• Nenhum resultado encontrado

TITLE PAGE

6. COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES

Ser médica sempre foi um sonho, cultivado por mim desde a infância. Iniciei o curso de Medicina dizendo que seria dermatologista, porém quando vivenciei a disciplina de Ginecologia e Obstetrícia no 8º período, me apaixonei perdidamente pelo universo gestacional e pela Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), que hoje considero minha segunda casa. Resolvida esta questão, fiz minha Residência Médica na MEJC/UFRN, que nessa época era de apenas dois anos. Fazendo jus a esse amor pela Obstetrícia, fiz mais um ano de especialização em Patologia Obstétrica (onde estudei só gestação de Alto Risco/Medicina Fetal). Nesse mesmo ano, fiz concurso para Prefeitura Municipal de Natal e prova para obtenção de Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia e fui aprovada na primeira tentativa, ficando bastante satisfeita.

É na Obstetrícia que tenho minha realização profissional, e graças a Deus contamos mais sucessos que infortúnios. Somado a esse amor pela Medicina, existe outro amor, não menos intenso, a docência. Então posso dizer que sou uma privilegiada em juntar minhas duas grandes paixões profissionais ao mesmo tempo (ensinar Obstetrícia!!). Quando apareceu a oportunidade de uma pós-graduação nessa área, não hesitei nem por um momento. Comecei a cursar algumas disciplinas ainda como aluna especial. Assim que foi possível, me inscrevi, fui selecionada e cursei com muito prazer, pois sempre gostei de estudo-ensino, e esse foi o impulso para meu retorno aos bancos das salas de aulas. Senti a necessidade de ingressar no Mestrado a fim de melhorar o meu desempenho como professora. Parti então para uma difícil missão: encontrar o professor que tivesse disponibilidade para me orientar... Foram muitos “NÃOS” ... Acho que 5, no total... Quando já estava sem nenhuma esperança, veio o aceite por parte da Dra. Ana Katherine, fato este que me emociona até hoje e foi dela a ideia dos temas a serem pesquisados. Organizamos todo o projeto, que foi submetido à Plataforma Brasil e aceito no Programa de Pós- Graduação em Ciências da Saúde - PPGCSa. O início do trabalho foi bem difícil: aprender a abordar as pacientes sobre um assunto diferente e de certa forma delicado para elas, aprender a forma correta de aplicar os questionários, obter o material e a identificar as alterações. Alguns dos nossos primeiros esfregaços foram inadequados por dessecamento, por contaminação ou por escassez de material. A valiosa ajuda de Dr. Queiroz na revisão das lâminas e no ajuste desses critérios

diagnósticos foi fundamental para seguimos em frente. Como não agradecer também ao prof. Eudes Euler pela colaboração no estudo estatístico (assunto este pelo qual não tenho qualquer apreço). O nosso ritmo foi modificado a fim de conseguirmos um número adequado de amostras. Aplicamos 225 questionários e fizemos 225 coletas de secreção vaginal, sendo 190 válidas, e então obtivemos resultados significativos. O programa de Mestrado Acadêmico do PPGCSa foi, ao meu ver, uma experiência muito válida; porém, foi extremamente difícil conciliar as atividades diárias com a carga horária das disciplinas e os horários de atendimento na MEJC. Planejar as mudanças devido às disciplinas diferentes a cada semestre era uma verdadeira “estratégia de guerra”. Por isso, sou imensamente grata à enfermeira Núbia Lima, minha companheira de todas as manhãs, que sempre “segurou as pontas” até que eu conseguisse chegar na nossa enfermaria.

Sofri com alguns acontecimentos no período de vigência do meu mestrado. Minha mãe (Angélica) descobriu que era portadora de um grande aneurisma vascular cerebral. Na ocasião deste diagnóstico, foi encontrado também um tumor localizado na região frontal do cérebro. Foram momentos de muita angústia para nós da família, até que as duas neurocirurgias tivessem obtido extremo êxito, com apenas um mês de diferença entre ambas. Mas eu estava lá ao seu lado... Com toda certeza, estaria... Tive que interromper por um tempo as coletas e questionários. Depois de passada a tormenta, engravidei do meu filho caçula, Marco Antônio. Momento de alegria imensa este!! Todavia, minha gestação complicou no 3º trimestre com diabetes gestacional e trabalho de parto prematuro, onde tive que forçadamente fazer repouso (interrompendo mais uma vez minhas coletas). No puerpério imediato, mais uma patologia importante – Miocardite Peri parto, situação pela qual fiquei em acompanhamento cardiológico por longos 7 meses. Ainda grávida, prestei praticamente sem direito de escolha concurso para a EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). Meu vínculo com a MEJC, lugar que tanto amo, seria desfeito, já que haveria mudança na governança de todos os Hospitais Universitários do nosso estado, inclusive a Maternidade. Fiz duas provas, pois não sabia se seria aprovada para o local de minha escolha. Passei em primeiro lugar no Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB) e em 11º lugar na MEJC. Foi a consagração de tanto esforço e estudo.

