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2.7 OS TEXTOS JORNALÍSTICOS

2.7.2 A coluna Caderno de Esportes

Sempre leio primeiro a página de esportes, que registra os triunfos das pessoas. A primeira página não me diz nada além dos fracassos do homem.

Earl Warren

Inicia-se este tópico com a citação de Earl Warren, importante jurista americano, considerado um dos mais importantes líderes políticos de sua categoria. No trecho posto em evidência ele deixa a sua impressão a respeito da vida, usando como ponto de partida a noção de satisfação que, em muitos contextos cotidianos, o esporte pode proporcionar. Dada a condição de esporte nacional, esporte das massas atrelada ao futebol, a coluna Caderno de Esportes mostra-se como um dos cadernos mais lidos em todos os jornais.

Além de oferecer especificidade em seu conteúdo, informações técnicas, o Caderno de Esportes aborda assuntos relacionados à política (dos clubes nacionais e internacionais, principalmente sob o viés administrativo e econômico), marketing esportivo, negociações entre empresas e confederações, disputas mercadológicas pelas principais competições, negociações entre clubes e as redes de televisão para transmissão de eventos esportivos, discussões sobre exploração da imagem de atletas e demais agentes do esporte e divulgação da exploração de novos ramos empresariais no setor esportivo, “[...] retratando o esporte como espetáculo de magnitude mercadológica” (FOLHA ON-LINE, 2011), o mesmo ocorre em sua versão digital, dados comprovados pelas notícias do corpus de estudo desta tese.

Dentre as principais características dos jornais dos quais os textos foram coletados, em relação ao Caderno de Esportes, tem-se a diagramação de cada

caderno que varia significativamente (algo entre 8 e 10 páginas), dependendo do dia da semana, podendo duplicar o número de páginas aos domingos (16 páginas). A ênfase das notícias é dada ao futebol, com destaque para as equipes locais (regionais), assim como informes acerca da Seleção Brasileira, além do espaço destinado aos campeonatos estrangeiros. Os demais esportes, embora com espaço limitado, também têm cobertura diária. Há também um espaço dedicado às tabelas de classificação e aos resultados das partidas nacionais e internacionais, além da programação esportiva televisionada – sempre com ênfase no futebol.

Todos os cinco jornais-fonte da coleta intitulam os seus cadernos de Esportes.

3 DICIONÁRIO FRASEOLÓGICO

De acordo com Biderman (1998, p. 129), “os dicionários constituem uma organização sistemática do léxico, uma espécie de tentativa de descrição do léxico de uma língua”. No entanto, conforme aponta Strehler (1998, p. 169), a descrição a que se refere a primeira autora, “[...] nunca pode ser completa porque o vocabulário é uma classe aberta, isto é, uma vez impresso o dicionário, já podem existir neologismos. Além disso, conforme esse autor, a cada tipo de dicionário se fixam objetivos diferentes em relação às entradas selecionadas e ao público a que é destinado.

É frequentemente complexo estabelecer a classificação das obras lexicográficas dentro de uma tipologia rígida porque são muitos os elementos que entram na composição de um dicionário para que ele seja classificado apenas como um tipo de obra. O Dicionário gramatical de verbos (BORBA, 1990), por exemplo, é um dicionário monolíngue, semasiológico, sincrônico e especial ao mesmo tempo e a classificação em tipos e subtipos dependerá, portanto, do enfoque adotado pelo lexicógrafo. Considerando o tipo de nomenclatura selecionada, têm-se dicionários de língua geral, dicionários terminológicos ou de especialidade e dicionários especiais (analógico, ideológico, histórico, etimológico, fraseológico, de frequência, de sinônimos e antônimos, de falsos cognatos, de regência verbal, de regência nominal, de neologismos).

Importante é saber que a distinção entre dicionário analógico e ideológico não é consensual para grande parte dos lexicógrafos, porém acata-se a esse respeito as definições de Haensch et al. (1982): “O dicionário analógico apresenta uma seleção de conceitos organizados alfabeticamente e divididos em campos semânticos” (HAENSCH et al. 1982, p. 22), enquanto os dicionários ideológicos são aqueles que possuem sistemas de conceitos não organizados alfabeticamente.

