como uma das metodologias para a análise de superfícies de madeira (NISHINO et al., 1998; SIQUEIRA et al., 2003).

A colorimetria descreve cada elemento da composição de uma cor, por meio de aparelhos apropriados. Esta metodologia de análise de cor é usada em diferentes sistemas de produção fabril, como, por exemplo, indústrias têxteis, automotivas, químicas e plásticas. Um dos sistemas mais utilizados para medição de cores é o CIELAB (Comissão Internacional de Iluminantes), que é sintetizado através dos parâmetros colorimétricos: luminosidade (L*), coordenada do eixo vermelho-verde (a*), coordenada do eixo azul- amarelo (b*), saturação (C) e ângulo de tinta (h*) (CAMARGOS; GONÇALEZ, 2001).

Figura 3.3 - Coordenadas do Sistema CIELAB.

O espaço L*, a*, b* utiliza os três eixos:

L*: eixo da luminosidade, variação do mais escuro (0) para o mais claro (100); a*: eixo da variação de cores de verde (-a) para o vermelho (+a);

b*: eixo da variação do azul (-b) para o amarelo (+b).

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Figura 3.4 - Coordenadas para a comparação de cores.

Esse espaço, juntamente com o L*, a*, b*, são ferramentas poderosas de análise e comparação de cores. O espaço L*,C, h* utiliza três coordenadas:

L*: Luminosidade é a mesma coordenada do espaço L*, a*, b*.

C: Saturação é a distância radial entre a localização da cor e o centro do espaço, e está

diretamente ligada com a concentração do corante ou pigmento.

h*: Tonalidade, o ângulo define a cor em si.

Camargos e Gonçalez (2001) relatam que a cor é uma das características mais importantes para a identificação e indicação de usos de espécies de madeira, principalmente quando associada aos aspectos de textura e desenho. A cor pode ser alterada pelo teor de umidade, pela temperatura, pelas degradações provocadas pelo ataque de organismos xilófagos ou, ainda, pelas reações fotoquímicas dos componentes químicos presentes em sua estrutura. A homogeneidade da cor da madeira em um lote a ser utilizado industrialmente é um quesito básico de qualidade, uma vez que refletirá na homogeneidade dos produtos resultantes de seu beneficiamento. Com isso, torna-se clara a necessidade da determinação da cor da madeira e sua variabilidade como instrumento de tomada de decisão sobre a sua utilização como matéria-prima de um segmento industrial que deve sempre atentar para o valor estético de seus produtos (ABRAHÃO, 2005).

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A análise final da cor de qualquer produto lhe garante um padrão de qualidade de mercado exigido mundialmente. Ela é um dos componentes da estética, que se associa à superfície e ao desenho de uma peça de madeira. Por essa razão, esta propriedade deve ser incorporada ao planejamento visando à caracterização tecnológica da madeira, para atender aos usos mais nobres deste material (MORI et al., 2005).

A idade da madeira e da árvore também são fatores que influenciam a cor natural deste material, assim como os tratos silviculturais e o tipo de solo onde se desenvolveu a planta (SOTELO MONTES et al., 2008).

Aguilar-Tovar et al. (2009) estudaram a variação da cor da madeira de Vochysia

guatemalensis crescida em plantio, não-seca e seca em estufa, por meio da colorimetria e

encontraram correlação negativa entre as coordenadas cromáticas, nas diferentes amostras, indicando que esta ferramenta é útil para determinar diferentes lotes de madeira de acordo com o programa de secagem.

Gonçalez et al. (2009) avaliaram a influência do sítio nas propriedades da madeira de

Pinus caribaea var. hondurensis, e relataram que na avaliação dos parâmetros

colorimétricos, a influência do sítio é marcante na cor da madeira desta espécie, assim como na qualidade da madeira.

Gonçalez et al. (2010) avaliaram o efeito da radiação ultravioleta na cor da madeira de freijó (Cordia goeldiana) após receber produtos de acabamentos e relataram que o uso da colorimetria é uma ferramenta importante para monitorar o processo de fotodegradação da madeira.

Costa et al. (2011) em seu estudo sobre fotodegradação de duas espécies de madeiras tropicais jatobá (Hymenaea courbaril) e tauari (Couratari oblongifolia), submetidas à radiação ultravioleta, quantificaram a mudança de cor natural das madeiras utilizando o sistema CIELAB, e com o uso da colorimetria puderam verificar como a fotodegradação agiu nas duas espécies.

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Atayde et al. (2011) avaliaram as características colorimétricas entre as seções anatômicas da madeira de muirapiranga (Brosimum sp.) através dos parâmetros colorimétricos (L*, a*, b*, C, h*), e observaram diferenças significativas na cor, entre as três seções estudadas, indicando o uso do sistema CIELAB como excelente ferramenta para caracterizar e diferenciar de forma eficaz as tonalidades entre as seções da madeira.

Prates et al. (2011) em sua avaliação da fotodegradação do bambu (Dendrocalamus

giganteus Munro) após aplicação de radiação ultravioleta artificial, utilizando a técnica de

colorimetria, verificaram que o parâmetro da claridade aumentou com o tempo de exposição à radiação ultravioleta, ou seja, o bambu ficou mais claro com a incidência da luz, ao contrário do que acontece com a maioria das madeiras.