Muitos teriam desistido no meio do caminho. Acredito que foi para mim um estímulo e, sem dúvida um grande desafio. Cada etapa que concluía me fazia

pensar no que estaria por vir... O término deste mestrado me tornou uma pessoa mais forte, o gosto desta vitória irá perdurar por muito tempo, creio eu. Entretanto, o doutorado é minha próxima meta profissional. Espero contar com a brilhante assistência de Profª. Kate novamente, o que fez toda a diferença para mim. Espero que o nosso estudo terminado possa sensibilizar alguns colegas prenatalistas quanto à importância da valorização de queixas sexuais na gravidez e para a realização de coleta de secreção vaginal como procedimento de rotina, a fim de que seja estudada a microbiota genital feminina e a correlação desta com desfechos obstétricos desfavoráveis.

REFERÊNCIAS

1. Chang SR, Ho HN, Chen KH, Shyu MK, Huang LH, Lin WA. Depressive symptoms as a predictor of sexual function during pregnancy. J Sex Med. 2012; 9 (10):2582-9.

2. Carteiro DM, Sousa LM, Caldeira SM. Clinical indicators of sexual dysfunction in pregnant women: integrative literature review. Rev Bras Enferm. 2016; 69 (1):165- 173.

3. Prado DS, Lima RV, Lima LMMR. [Impact of pregnancy on female sexual function]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35 (5):205-9.

4. Yeniel AO, Petri E. Pregnancy, childbirth, and sexual function: perceptions and facts. Int Urogynecol J. 2014; 25 (1):5-14.

5. Cunningham FG, Leveno K J, Bloom SL. Williams Obstetrics. 23rd ed, McGraw- Hill, 2010.

6. Ribeiro MC, Nakamura MU, Torloni MR, Scanavino Mde T, Mancini PE, Forte BM, Mattar R. Maternal overweight and sexual function in pregnancy. Acta Obstet Gynecol Scand. 2016; 95 (1):45-51.

7. Yaylali GF, Tekekoglu S, Akin F. Sexual dysfunction in obese and overweight women. Int J Impot Res. 2010; 22 (4):220-6.

8. McDonald EA, Gartland D, Small R, Brown SJ. Frequency, severity and persistence of postnatal dyspareunia to 18 months postpartum: a cohort study. Midwifery. 2016; 34:15-20.

9. Thomas HN, Thurston RC. A biopsychosocial approach to women's sexual function and dysfunction at midlife: a narrative review. Maturitas. 2016; 87:49-60.

10. Ferreira DQ et al. Sexual function and quality of life of low-risk pregnant women. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. 2012 v. 34, n. 9, p. 409-413.

11. Brtnicka H, Weiss P, Zverina J. Human sexuality during pregnancy and the postpartum period. BratislLekListy. 2009;110 (7): 427-31.

12. Nobre PJ, Pinto-Gouveia J, Gomes FA. Prevalence and comorbidity of sexual dysfunctions in a Portuguese clinical sample. J Sex Marital Ther. 2006; 32 (2):173- 82.

13. Vieira TCB, Souza E, Nakamura MU, Mattar R. Sexuality in pregnancy: are Brazilian physicians prepared to conduct these questions? Rev Bras Ginecol Obstet. 2012; 34 (11):485-7.

14. Svare JA, Schmidt H, Hansen BB, Lose G. Bacterial vaginosis in a cohort of Danish pregnant women: prevalence and relationship with preterm delivery, low birthweight and perinatal infections. BJOG. 2006; 113 (12):1419-25.