Considerando o tratamento dado aos fraseologismos nos dicionários de língua geral, percebe-se que não há uma sistematização quanto à lematização

dessas estruturas, uma vez que elas estão listadas, na sua maioria, como sub- entradas, como bem informa Pontes (2010, p.12) “[...] mais precisamente, localiza-se, em geral, hierarquicamente abaixo da palavra-entrada, após as acepções da entrada principal”, o que gera outro problema, uma vez que os autores não uniformizam a definição das sub-entradas. Enquanto uns preferem a base do sintagma como descritor para iniciar a definição, outros preferem distinguir para cada sub-entrada um tipo de descritor para a definição. Há ainda dicionários que trazem um grande número de fraseologia, de tipos variados, como é o caso de Ferreira (2010); outros, porém, como o de Rocha (2010) apresentam poucos exemplos dessas estruturas.

Como uma forma de suprir as lacunas referentes à lematização e aos contextos de usos das unidades fraseológicas tratadas em dicionários, é que se tem percebido uma atenção maior dos pesquisadores dessa área e uma gama de trabalhos tem surgido há alguns anos como será visto no tópico a seguir.

Segundo Boutin-Quesnel (1985), o dicionário especial é um dicionário de língua que descreve as unidades lexicais selecionadas por algumas de suas características. Para Boulanger (1995), nos dicionários especiais, a seleção das unidades registradas é feita com base em uma ou duas características específicas, no plano funcional ou semântico, sendo que suas informações são sempre do mesmo tipo.

No que concerne a um Dicionário Fraseológico (DF) da língua comum, o tipo de obra que tratará dos provérbios, das expressões idiomáticas, das gírias, da linguagem erótico-obscena, das injúrias, xingamentos e blasfêmias, das expressões interjetivas, é preciso, primeiramente, dar conta de uma literatura especializada riquíssima e abundante no que diz respeito a alguns temas, como o dos provérbios, por exemplo, ou se dispor a partir de um arcabouço teórico incipiente, como é o caso das blasfêmias. É preciso, em seguida, decidir entre inventariar o maior número possível de fraseologismos, ou descrevê-los mais minuciosamente. Assim, ter-se-á ou um dicionário que traz um grande acervo daquele determinado tipo de unidade lexical e, se bilíngue, “apenas” acompanhado de propostas de equivalência, ou um dicionário de menores proporções quanto ao número de entradas, mas podendo apresentar

contextualizações das unidades lexicais levantadas. É preciso, em terceiro lugar, definir quais as fontes a serem utilizadas: se documentais, com base em bancos de textos; ou se secundárias, com base em uma grande coletânea de outros dicionários. Aqui observa-se que enquanto o inconveniente de uma fonte documental é o fato de haver necessidade de um número muitíssimo grande de ocorrências em um banco de textos, suficientemente abrangente para que dele se extraíam os fraseologismos representativos de uma comunidade linguística, o inconveniente das fontes secundárias é, muitas vezes, a não marcação da frequência do uso de determinados fraseologismos, sobretudo quando se trata de dicionários bilíngues (DBs).

Isso posto, é possível certificar-se de que os fraseologismos não se esgotam em um, três ou dez dicionários. Especialmente em se tratando de Língua Portuguesa e, ainda mais, em Língua Portuguesa do Brasil em contraste com qualquer ou quaisquer língua estrangeira, pois há uma grande lacuna a ser preenchida por esses dicionários especiais, que abordem mais detalhada e completamente diversos tipos de unidades fraseológicas, revelando diferentes tipos de dificuldades para o usuário comum, para o tradutor ou para o aprendiz e o professor, uma vez que o ensino/aprendizagem de língua estrangeira tem sofrido modificações que devem ser assimiladas, como a utilização da tecnologia em sala de aula, a disponibilização de grande quantidade de dados na Web, o crescente número de dicionários on-line.

Além disso, os dados a serem trabalhados são muito volumosos, pois a linguagem fraseológica brasileira é riquíssima e amplamente presente na linguagem coloquial, e as opções estruturais adotadas para se apresentarem os dados fraseológicos coletados são também diversificadas, com enfoques e desdobramentos completamente novos. Considerando essas dificuldades, acredita-se que a elaboração de um dicionário de fraseologismos do futebol seja pertinente uma vez que acrescenta informações à Fraseologia em geral e enriquece, ainda mais, a Lexicografia/Fraseografia brasileira.

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