15. Afolabi BB, Moses OE, Oduyebo OO. Bacterial Vaginosis and Pregnancy Outcome in Lagos, Nigeria. Open Forum Infect Dis. 2016; 3 (1): ofw 030.

16. Tibaldi C, Cappello N, Latino MA, Polarolo G, Masuelli G, Cavallo F et al. Maternal risk factors for abnormal vaginal flora during pregnancy. Int J Gynaecol Obstet. 2016;133(1):89-93.

17. Lamont RF, Sobel JD, Akins RA, Hassan SS, Chaiworapongsa T, Kusanovic JP, et al. The vaginal microbiome: new information about genital tract flora using molecular based techniques. BJOG. 2011;118 (5):533-49.

18. Lindsay KL, Walsh CA, Brennan L, McAuliffe FM. Probiotics in pregnancy and maternal outcomes: a systematic review. J Matern Fetal Neonatal Med. 2013;26(8):772-8.

19. Wiegel M, Meston C, Rosen R. The Female Sexual Function Index (FSFI): cross- validation and development of clinical cutoff scores. J Sex Marital Ther 2005; 31:1- 20.

20. Denney JM, Culhane JF. Bacterial vaginosis: a problematic infection from both a perinatal and neonatal perspective. Semin Fetal Neonatal Med. 2009;14 (4):200-3.

21. Sangkomkamhang US, Lumbiganon P, Prasertcharoensook W, Laopaiboon M. Antenatal lower genital tract infection screening and treatment programs for preventing preterm delivery. Cochrane Database Syst Rev. 2015;2:CD006178..

22. Koullali B, Oudijk MA, Nijman TA, Mol BW, Pajkrt E. Risk assessment and management to prevent preterm birth. Semin Fetal Neonatal Med. 2016; 21 (2):80-8.

23. Msuya SE, Uriyo J, Stray-Pedersen B, Sam NE, Mbizvo EM. The effectiveness of a syndromic approach in managing vaginal infections among pregnant women in northern Tanzania. East Afr J Public Health. 2009; 6 (3): 263-7.

24. Modak T, Arora P, Agnes C, Ray R, Goswami S, Ghosh P, et al. Diagnosis of bacterial vaginosis in cases of abnormal vaginal discharge: comparison of clinical and microbiological criteria. J Infect Dev Ctries. 2011;5 (5):353-60.

25. Nikolov A, Shopova E, Müseva A, Dimitrov A. Vaginal candida infection in the third trimester of pregnancy. Akush Ginekol. 2006; 45 (6):7-9.

26. Amsel R, Totten PA, Spiegel CA, Chen KC, Eschenbach D, et al. Nonspecific vaginitis. Diagnostic criteria and microbial and epidemiologic associations. The American journal of medicine. 1983; 74: 14–22.

27. Nugent RP, Krohn MA, Hillier SL (1991) Reliability of diagnosing bacterial vaginosis is improved by a standardized method of gram stain interpretation. J Clin Microbiol 29: 297–301.

28. Farr A, Kiss H, Holzer I, Husslein P, Hagmann M, Petricevic L. Effect of asymptomatic vaginal colonization with Candida albicans on pregnancy outcome. Acta Obstet Gynecol Scand. 2015; 94 (9):989-96.

29. Mann JR, McDermott S, Zhou L, Barnes TL, Hardin J. Treatment of trichomoniasis in pregnancy and preterm birth: an observational study. J Womens Health. 2009;18 (4):493-7.

30. van Schalkwyk J, Yudin MH, Allen V, Bouchard C, Boucher M, Boucoiran I et al. Vulvovaginitis: screening for and management of trichomoniasis, vulvovaginal candidiasis, and bacterial vaginosis. J Obstet Gynaecol Can. 2015;37 (3):266-76.

31. Lamont RF, Nhan-Chang CL, Sobel JD, Workowski K, Conde-Agudelo A, Romero R. Treatment of abnormal vaginal flora in early pregnancy with clindamycin for the prevention of spontaneous preterm birth: a systematic review and metaanalysis. Am J Obstet Gynecol. 2011; 205 (3):177-90.

32. Thinkhamrop J, Hofmeyr GJ, Adetoro O, Lumbiganon P, Ota E. Antibiotic prophylaxis during the second and third trimester to reduce adverse pregnancy outcomes and morbidity. Cochrane Database Syst Rev. 2015;6:CD002250.

Documentos relacionados